domingo, 19 de dezembro de 2010

Eleutério plexo...

Os dias vêm e vão
Em vão tateio seu nome
pelos escombros
A solidão vem e vai
Sem causar espantos
Destroços sem trecos
No relento me nego
Aos alentos repetecos

No boteco a menina faz
Renda de bilro no lero-lero
Percorro o rodoanel
Sentindo seu mel
Escorrer pelo corrimão
Em off ufos dançam
Na palma de sua mão
Ao som do reco-reco...

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Meu zen... Nada mal...

Meu real é irreal. Meu irreal é real. Carne em flor da pele q serve e bebe o lado zen da flor do mal... Meu paraíso é meu inferno. O meu inferno é um paraíso incerto, mas, qdo vem e me tem, é justamente qdo sei q me sinto em paz...

O sentido dos sentidos...

O sentido da vida sempre está a um passo de ser revelado, segundo a segundo, segundo cada instante em q se escuta o bater inquieto do coração...

Libertas quae sera tamen...

Devassa lua descasca a prata
Seduzida revela-se assanhada
Sem q ninguém venha a perceber
Pelas corriqueiras tramas
Sem apagar as chamas da mulher

Abraços sem amarras, em segredos
Despertam desejos odores de flores
Guloseimas em beijos doces
Despetalando o cio, fio por fio
Acesa clama em aceso pavio...

Passeamos vagabundos
Nossos mundos incertos. Dispersos
Lavamos a alma. Saciamos a sede
Até q o dia amanheça
A fome e a sede outra vez...

Asas de Pandora...

Cravam-se dedos
Mãos em costas
Mãos postas
Dispostas sobre o corpo

O mar sacode
No q encostas
Cresce enquanto despes
Crescente... Nascendo...

Repetimos ondas
Lascivos, em oceanos
Meu corpo beira teu mar
Batendo lá dentro...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Dores da rua...

Passava quarenta minutos da meia noite. Um casal escuro pela sujeira da rua arrastava um colchão de solteiro nas calçadas da cidade baixa. Alguns passos atrás, uma criança com pouco mais de cinco anos seguia sem vida e resignada, beirando os limites sombrios da última sombra q se projetava do enlouquecido casal.

Caminhavam sem rumo e sem ter as mãos dadas, o q dificultava a compreensão da criança. Um instante para cá. Logo em seguida para lá. Os dois esbravejam rancores sem dar conta das próprias dores. Queriam apenas encontrar um lugar onde pudessem sonhar.

Momentos depois despencaram como duas pedras suas perdas podres no abismo de uma realidade repleta de sobras. Cobertos pelas noticias e alguns trapos ocuparam o seu espaço à sombra da marquise. A princípio abraçados. Depois se deram as costas, com a criança soluçando entre eles.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Resposta sem postagem...

Incompleta, a alma desperta
Sem pressa abraça. Abriga
Na justa medida. Afaga
Suaves lampejos da fala, eu falo
Sem perceber deságua em meio
às brumas suaves. Fartas
Brisam desejos en tu besos
Ventos silentes de la luna
Vivas czardas, sua outra metade
Quiçá... Quiçá... Quiçá...

Rito de passagem...

O vento passa.
Dentro de mim
Repasso o tempo
E me reinvento.
Respiro o momento
Anis seios de lírios
Meu grito acerta
O meio do rio.
Um rito de passagem...

Blood in the rain...



Entre as folhagens o pássaro se protege da chuva.

Cada gota cachoeira em seu corpo sem, contudo,
lavar desgostos nem limpar desilusões.
Na mesma água tenta saciar a sede e sossegar a emoção.

Aonde ir se o amor é cego e não tem morada?
Do q sorrir, se o sol não lhe seca as asas?

Sonhos afogados em lágrimas.

Pássaro solitário longe da ninhada
Pássaro sem passárgada, de asas molhadas
Solto no tempo, a sentir seu canto se perder
sem o brilho lúdico q um dia despertou auroras

Pássaro... Pássaro... Pássaro...
Sem passado e cansado de tanta chuva
Sem vontade de fugir e sem amor para cantar

O inquieto bico aflito rebusca
sonhos de uma primavera q suas asas não verão.
Lembranças na neblina da paisagem
Protegido tão somente no q lhe resta de folhagem
À espera do tempo incerto de prosseguir viagem

Sem vontade de seguir. Preso a temporais...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Cristalina...

Saudades do q não vivi
Saudades, contudo
Do q sorrindo senti
Com tdo o q até hj sei...

Here come the sun...



Acordo e tomo um café. Debruçado na janela acendo o cigarro sem pensar em nada. No peito aberto trago o gosto margo q não cicatriza.

O horizonte continua distante. Ainda assim preparo minha partida com a alma repartida. Sem acreditar em rompantes. Sem pensar em romance

Calado apago o instante e o cigarro sem rebuscar os porquês. Fecho a porta e saio deixando a janela aberta.


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Osso caroço... Serpente Buñuel...



O mundo anda corcunda com tanta dialética e bundas cheias de bossas diarreicas. Um toque aqui, outro retoque ali,  mas ninguém preocupado em se limpar.

Faz-se festa até pelo q não presta. Até se exalta em samba a tentativa de retomada do território nacional. A  macacada enlouquecida aplaude e pede bis. Tropicália é o Haiti dançando funk. Tudo arrepia. Só não dá liga. Um bolero capenga de dois para lá e nenhum para cá.

O amor é cego. A justiça é cega. Só falta furar os olhos do ursinho blau blau...

Depois do cristo crucificaram a laranja. Melancias rebolam torto à esquerda. A liberdade é passaporte diplomático.

No carnaval é preciso manter o sorriso enfático. No camarote a vista engrossa ao ver sua fêmea passar atracada no pescoço suado da plebe. Já não comove o mate derramado.

“Ela me leva à loucura. Ela tem um sabor de aventura. Todos dizem: ela é demais...”

Para o bem da coletividade politicamente correta continuamos santos. Parafraseamos. Esperneamos. Escondemos as causas. Exploramos os danos. No final de cada ano, um tanto Nostradamus, nos damos às mãos e entoamos um lindo perdão pela falta de esperança.

- Ah! Mundo sem caroço!
Disse o homem na beira do poço. Perplexo com o próprio reflexo.

A moeda tem dois lados. A serpente duas cabeças.  Meninos armados até a múltipla potência tiram a tranqüilidade da nação.
De forma discreta a dama vive suas tramas e expõe seus dramas em álbuns e fantasias. Enquanto ela dança o mundo balança sua realidade absurdamente Buñuel.

 



Musica incidental: Meu Ursinho Blau Blau / Sérgio e Massadas

sábado, 4 de dezembro de 2010

Pela estrada afora...



Pela estrada afora seguia passageira de seus sonhos. Nem sempre precisava olhar pela janela para se sentir amada. Sabia mto bem o q havia por trás dos montes, e do qto seu pensamento subia cada vez mais alto nas escadarias de um calabouço cada vez mais iluminado.

Parte de si escondia segredos. A outra ardia tocando a pele umedecida de desejos.

A barca navegava em silêncio pela escuridão. O ventre preso por amarras q, apesar de seguras, não a impediam de sonhar. Queria mais. Cada vez mais. Queria ouvir as badaladas fortes dos sinos, em completo desatino.

Seu amor era cego e soprava loucuras nos ouvidos.

Não. Ela nunca iria cometer loucuras. O máximo a q se permitia, com extremada ousadia, era deixar se levar por temporais. Nada mais. Nada além de um desejo em se livrar do peso incômodo das roupas q usava, mas não lhe vestiam bem.

Protegida pela vidraça acenava para dentro de si mesma. Em seu íntimo queria o poder de parar o tempo com seus acenos. Parecia prender nas linhas da mão cada traço de um horizonte perdido n’algum ponto da estrada.

Jeannie sempre fora um gênio presa em sua invisível garrafa. Só q agora tinha no laptop o comando Enter e Stop.

Quando tulipas batiam palmas, a fêmea ganhava asas. Em cada ponto de parada retocava a maquiagem. Um café. Um guardanapo manchado de batom. Um anel e a lembrança das alianças.

A barca anunciou a partida. Mais uma vez ela se repartia. Dividida partia com o desejo preso em um arquivo oculto na memória do computador...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Linha da vida...


Bato em sua porta. Ninguém atende. Em q planeta ela se encontra agora? Será dá saltos no escuro de encontro ao muro ou voa no rastro de algum cometa?

Diluída em fumaças lunares de órbitas surpreendentes... Ommmmmmmmm

A carcaça de um brucutu atômico, em vão tenta abrir clareiras na floresta de seu universo lacônico. Não adianta o bem me quer, se o mal tbém me quer...

A tropa blindada sobe o morro do alemão. Será q um dia assume seus complexos sem nexu? Solipsista, ela dá voltas na pista soprando flautas com seu soprano de ave solista. Inquieta trapezista e seu circo ambulante em busca de platéia.

Na borda do barco, na beira do cais, nos rastros de vida deixados para trás.

Sai não sai. Vai não vai. O q fazer? O q falar? A quem pedir socorro seu moço? Todo dia bato em sua porta sem resposta. Todo dia ela tenta, mas o resultado é sempre igual. É tdo tão perto e distante em seu horizonte...

- Dá meia volta menina e faz a roda girar na ciranda. Vem sentir o prazer de adormecer sobre a mesa recheada de docinhos e carinhos. Mergulha sem medo. A vida pode ser um sonho sem segredos.

Na linha do equador a madrugada bêbada se equilibra. Enquanto passarinhos dormem, a floresta entra em festa. Entre um e outro resiste a linha tênue do alvoroço. Sem estardalhaço a vida traça os estragos q ainda não se vê...

 

Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), é caracterizado pela desregulação emocional, raciocínio extremista (inexistência do meio-termo) e relações caóticas. Pessoas acometidas possuem ataques súbitos de ansiedade, humor instável, assim como sensações de irrealidade e despersonalização. Tendência a um comportamento briguento acompanhado por impulsividade autodestrutiva, manipulação e chantagem, conduta suicida. Sentimentos crônicos de vazio e tédio.

A maioria dos estudos indica uma infância traumática de abusos, sobretudo sexual e emocional; separação dos pais, ou a soma de ambos. Muitas vezes são vistos como "rebeldes", "problemáticas" ou geniosas. O limítrofe é confundido com depressão ou transtorno afetivo bipolar.

Pelo fato dos sintomas eclodirem na adolescência, os familiares supõem se tratar de rebeldia própria da idade. Estima-se que 2% da população sofram desse transtorno.”


Fonte: Psicosite

sábado, 27 de novembro de 2010

Retrato calado... Polaroid speechless...



Noites de hotel. Farto de hotel escrevo nas paredes desse quarto, em noite de quarto de lua. Enquanto parte de mim se despe nas paredes, a outra metade olha a cidade pela janela sem pensar em nada. Abarrotado até a tampa, encho a xícara e aqueço a boca com as sobras do pó de café. Nada mais me causa desespero. Nem atropelos e nem as vontades do teu cheiro, qdo danças eriçando os pelos.

Ouço Lady Gaga desmanchar as cores desarrumadas na emoção. Não ter saída nem sempre é a saída. Mi lady não gagueja. Qdo bebe acende o pavio e rasteja por entre sussurros os gritos desarvorados de seu amor bandido. Como uma Lady Chatterley se perde na floresta de uma cidade baixa, a desejar q alguém faça morada em seus seios.

Os sinais de fumaça cobrem os céus. Nuvens esparsas não chovem, por isso não molham. Nenhum sinal de terra a vista. O horizonte parece q cada vez mais se afasta de mim, sumindo em algum ponto distante. A bela adormecida só enxerga o lobo mau. Nada mal para quem já atravessou tanto lamaçal. Na boca do lobo a cinderela dá seus pulos. O cachorro vira a lata sem medo do pulo da gata e nem dos tiros dado no escuro.

Os dados continuam a rolar. Agora correm ainda mais ligeiros. Olhos ainda encantados com a visita envelopada do Sir assistem atônitos o circo pegar fogo. Sem saber o q fazer cruzam as ruas sem ter para onde ir. O danado é q ninguém se lembra mais onde guardou a chave q abre o cadeado da porta de saída. Putz Frida! O Rio está vermelho com suas próprias chamas. A china faz propaganda de braços dados e cada vez mais unidos. É a contra cultura da fartura em evolução. ZigZagZigZagZigZagz ig argh! Carro desgovernado na contramão.

Saudades de Tim Maia. Porra, seu síndico! Dê um único motivo para q o dedo em riste não acione o botão da derradeira explosão. Estamos inertes esperando q o diabo nos carregue. Submersos na noite q traz à tona a lama da grande dama. Credo sem cruz! Ela está nua e vazia. Ainda bem q o rio continua lindo. Apesar das flechas enfiadas no peito, o mendigo com fome saliva o verbo na ponta da língua e ejacula verdades na sua cara lavada. E vc não diz nada, pq não sabe de nada. Fica zanzando pela sala a procura do bem-estar q mudou de lugar. Espantada, a cidade assiste a tdo com suas asas quebradas.

Sem entender nada o índio levanta o braço e lança o tacape contra esse espelho q só reflete frases pelo avesso. Fecho a janela com seu brilho ainda ofuscando meus olhos. Pelas frestas vejo descer a rua de jeans apertado, cabelos cortados e metade de seu corpo manchado de mentiras.

sábado, 20 de novembro de 2010

Cyndi craw é foda...

Terremotos, maremotos, tremores
A natureza em suas óperas e tons musicais
Linha fronteiriça de tdo o q atiça
A malícia original sem recato,
Onde pecado seria não sentir
O impecável sabor q ela tem, qdo vem
Com sede, pedindo para pecar
Verbo inexistente em terra de sabiá
Por isso ele vive a voar com seu cantar
Atravessando fronteiras. Porteiras forasteiras
Ela vai... Ele vai... Avohai, a voar...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Morde aqui... Meia volta revolver...


Um dia morderam meu dedo pensando q era de borracha. Claro q não era! Doeu e fiquei uma fera. Na verdade entro facilmente em estado de choque. Mas não sou rosa choque. Acho q é a eletricidade ou curto circuito natural da idade...

A bem da verdade, não se cura insanidade. Nem o tempo se segura, pois ele só corre, corre, corre. O tempo todo corre, mas nada lhe socorre. Será q ainda comove? Só quero prova-lo e deixa-lo a vontade, para que me prove antes de chegada a hora de partir.

Enquanto nada se resolve ouço tomorrow never knows. Um estampido de Revolver me acorda. Sacode para bem longe, onde não ouço pagode, na harmonia de seus acordes em dó maior, em si. E a alma se põe a sorrir. Mas não morde aqui, pq dói pra cacete!!!

Ao sabor da tempestade...




Adormeço. Acordo no halo do vale da minha morte.

Saio do feto e me ponho de pé entre suas montanhas vistosas.

Caminho pelo sopé encoberto pela mata, como quem se põe aos pés de uma fêmea celibatária deitada sobre um imenso colchão verde de florestas.

O instinto segue sem direção. Às vezes sem olhar onde piso.
Nunca cantei o q será. Até hoje não sei o q farei, nem o q direi qdo a encontrar.

Meus caminhos sempre foram incertos.
Meus flancos nem sempre se mantêm abertos.
Deles extraio o oxigênio viscoso do viço q dá vida a meu corpo.

Ligo o rádio. Ouço o cheiro da tempestade anunciada.
Abro as janelas para q ela se sinta a vontade na hora de me invadir. Por fim abro a porta e me entrego à espera de q ela resolva passear por mim. 

Quando vem despe minh'alma com suas águas e desfaz tdo q não lhe serve. 

Pela janela vejo a verdade da cidade em chamas.
Lá fora a vida me chama. Passo as mãos pelo meu rosto preguiçoso.
Ela percebe, me bebe e depois vira de banda.
Entro no chuveiro e lhe banho com perfumes de lavanda.

Antes de sair beijo o bilhete q deixo sobre a cama...


.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Cristalina...

Quase todos os dias, qdo a tarde começava a dar sinais de despedida, ela abria a janela e olhava a rua com seus sentimentos transeuntes passando apressandos pela neblina de sua retina. Parecia até película de um filme em rotação alterada. Não era uma pessoa de se sentir derrotada com facilidade ou frequência. Tinha seus instantes e tbém uma certeza de q nunca seria tarde demais.

Como sempre fazia acendia o cigarro e fumava lentamente. Deixava os pensamentos percorrem seus sentimentos. Até mesmo aqueles q faziam corar seu rosto, de tão indecentes. Bem no fundo era o q queria, mas temia os transtornos q eles provocariam, caso um dia resolvesse vive-los. Naquele curto espaço de tempo era o tempo q queria. Era o seu momento, por isso se permitia.

O q não imaginava, contudo, é q do outro lado da calçada, quase dobrando a esquina, dois olhos na surdina acendiam o desejo no brilho do seu olhar. Sabia q não era mais uma menina, mas vivia com os sonhos mágicos de uma aliança encantada, q a conduzia como a uma princesa pelos bosques de um prazer q começou a povoar qdo ainda era criança.

Sabia voar. No entanto nunca ultrapassara os portais da janela. Sentia-se bela apenas por provocar pensamentos. Na janela vivia por alguns momentos a extrema ousadia de se sentir sem máscaras e medos, até o cigarro sumir entre seus dedos, anunciando a hora de colocá-las outra vez.

Apenas...

saudades
do q éramos
qdo apenas
íamos sem nada
pela estrada
afora quimeras.

bela enlouquecida era
quereres e prazeres
sede de bêbados
dançando tangos
safados, engalfinhados
em mambos.

Longos ditongos
um bem um tanto carnal
reverso em verso banal
anexos na mente, solamente,
simplesmente teu
meu universo total.


domingo, 14 de novembro de 2010

Sinfonia carioca...



Cintilar. Bola de cristal a flutuar no ar
Olhos caracóis, brilho de anzóis noar
Despem paraísos. Abrem-se sorrisos
Misturando viço às folhas da manhã

Às vezes coralina em estridente sim
Às vezes fecha os olhos. Silêncio e solidão
Borboletas voam soltas pelo seu jardim
Serafins serenam sonhos em sua mão

Carioca cor morena, pé de laranjeira
Mel de abelha em fresca pele hortelã
A dançar sobre o mar, seus cabelos
Arrastam rosas em sua boca de maçã

Desvendam-se mancebos, segredos arlequim
Quem sabe a sonhar com outros carnavais
Mais e mais, ela vai, a cantar sem medos
Molhando desejos com seus temporais

Interferência sobre a "Mulata", de Di Cavalcanti

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Sucos de uva em tempos pré sal...

A saia continua a subir cada vez mais justa. E nem é preciso de linhas para costurar sua bainha. Não é de hj q sai da linha sem se importa com o tamanho do trem. É tanto vai e vem. É tanto disse não disse, q beira a tolice alguém se preocupar aonde tdo isso vai dar. Madagascar já se acostumou com a ocupação milimétrica do seu espaço urbano. Eu me dano sem causar danos, mas já não me engano com a espécie humana. Assim como o Rio, tdo continua rindo. Todos continuam indo em direção de seu desorientado oriente, iludidos pelos sorrisos, colorido das fotos e promessas de paz universal.

Well... Well... Well... Vivemos numa grande torre desenhada em um pedaço de papel. Charles Darwin comeu o bife q o diabo temperou na chama q encobria o olhar, mas não titubeou qdo analisou o interior e percebeu q em cada espécie existe uma seleção natural. Nada mais animal.

Pássaros não precisam de avião. Tartarugas não têm pressa de chegar. Botox esconde temporariamente as rugas. No mais, tdo é intriga da exposição exagerada de fatos q,em nada traduzem o estado emocional da nação. Talvez seja melhor pegar o sol com a mão ou sobrevoar os céus de Bagdá, só para ver o movimento das bolsas em mãos prostitutas com crises de terceira geração. Será q ainda sorririam se soubessem, de antemão, q nem tdo faz sentido e nem se resolve no grito? Na Ipiranga as carnes vivem à margem. E flácidas. Seria até heresia falar das estrias, pois a mentira já nem precisa freqüentar a academia para alongar suas pernas curtas.

No menino deus a perua fecha os olhos qdo enxerga o próprio hospício. O ouro é preto por ser coberto de lama. A dama faz drama em câmara lenta para compor a cena, nem se preocupa se tapa o sol com peneira. Qdo abre a boca só sai asneira. O q ela quer proteger é o próprio umbigo. De tanto passar gelol o tapinha não dói no dodói.

Debaixo dos lençóis vazios, os ratos já não têm roupa para roer. É final de festa e já não teremos primeira dama. Chega de tanta tolice. Very well mesmices. Beagle or not to bife. Um dia o macaco irritado levanta o braço e todos saberão a odisséia q existe no espaço q bravamente resiste entre as teclas, a tela e os desejos iluminados pelo computador. O máximo divisor comum não é comum a todos. Que horror! Decompõe mas não depõe nem contra ou a favor.

No reino da Mama Doc não existe salvação. Do mesmo modo na casa do senhor não existe satanás. É sempre o mesmo balanço de vai não vai. Triste país q só encontra solução na região abissal. Silvio Santos há mto tempo nem está aí. Miami vice e varre a sujeira desde os gloriosos tempos do over night. No baú da felicidade o q mais se encontra é falsidade. E nem é uma questão de idade.

Saramago, a cegueira se torna absoluta, qdo já nem se enxerga a própria verdade. Depois reclama q tdo parece ter um gosto amargo. O resto já nem conta. Fica por conta da vaidade em exibir e apalpar as próprias carnes, com seu espírito nada santo, diante de qq pressuposto de um suposto cristo redentor. Presa em sua cruz, ai jesus!!! É tanto sobe e desce, q até parece criança brincando de iô iô.

Ao sair apaga a luz... Faça o favor!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Arribaçã... Ribanceiras... Manhã...

A manhã passou tão rápido. Quase ninguém percebeu qdo entardeceu, deixando saudades e vontades q amanhã a manhã voltasse outra vez. A noite se vestiu de seda e pura insensatez. Beijou o céu de forma louca com sua boca e dançou apaixonadamente com as estrelas, como era o seu costume de fazer florescer lumes nas folhas do alvorecer...

domingo, 7 de novembro de 2010

Costurando pontos...

Nem sempre acredito em contos, assim como não conto com contos de sonhos de fadas. Na verdade conto, ponto a ponto, todas as delícias de cada encontro, qdo, ouvindo o canto de quem lança a chama e com encanto acende a cama, onde sem nenhum espanto os corpos se derramam em sorrisos e silenciosamente dizem o qto se sentem amados.

Ah! Vida sem caroço! Dizia o moço ao olhar as tantas esquinas mal iluminadas...

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Duras molduras... Iluminada cegueira...



Algumas coisas fazem sentido. Outras nem tanto. Algumas, contudo, como por algum encanto nascem sem precisar de raízes; e se espalham de tal maneira pelas paredes d'alma feito ramas trepadeiras, q ficamos incapazes de perceber sua exata medida. E justamente por sua inexistência, naturalmente se faz sentir povoando os poros, ocupando os espaços por todos os cantos em q se percebe o mínimo sopro do possível.

A vida por uns instantes parece ouvir um mantra. Embalada em incontroláveis bailados abraços costura invisíveis laços nas cantigas a dançar cirandas diante do olhar. Sem se dar conta em q fase a lua se encontra respira o cheiro da onda. Sem buscar entender o pq de repente todos os dilemas desaparecem no q parece ser uma grande festa, e nada mais resta, senão se deixar levar...

Quem haveria de explicar a magia q faz nascer o dia dentro de cada um? Quem haveria de entender a escuridão neon da noite, seus rompantes ácidos e doces lampejos açoites?

A todo instante zilhões de órbitas trafegam simultaneamente em colossal desordem. Cada um com sua ilógica forma de encarar a própria loucura com indisfarçável ternura. Independente a tdo os passarinhos cantam. As cobras serpenteiam diante de espelhos suas línguas bifurcadas, a apontar seus venenos em todas as direções.

Saúvas salivam salivas. Salve-se quem souber! Já não há salvo-contudo para quem não veste o luto e nem acredita na lógica patológica dos deuses. Em módulos panfletários a audiência preenche cada um dos quadrados com sua demência e gritos de ordem cada vez mais ululantes e ensurdecedores. Olham sem espanto as portas de saída trancadas com pesados cadeados. Marcha soldado de volta para o quartel. A ilusão não necessita de anel. A emoção não se registra em papel desgovernado no trânsito de um rodoanel.

Senhores passageiros ocupem o vazio de seus luares, pois a noite é uma criança parida sem cordão umbilical.

Entra ano e sai ano, e nada do ovo da serpente se partir. Nada mais causa espanto neste admirável mundo louco. No oco do côco tem a lama onde dama se lambuza e saboreia o próprio drama. Em sua cama, depois q retira o disfarce ela respira fundo sem fazer alarde. Já não recusa os olhos q lhe desnudam. Na penumbra do quarto, com seus braços estendidos sonha diante de um cristo adormecido e longe, mto longe de ser o seu redentor. Ela pensa q engana, mas nada a segura qdo seus olhos se fecham e, enfeitiçada, mais uma vez se lança na esperança de um dia ser feliz.

A justiça é cega. A fé cega. Cega, ela não se apega, mas esfrega na pele o q lhe resta de ilusão.

sábado, 30 de outubro de 2010

Gotas na boca de lírio...




Era sábado, passados trinta dias do mês de outubro, qdo vi gotas de lírios em seu rosto. Na pele traços de delicado frescor. No corpo o sumo frutuoso dos delitos.

Era sábado. O corpo em festa viu a boca de olhar cereja borbulhar nos peitos apetitosos de menina.

Vi pétalas de fina flor realçar misturas morenas em suas curvas vivas.

Na dança vi desejos de gueixa. Na contradança vi o brilho da aliança e sua fresca esperança entrançada à carne ainda em brisa.

Era sábado qdo vi a vida ser escrita na borra de seu batom.

Nos sopros de vida q lhe lambia por dentro saltar  noite adentro bailarina no seu corpo agora mulher. No meio de seu deserto em chamas derramar na cama todo o viço das lagoas.

Banhada e nua assanhar passarinhos no vão das coxas encharcadas de tesão.

Braços e antebraços grudados entre as pernas, senhora de si, escravas de suas mãos, a esquadrinhar o espaço de sua fresta em festa.

Era domingo qdo vi seu corpo desabar. Estava ainda mais bela.

Desatada, domada, suave, eterna...



quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Âmbar...

A tarde é ruge
e tem sabor maçã
À tarde ruge
qdo ela surge
com seu batom...

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Cavalo doido...

Pensava viver um mundo
Sonhava um amor profundo
Desses q nos deixa sem rumo
com o coração vaga-lume
indo até ao fim do mundo
para em teus braços dançar

Canto de sereia...

Resposta a Roseana Murray...

A sereia vive na beira
De seu próprio precipício
Tem o encanto como ofício
E não faz nenhum sacrifício
Qto a sua alimentação
A sereia traz em cada mão
Um espelho e um facão
Com o espelho atrai marinheiro
Para depois sugar por inteiro
Todo o amor escondido
Em seu incontido coração
Quer melhor refeição?

Depois dá outros mergulhos
Nem importa se for no escuro
Só para ajudar na digestão...

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Carretel saltimbanco...



Galantes saltimbancos
Com agulhas afiadas
Desalinham línguas abusadas
Descosturam estruturas
Desenrolam versos de bordel
Pinta e bordam. Transbordam
Músicas nas linhas da palma das mãos
Saltam... Batem palmas
Cantam... Cantam... Cantam...
Na ponte sem alianças
Dançam... Dançam... Dançam...

Toldo dos dias...

Acordo
Leio seu recado
Desligo o computador
E saio plugado
Todo dia é quase
Sempre igual. Normal
Acordar com vc

domingo, 17 de outubro de 2010

Joana dark...





Dona de si a dona de casa caminhava pela rua
Solta e sem nada por debaixo de sua saia.
Ao chegar em casa, toda molhada,
No apagar das luzes da sala, pela primeira vez,
cometia a ousadia de iluminar a propria senzala.
Como uma janela aberta num quarto de lua
Fez-se crescente e experimentou a emoção
de, pela segunda vez na vida, se sentir inteira.
Segura de seus desejos agarrou seu pelourinho,
fazendo carinhos em si mesma com exímio fascínio.
Ao reconhecer cada parte de su'alma q ardia
Amanheceu o dia com seu corpo desfalecido,
Como em tempos idos, queimado pela paixão.


Trânsito sideral... Sinal universal...



O sinal diz: pare! Vc dispara
Qdo dispara, vc diz: -Pára!
Pense! Repare! Fale! Os sinais estão acesos
No alto, em auto-relevo, flecha certeira
A espera. No sinal verde o q revelas?

Paradoxos trotsky... Lovely mama doc...



Segundo a lenda, mulher qdo nasce com bigode nem o diabo pode. E não adianta raspar, q a rapadura é fornida na cana. Além de sacana a danada ainda é encardida. Todo dia muda sua senha e atrevida se enfia no escuro do tapete sem efeites, feito trem descarrilado, de fornalha acelerada e aquecida na lenha. Sabe q o diabo não é tão feio como pintam e os chifrinhos, q bonitinhos, são apenas petit deslizes de carinhos q lhe põem na cabeça.

Por tese nada é real até q aparece. A primeira imagem fica até q a segunda desmistifica, mas amor q fica é o q lubrifica. E conforme se apregoa as pregas não fogem a regra à-toa.

Mas eu falava de bigode. O q me lembra Trotsky dançando fox trot com Frida, pelados e assanhados numa cama desarrumada comprida. O complexo ideário comunista não poderia ter melhor analista. Como tdo na vida se inicia e finda, seja aos prantos ou nos encantos das veredas tropicais de uma vagina florida. Ventos de um outono despertando pétalas na primavera de praga. Enquanto a classe operária proletária quebrava pedra o caboclo fornicava e entrelaçava sua vasta prosopopeía nos bigodes pubianos da moça em questão. E q pelo visto deveriam ser fartos como mata virgem protegida pelo ibama.

Viver é decisão. É correr risco de antemão. É lamber o ócio da solidão e se embriagar de vida num abraço dado com tesão. Viver sem dramas os dilemas. Saber sair de cena sem aplausos. Entender q o respeitável público por educação é obtuso e quase sempre confuso. Aplaude qq porcaria, desde q lá fora tenha estabelecido recorde de bilheteria.

O tdo ou nada do q seremos e como pensaremos será resultado inevitável do tráfego e de nossa conduta. Seja no q se permite, seja no q se assume. Seja! Assumir até no q se dilui. Aceitar o resumo da prosa e q a ópera por vezes explode sem nada resolver. E isso não tem nada de divino ou maravilhoso. Em terra de cegos se costuma reverenciar bispos e horários nobres. Coisa de pobre! Aliás, nos bastidores nem tdo parece ser tão nobre, posto q é poste quem ainda acredita na boa fé de quem conduz o PT.

O processo da vida é socialista. O q diversifica é a maneira como cada um reage às circunstâncias e as ações do tempo. Alguns pensam. Alguns lamentam. Alguns sim. Alguns não. Mtos sem qq razão. Gado surfista sobe na onda com medo q a vaca leve tudo para o brejo. E por segurança e precaução é preciso se estar inserido em algum contexto q receite a forma adequada de agir e pensar.

Siga as regras e ganhe automaticamente uma estética! E a promoção ainda inclui variadas formas de fonética. Tem para toda classe social e marginal. Que tal! Só não aceitamos devolução.

O q é isso companheiro? Remorsos são ossos duros do suplício devoto de quem se absteve de pagar as duras penas do ofício de viver de forma ondular sem se enquadrar. Agora é tarde e Inês está morta de sono. Remorso é papo enfadonho de quem se fingia sonsa, mas na sombra tinha o rabo arrebanhado pelo coveiro ou cravado pelas garras de uma ave de rapina. O dedo em riste sempre fede qdo amolece. É triste e tem cheiro de latrina.

Se há alguma razão em se alardear alguma moral nessa história. Percorra-se a qq hora enquanto é hora. Nada consome mais do q viver de esconde-esconde. Vida se permite e se agiliza. Não se sacrifica e nem martiriza. Assume o gosto amargo das próprias feridas com suaves lambidas. Tal e qual Frida.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Um instante maestro!!!

Em silêncio vc é fonte
Olhar q inspira
Pensamento q escorre
Qdo quero estar
À-toa com vc, em paz
O pensamento voa
em asas de borboleta

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Universo belo... Inverso verso paralelo...



Um mar q se derrama. Onda q não se quebra. Correnteza q arrasta o vazio e o transforma em arte. Vida q transborda na pele e percorre a terra q a recebe e acolhe. Vida q salta aos olhos até onde a vista alcança. E não se cansa. Lá vcs a poderão encontrar. Na região abissal é possível vislumbrar o farol q ilumina o fundo do mar e da alma q divisa e divide os dilúvios nos mares de Mariana.

Uma das mais talentosas expressões de vida q tive a oportunidade de conhecer. Sua percepção percorre a sutileza do óbvio. Sua visão ultrapassa léguas e léguas qq tentativa de diálogo baseado em simples fatos. Atos falhos, tolices ou crendices. As portas de seu imenso castelo nunca serão abertas com chaves mestras ou enferrujados chavões.

O seu universo não ocupa e nem se encaixa nos limites de espaços generosamente concebidos. Mto menos é possível defini-la com concepções bem articuladas, mas destoadas dos sentidos q explicam o vôo dos pássaros. Suas cercas não reconhecem fronteiras. Impedi-la de voar é besteira. Ela é por inteira uma onda gigante. Uma tsunami ainda sem nome. Uma sobrevivente mineira capaz de respirar o escuro das profundezas com temível destreza, apenas para não ter rachada a terra onde estão fincadas suas sólidas raízes. E assim, mesmo sem ter uma exata explicação, manter intacta e protegida a semente da vida q carrega em seu olhar, presa nos traços da palma de sua mão.

Despertar é só uma questão de fé. Flor ela já é. Os frutos, no tempo certo preencherão com seus sabores as cores de um desenho ilógico, é lógico, pois ela foge a qq lógica. Sua ótica é compreensível somente a quem enxerga com as lentes transparentes e universais do amor.

Ela é singular, mas sua essência é plural. Em nada é igual. Portanto estejam prontos ou simplesmente estejam cientes do tanto q representam ao seu olhar. Se não conseguirem entende-la, não se preocupem. Basta vive-la. E se por acaso se sentirem perdidos, não percam tempo olhando para os próprios umbigos. Percebam. Estejam abertos ao imprevisível. Ao q não se vê, mas se sente ser. Somente assim seus abraços terão asas e serão o abrigo onde poderão sentir o q eu digo, e ouvir tdo o q ela ainda tem a dizer e mostrar. Vcs vão ver... Uma ferida com o tempo cicatriza, mas uma Frida ninguém cala. Abram alas!


Conhecer é preciso. Viver mto mais...
www.artesingularis.com.br


terça-feira, 12 de outubro de 2010

Mantra doze...

Não se conta o q não soma...

João e Maria...



Hj o dia nasceu com sede de querer viver
Olhei para mim e vi vc
Flutuando em sonhos e coloridos balões
No teu sorriso vislumbrei passárgada
Sem pensar em nada lhe estendi a mão
De mãos dadas saímos pelas calçadas
Cantando alegres canções de passarinhos
Saltimbancos sem planos pela estrada a fora
Como fazíamos outrora, qdo saíamos
Sem pensar em hora, apenas para pescar
Raios do sol com o nosso imaginário anzol
Pelo caminho espalhávamos sementes
Soltos e contentes, a ninfa e o duende
Alimentando carinhos e solzinhos
Saboreando cores no bosque da redenção

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

ton sur ton...

A felicidade tem cor
Vermelha manga rosa
Verde arvore frondosa
Beleza borboleta azul
Cinza penumbra tango
Blues sabor morango
Olhos acesos pirilampos
Lençol melado branco

O amor tem reticências
Coloridas transparências
Aroma e fina essência
Cheiro danado de bom
Marfins cetins crepons
Bombom batom ton sur ton
Pele de brilho neon
Furtacor viço camaleon

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Recado aos dados...



Mudanças de ventos
Mudanças diárias
Mudanças de hábito
Mudanças de ar
Mudança de risos
Mudar o impreciso
Mudar no q for preciso
Mudar como muda a muda
Qdo sente vontade de crescer

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Rapunzel...

No céu teu véu
Doce favo de mel
Um menestrel ao léu
Beirando Rapunzel
No alto das fronteiras
E torres movediças

Na punta q segues
Faroletes and farwest
E um ingênuo agreste
A fazer serenata
Em noite sem lua
Molhada de vc

domingo, 3 de outubro de 2010

Confissão...

Minh’alma é um vulcão
Meu sangue é a paixão
Qdo toco o violão
Faço serenatas pra vc

sábado, 2 de outubro de 2010

O tubo pós tdo...

Gozares celulares
Segredos em mesas de bares
Devagar divagares
O parabrisa vai e vem
Por não ter quem segure
Seu diapasão sem razão

No vale do rio preto
Branquinha segura o enredo
E já não é segredo
Até quem está preso vota
Nesse túnel tdo se revoga
Até seu direito a emoção

Saudades... (2)

Ver. Reaver. Querer.
Tecer palavras q se espalham
Em lençóis meu corpo lhe deita.
Passeio pelas lembranças...

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Faroeste caboclo...



Encostei meu ouvido no teu umbigo e ouvi vc dançar. Duas mãos riscavam sombras na parede, como dois ponteiros de uma bomba relógio solta e sem hora certa para detonar.

No espelho d’água percorri tu'alma em cada uma das palavras q revestia teu corpo. Velas acesas sobre a mesa dançavam chamas pelo corpo em chamas, a iluminar penumbras na pele e no oráculo ainda encoberto.

Subitamente vi vc caminhar sem pressa pela nave principal. Sem nenhum obstáculo despias as derradeiras vestes pelo tapete bordado de sangue, ao mesmo tempo q desabotoavas os sonhos com versos soltos entoados aos gritos, regozijos e aleluias.

No silêncio da rua, em plena luz da noite, dois estranhos saltavam sobre as fogueiras sem deixar rastros ou levantar poeiras. Dançaram assim a noite inteira, como se fossem as únicas estrelas na aurora boreal de um faroeste caboclo.

Tanto...



Tanta coisa... Tdo contudo simples
Pura e simplesmente. Somente
O verbo em seu estado presente

Na penumbra de um porto ainda incerto
Sem agonia a natureza rebusca a beleza
Respira nas veredas a pegada do animal

No meio dos versos tropeço
E me agarro a um tanto querer, e bem
No trilho do zen descarrilo meu trem

Além rabos cometas e entradas bruschettas
A dama se derrama e engole o mundo
A trama e o poeta vagabundo

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Lixo prolixo...

Acabaram de jogar no lixo o título de eleitor
Agora estamos à mercê de nosso benfeitor
De modo discreto assistimos o incerto
Boquiabertos, mas politicamente corretos


PS: Jogue seu Título no lixo
ou o troque por uma causa nobre...

Tango temporal... Tempo real...

O tempo passa
Mas, nem sempre voa
O tempo tbem se perde
Em meio as loas, à-toa
Acende a chama
E lhe chama de boa
Tempo rei over day
Temporal rebento real
Seletas cortinas abertas
Esperta, ela desperta
Nem sempre releva
E se evela acima
Do bem e do mal...

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Pepe Legal... Baú berimbáu...



Ontem, ao acordar
Vi pessoas passando apressadas
Cruzando a rua do esquecimento
Com o largo do atrevimento...
Então me veio à cabeça
Um singelo questionamento:
Edson já era um Pelé
Antes mesmo do nascimento?
No instante seguinte
O vento minuano, um tanto soprano
Soprando me disse: Esquece!
Nem tdo é o q aparece
A vida não carece de prece
Ou qq esclarecimento
E sem pestanejar, logo emendou
Agora com voz tenor:
Feliz só jesus! Levou chicotada
Mas passeou sobre as águas
E no lombo do jumento


E ainda existe quem espere alento
Dando tempo ao relento no impreciso tempo
Benzadeus!!! Haja divertimento!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Velas... Quimeras... Caravelas....

Ao içar as velas o olhar forasteiro percorreu toda a extensão da caravela ancorada em nuvens confusas e retintas no cinza q há dias cobria a luz, o sol e a primavera. Com o coração partido repartiu abraços e olhou para os lados sem querer partir. Pela primeira vez não sentia vontade se banhar nas águas adormecidas entre o mar e o lago. Cantando Mário Lago soltou seus cabelos e subiu as montanhas em caracol sem saber ao certo aonde ir...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Desejos de primavera...



Não me interessa ser o q agrada teus olhos
Quero ser, apenas, o dom de lhe fazer sorrir
Renascer nos dias sendo teu desejo no meu
Tendo minh'alma desgarrada, inteira e atada
Em teus carinhos q afaga e redescobre
tons e semi-tons no cantico alegre do concriz

Ser a pele aquecida no calor de tuas pétalas
O cheiro q atiça. Cama q orvalha e enfeitiça
Ser e estar sem querer ser o super star
Florar desvirginando o q ainda lhe veste
Ser o q lhe reveste. Assim como a primavera
adorna a terra e tdo o q na flora aflora e enche
de cores, mundo afora, o mar e as margaridas...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Não resisto ao registro...

50 seguidores a gente comemora com champagne... Depois da primeira taça, com 51, começa a achar q tdo isso é uma boa idéia...

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Como cometas da anunciação...




Se o cometa riscasse o céu da boca, zigzagueando a calda incendiária e louca.

Se o corpo arranhado assanhasse levado pela correnteza, seguiria os rastros enfeitiçados de tua pele suada e acesa.

Lamberia o fogo q minha carne incendeia, beberia o sangue q o coração bombeia. Expeliria brasas. Respingaria teus átimos pelo chão.

Cravaria as mãos no teu rabo sem pensar nos estragos. Penetraria teu dorso curvado feito furacão.

Devassaria sarjetas iluminado por tuas labaredas. Esmiuçaria cada pedaço q minha fome devorasse, abrindo as portas de um universo em desconstrução...

domingo, 19 de setembro de 2010

impávido...

O ar q se respira, inspira
Instiga aflora a restinga
Desliza na suave cortina
Revira a retina do olhar...

sábado, 18 de setembro de 2010

Capte-me zapata... Mel del plata...



Estou para zarpar
Meu amor desfere na lata
Arregaça a massa na garça
Zapt flap deflagra golpe fatal

Capte-me camaleoa
Desate os laços q esta trama é boa
Ai eme sente sul gados regalos
Yoo andes tende brutus cus badalos

Sumos rumos cromossomos somos
Mia lady gaga em francas copolas
Engole o cravo. Arrepia alegria abissal
Zanzas zanzeira cristais eiras manero pau

Senta a pua na vesga viga crua
Amarallys falas de encarnadas travas
O mel del prata brota e bota na mão
Engata a dama na marcha da lotação

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Cânticos em ponto de mutação...




Pouco a pouco a penumbra q envolvia as asas da imaginação dava lugar a visão de cada um dos detalhes q sempre lhe fizeram bela. As pontas dos dedos agora deslizavam com leves toques a silhueta de seu rosto cada vez mais nítido. Olhos hipnotizados e mergulhados em olhos.

Desejos salpicavam flores a todo instante em cada pedacinho da pele, q àquela hora parecia respirar cada vez mais trêmula e acesa. Um jeito macio acalentava os cios. Um membro em riste anunciava a hora da erupção de um anunciado vulcão. No calor fizeram abraços. Com ternura alimentaram afagos. A vida começava a se fazer viva dentro de cada um. Um dentro do outro.

De repente, o q era fala se despejou no sabor das línguas. O q era desejo passou a sentir o delicioso gosto molhado dos beijos. Então, a escrita se sentiu tomada pelo perfume q ela exalava, incorporando a sua forma mais palpável, de uma forma q não sabiam mais se imaginar e nem se descrever um sem o outro.

E foi com prazer q rodopiaram como ponteiros bailarinos percorrendo as horas. No calor fizeram despertar estrelas em suas órbitas a noite inteira, e uma lua cheia podia-se claramente notar no brilho de seus olhos.

Nem precisaram de barco para navegar nas águas daquele momento. Deixaram-se levar pelas correntezas de uma onda forte q os levaram aonde bem queriam. Sorriam de um jeito intenso, imersos na mais profunda e natural alegria. Brincaram como golfinhos doces carinhos. Amaram-se em sonhos de fronhas e valsas. Em estado de graça adormeceram.

Qdo o dia nasceu sentiram q ainda se amavam e os sonhos ganharam vida, nos gestos e na maneira q começaram a olhar um para o outro.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Interiores blitz... Ritz and hit's...




Noites de hotel. Dias ao léu.

Da janela olho estático a silhueta dos prédios. Transeuntes passam com suas rotinas diante de minha retina. Observo o instante, mas ele me não diz nada.

A cena é fria. O tempo incerto.

No outro lado da rua os ventos sopram desconexos. Respiro fundo o movimento de meu pensamento, em redemoinho, a vasculhar o deserto. Por um instante a saudade ilumina minha confusa retina.

Queria não ser esta ilha a deriva. Mas sou.

O mundo gira cada vez mais ligeiro. Retomo o fôlego e sigo adiante sem saber o q me espera. A garoa insiste em esconder a luz de um sol sem calor.

Tdo se faz quieto na poesia deste cais de águas sujas. Ao meu lado cinzas de pensamentos abarrotam a xícara de café transformada em cinzeiro. Mesmo fragmentado insisto em ser inteiro.

Portos nem sempre são alegres para forasteiros...

domingo, 12 de setembro de 2010

Vôo cego... Espasmos violoncelos...




Com os olhos vendados
Ela percorreu um mundo
Desconhecido e encantado
Mergulhou em cachoeiras
Subiu e desceu ladeiras
Deu sobressaltos
Escalou montanhas tamanhas
Antes tristonhas, com sua aranha
Astuta lambeu bordas agudas
Gigantes botas agulhas

De olhos vendados
Ela se viu sem roupas
Saindo da crosta
Enxergou o q não atrevia
Atreveu-se até no q não sabia
Sorriu ao sentir seu corpo riscado
Deu pinotes como se dançasse xaxado
Amou... Devassou delírios aos gritos
Com as carnes em brasa abriu as asas
Num vôo lírico, em bicos colibris


Justiça seja feita. Qdo amanheceu ela não tirou a venda
Sentia-se bela e refeita...

Sir siriri... Mary top top...




Entre a razão e a emoção balança o pêndulo trêmulo das reações. No vai e vem percorre os trilhos e os sentidos de sua auto-concepção. Apesar da disparidade entre a ponta do iceberg q vem à tona e o q se esconde na região bestial.

Somos sequência e consequência de uma sociedade amamentada em leite azedado. São tantas cátedras, tantas táticas condicionadas, tantas estáticas tingidas, q me pergunto: afinal de contas, aonde queremos chegar?

Nesta peça de atores apáticos e pouquíssimas estrelas a claque aplaude sentada na merda.

A assistência finge q concorda. Os q acordam são facilmente teleguiados. Alguns silenciosamente discriminados. O q não serve colocado de lado.

Na loja de conveniências reagimos e assumimos posturas de acordo o figurino politicamente discreto. Tdo justifica a posse de uma apólice q nos garanta um elegante e seguro statos quo.

Como diria Zefinha, cujo ofício era vender mandioca na feira: Isso no cú fede!

Entre a razão e a emoção oscila o pavilhão desfraldado da vida. Desencana e se solta na dança! Se não há sentido, pq justificar? Adianta polemizar?
Toda noviça, além de rebelde, será sempre efêmera na pista. Só não poder dar na vista. Nem ser vista como Mary, q até hoje é pop, pq engole sem cuspir...

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Ciranda cigana. Amores de Bergerac...



Cinira era regada a regras e cirandas.

Educada nas nuvens, respeitado os limites de seu horizonte, sem dar trela às previsões de Nostradamus, atravessava viris madrugadas dando play em “my way” no smartphone.

“e agora q o fim está próximo, eu encaro meu desafio final...”

De tão calejada, Cinira não tinha nome. Apenas codinome.

Por vezes era cynara. N’outras cigana. Na maioria das vezes, deliciosamente mundana, vestia-se colorida para dançar ciranda.

Sorrisos de nuances “buchanan’s” faziam suas pernas virem à tona. Realces bordados no algodão, e um colo de “babar” recheado de obladis e obladás e ótras cositas más”.

Consumida por amores clandestinos vividos nos arredores de Bergerac, Cinira repartia um duvidoso romance de contos e farsas com cyrano. Bom partido transformado em bom marido, com quem repartia o lúgubre de seu lúdico caminho.

Quando adentrava os aposentos, por um momento liberta das amarras de seu martírio particular, Cinira tocava as carnes com doçura.

Gerúndio d’um prazer genuíno. Quase ingênua, quase infantil, redescobria-se entre cobertas, coberta unicamente pelos sentidos.

Entre amigos dizia curtir Coldplay.
Só assim poderia, tantas vezes fosse preciso, no aconchego, em sossego, dar seus replays em "my way”.

Só eu sei...




Feminina...

Nem deusa nem sereia
Há em seu olhar
Um apalpar q incendeia
A pele nua na areia
Clareia, por inteira,
no brilho de viço aluá...

sábado, 4 de setembro de 2010

Tomos ditongos... Melodias caipiras...




O aroma metálico da música de Pat Metheny desestrutura toda a minha tentativa em organizar os pensamentos. A ópera desalinhada de suas afinadas partituras se depara com a minha contradança repartida e solta no meio da rua. Nota por nota a melodia desfia fios em meios fios, desafiando a lógica e os caminhos da minha desorquestrada loucura.

Parte de mim mastiga meu coração já em pedaços. A outra metade trafega o absurdo de mais um dia assustadoramente calado. O q fazer se a alma indefesa desfralda a vida sobre a mesa, e com a mínima destreza resolve circular atrevida por entre as perdas e enganos? Nada há para se fazer. Mto menos o q temer. Responde de bate pronto a batida seca do querer.

Tomos ditongos arrepiados hablam tamancos. Aos trancos e solavancos Havana suspira desejos caipiras no peito americano do norte no sul. Olho para um céu sem estrelas e vejo refletido no espelho da bandeja, q por trás da cortina de nuvens tdo continua azul.

O piano refaz os planos e as rotas. O solo da guitarra percorre as notas e o perfume de lágrimas desferidas pelo sopro da gaita sobre a ferida. Embora vil, não há pecado nas clarineta e nem no metal do capital. Nada mais banal. O q ninguém soube e nem viu foi a música em festa perfurar arestas como uma flecha. Devassa. Surpreendente. Inquieta.

Carregando um cesto repleto de frutas suculentas e maduras, a santa serelepe chupa o caroço da manga sentada no pau de sebo. Aos beijos ela lambe os beiços e as veias numa via de mão dupla. Banhada de leite ela proclama-se profrana e sacra, derrubando cada uma de suas cruzes.

Bebo o suor q jorra da turva fronte. Escalo montes e montanhas além horizontes. Sigo adiante na tentativa de descobrir aonde brota o olho d’água de sua nascente. No silêncio do cais só me resta sorrir. Nada mais. Nessa hora os dedos Pastorius deslizam nas cordas do contrabaixo, despertando incompreensíveis ruídos no casco do barco ancorado. Logo mais o dia nasce, anunciando a hora de partir...

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Bê a bah pê aga dê... Lata foligata...


O q é claro reluz. O q é natural induz. Os ritos não precisam de mitos. Assim como a verve escorre sem se alimentar de gritos, os agitos são brilhos q pipocam e dão sabor a pele. Depois da inteligência artificial nada mais deveria surpreender. Até o q se articula sem falas, mas q a mente sorridente exala ainda q tente esconder. Por mais q se interprete verbetes e codinomes codificados, tdo permanece gravado na calada da noite em q a musa nada muda se rebela na passarela.

Mesmo q as lentes pesadas da desilusão insistam em decifrar a confusa equação, nem tdo é tão fácil de resolver. Nem sei se tem pq. Por quem os cílios dobram é outra história q eu ainda penso em descrever. No planeta terra tdo invariavelmente deságua nas águas do q haveria de ser. No meio do quarto a menina continua dançando com seu invisível bambolê e Salomé nem desconfia, mas do lado de lá é grande a fila de cabeça querendo se perder.

Quem me salvou morreu de overdose tocando guitarra. Jimmy geme na cachopa sem roupa. Graças a ele meu coração continuou ateu. Se bem q ele gostaria de estar mto bem atracado ao teu. Tem dias q acordo caçador. Em outros amanheço deitado num andor sem pensar em vestir minhas calças.

Viver definitivamente é uma cachaça. O q complica é navegar neste oceano empestado de fariseus. Toca o sino e chama o síndico, Zeus e belzebu. Eu não passo de um brucutu a girar pelos polos exóticos q compõem os trópicos deste continente in blues.

Nunca gostei de usar carteira. Meu RG sempre está em algum lugar q eu nunca sei onde fica. Meu título de eleitor, q horror, se perdeu numa revista no aeroporto de Cumbica. Minha identidade é uma verdade q não necessita de assinatura ou certidão. Tenho tdo na palma da mão.

Nem sempre pareço ser o q sou qdo abro minhas asas de sonhador. Nessas horas me encho de graça. Minh’alma não ilude e nem disfarça q assume os vícios q embriagam. Por vezes me valho de adereços, mas não preciso de pretextos para dançar na folia dos textos pê aga dês da foligata. Em cada linha um trem desalinha no afiado olhar de sua faca. Com precisão cirúrgica constata o q há tempos Fernanda nada young com seu swing cantava: a verdade, meu bem, sempre acontece na lata.

Que danada arretada!

Óbvios nódulos... Operandi modus...


Por acaso o mundo seria mais lúdico sem as famigeradas meias palavras? Para q serve palavras q não falam?

Palavras entrecortadas a gaguejar em bocas q se fingem santas. Afogadas nas espumas sem ter o q dizer. Sílabas perdidas em meias palavras. Fingidas. Surradas. Sussurradas de maneira devassa.

No jogo da velha o pulo é mais q sobressalto. Ela sabe q no lodo não se finge de morto, nem se cobre o cu do mundo.

Como seria se, num passe de mágica, a humanidade liberasse suas máscaras?

Doravante o instante existiria no estopim do rompante. Virtudes aos balaios. Sentimentos sem ensaios. Tudo tão exato q afugentaria os males. Os puristas e suas meias verdades, na penumbra da intimidade, se assustariam com a disciplina de suas maldades.

Se porventura as meias palavras acabassem, quem sabe o mundo explodiria no apocalipse dos ciúmes e das crendices. Traições e vigarices. Não existiria nem o certo nem o errado. Existiria o fato. Fosse ele definitivo ou abstrato.

Ninguém se arvoraria detentor da verdade. A mentira, por falta de uso, daria lugar à beleza da cumplicidade.

É certo q nem todos sobreviveriam. Alguns desistiriam. Os loucos se atreveriam no existir na claridade dos contrapontos, na possibilidade de encontros e da felicidade.

Mtos, enfim, entenderiam q luz não se define nem se comprime em meias palavras. Na escuridão não se revela a intensidade de sua monstruosidade...


sábado, 28 de agosto de 2010

If a had you... (re)versão

Azul imã
Irmã magnética
Bela chama.

Lúmen de rama
Dulce felina
Lâmina dama

Madre de cios
Deuses vadios
Gozo beira rios

Métrica coral
Saliva lima
Língua dorsal

Cobra poética
Desespera esperada
Solidão à mão

No corrimão
Rima marina
Chama em chamas







Azul imã
Magnética rama
Lúmen lâmina
Felina dulce
Proust dama
Madre de cios
Deuses vadios
Estreitos beira rios
Métrica língua
Saliva coral lima
Corrimão à mão
Percorre a rima
Emoção e solidão

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Uns zuns e outros zunzuns...




Uns são. Outros zanzeiam em vão. Uns sereiam algumas cerejas. Outros clareiam na luz das estrelas. Alguns nunca serão. Nem no outono verão. Uns desejam e sem pressa vicejam. Outros versejam, mas sem rima fraquejam. Alguns abraçam baluartes sem maldades. Enquanto outros se vestem com palavras. Transgridem e até agridem. Divagam tanto q disfarçam. Alguns algozes levantam suas vozes. Outros se queixam de algures e alhures algozes.

Uns insistem. Outros não resistem. Alguns, cedo ou tarde desabam ou desistem. Uns seduzem com a intensidade de suas luzes. Outros se iludem contando virtudes. Alguns esperneiam com justificativas e desculpas alheias. Mergulhados em dúvidas esbravejam.

Uns tateiam cegos e surdos. Outros batem a cabeça no escuro. Alguns trafegam dispersos e sem direção. Mtos acelerados seguem obtusos na contramão. Uns se mostram confusos e sobem em cima do muro. Alguns tantos, entretanto, se largam no meio da estrada. Outros nem percebem a emboscada.

Uns tentam, mas não levantam. Outros conseguem, mas logo cansam. Uns se acabam na cana. Outros nem escondem seu lado sacana. Uns se divertem na cama. Outros arrastam na lama. Alguns se acendem na chama. Outros aquecem, mas logo revelam seu drama.

Quem mto espera, por vezes desespera. Quem vive a procurar nem sempre tem a certeza de achar. Alguns se esborracham. Outros racham. Para uns ela é dura. Para outros se revela da forma mais bela. Uns kinderovos. Outros cinderelam. O certo é q a leveza da vida é insustentável para quem não sabe viver. Bem q dizia Kundera...

Kundera pudesse todo mundo compreender, Milan, quem dera! Ser verão o apogeu, tanto da borboleta qto da cinderela, q debaixo das capas base asas, mas não escapa de suas mazelas. Um dia, quem sabe dona Maria, a humanidade enxergue q há luz no fim do túnel e acabe cansando de tanta hipocrisia. E a ilusão do "super homem" nunca mais precise vestir a farda desconfortável de vigia... Aleluia!!! Ela sorrindo diria...


Ao final, uma bem vinda interferência incidental, nada acidental, da música "super homem" de Gilberto Gil

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sonhos e valsas... Becos esplêndidos...




Inverno se fazia confuso de nuvens esparsas e tempos rasantes. Contudo os sonhos continuavam de pé como ovos confeitados encaixotados, abrindo o apetite e os olhos acostumados a confetes da madame viciada nas varandas da colombo. Tdo se repete e permanece como dantes no estético inferno de Dante. A estrela continua a brilhar consoante a média temperatura do ar no céu de Abrantes.

A linda baby se ajeita como pode e declara q solta lavas no lençol. No love baby is dog e provoca overdose in baby doll. No mais tdo transcorre sem deixar pistas aos olhos e nem as revistas, de sol a sol.

Qdo anoitece a fauna travestida de flora sai a procura do seu devido anzol. Aos beijos a fulaninha saboreia um pão de queijo beirando a calçada. Na sala discutem-se as questões e desilusões acima de qq razão. Em modelos cavados potrancas escondem as pelancas, dançando fox em trotes, insinuando galopes. Com gargarejos em gargalos e galões dão goles cocoricoques fingindo não me toques. No entanto rebolam na vara safada e escroque, embaladas por ondas q devastam as marcas de orgasmos chicotes.

Na margem direita do rio nem o cristo se salvou. Tdo continua indo e sorrindo conforme o andamento do seu maravilhoso hino. A moçada enfeitiçada continua embalsamada e achando tdo sempre mto lindo. Na esquerda pacificada e desgovernada os filhos e netos da juventude dourada engravatada sobem e descem de forma acelerada as escadas dividem a estrada. Na linha amarela o bloco dos contentes, com seus olhares atentos se protegem dos tornados e soldados q vigiam os acessos a br-3.

Acorda Brasil para escutar, o show do Antonio Carlos está no ar...

Na outra margem da lagoa Alzira cruza a Ipiranga se equilibrando na canoa. Vestida de fada atravessa a rua sentindo a pele molhar na fina garoa. Do alto de suas tamancas passa por cima da lama cheia de banca. Se a zona é franca e a carne é flácida ela segue periguete a mascar seu chiclete. Sonhando com valsas esquece a desgraça chupando pitanga. Só não se entrega e nem perde a esperança. Faz fotos no lual e manda carta pra bial. No fim de tarde requebra no brega. Não nega q adora um esfrega. Desses q o suor escorre na testa e as frestas pulsam e fazem festa.

Deixa q digam... Que pensem... Que falem... O show tem q continuar. Vem para cá! O q é q tem? Afinal, não ela deve nada a ninguém e na bolsa de apostas ainda vale um vintém. Copacabana esgana, mas finge q ainda é bacana. É tdo frágil e doce. Mas, quem realmente se importa? É tdo tão superist, superlativo e relativo, q é bem capaz de q a noite reveja Jorginho, cheio de wiskie, dançando twist no copa, com Alicinha a tiracolo contando lorota.

De tanto subir e descer a rampa, em meio a fumaça o conga suado aquece a milonga. Do outro lado do túnel a zona sul permanece no escuro. Cada qual na sua onda. No duro mulato dos subúrbios, Patrícia se encostada no muro com brilho nos olhos. Sente prazer e o chão estremecer sem saber q bem longe do esgoto, com o mesmo calor e alvoroço sua mãe seduz algum moço. Strangers in the night percorrem sem pressa o quarto de cortinas fechadas e pernas estratégicamente expostas e abertas, despertas a meia luz.

sábado, 21 de agosto de 2010

Dulces dominós... Dominus dons...




Montado em sonhos quixotes o poeta seguia em seu galope pela estrada observando as palavras descreverem mirabolantes parábolas nas folhas de um futuro em branco e incerto. Por instinto mantinha um trote q lhe permitisse perceber com razoável nitidez os sinais de sua natureza, mesmo q, por vezes se deixasse levar sem uma clara razão ou a mínima noção do q iria alcançar.

Na maioria das vezes vestia-se com cores maracatus de alegria, atravessando o dia de braços dados e adornados de sutil energia, em danças e gingados crescentes em ardente folia. Muitas vezes sentia a escuridão riscar sua pele com insolentes açoites de solidão. Então mergulhava em profundo silêncio, deixando seu pensamento solto solver o gosto amargo dos esgotos, enquanto su’alma, com a imaginária espada em punho escalava os muros frios da realidade, embrenhando-se numa luta inglória contra os ferozes e traiçoeiros dragões da inquietação.

Ainda q sentisse seu corpo coberto de manchas, não soltava as amarras q prendiam as sementes de uma esperança guardada em seu coração criança. Ainda q se sentisse mtas vezes sem rumo, seu coração vagabundo escalava montanhas, desafiava mundos à procura de um incerto amor onde pudesse se lançar e navegar em paz. Sabia q não poderia evitar a atravessia na corda bamba q equilibra o amor e a dor. Sempre sobrevivera as torrentes de inesperadas tempestades. Sempre soubera se posicionar diante dos incontroláveis remoinhos. Nunca se deixara levar pelas sincronizadas conclusões de uma platéia atenta aos bordões e chavões. Sanguessugas ávidos por sangue postados confortavelmente em disciplinados hábitos vulgares. Juízes de rabos atados. Meros observadores de olhares passivos e distantes.

Nada disso lhe causava espanto. A vida lhe ensinara a sobreviver na melodia de seu cântico. As agruras e as duras flechas da decepção já não conseguiam perfurar o escudo com q protegia a emoção de um dia estar diante dela, sua única, lúdica e desnuda dulcinéia.

No intervalo do tempo, sentado no palco pela primeira vez, ele pensou o qto ainda suportaria aquele intrigante monólogo. No espaço demarcado do tablado seu olhar percorria o movimento das peças em jogo. Um mar agitado e desconhecido insistia em molhar seus pés.

Batidas secas e firmes de pontiagudos saltos marcavam a entrada helênica da elegante fêmea na cena. Com o olhar fixo em um ponto imperceptível a tantos olhares surpresos com sua inesperada entrada, ela demarcava seu espaço de maneira imperiosa. Em cada passo q dava se livrava das palavras com a simplicidade de quem vivia o teor de tdo o q dizia. Com maestria despejava rastros milimetricamente calculados, fazendo pulsar com incomum intensidade os corpos expostos aos contornos firmes das carnes q se faziam verbos e saltavam de sua boca.

Como de hábito costumava olhar o horizonte além da platéia. Gostava da maneira como o mar molhava suas pernas qdo começava a sonhar com noites perfumadas, misturando o cheiro q ela própria exalava com o suor sargaço q lhe abraçava. Amálgama a percorrer sua alma por inteiro. Saudade era uma palavra q fazia bater sua emoção. Vontades eram palavras q lhe percorria as veias e despertava um desejo latente de voar. Queria bater asas mto além do q permitia seu ofício de atriz.

O olhar atento da platéia atravessava o seu vestido, devassando a silhueta mulher em agonia e imersa em sombras. Cada movimento mímico desenhava detalhes de sua vida encenada na clausurada de textos sem pudor. Uma sarça ardente q nunca chegara a emergir. Um sax dissonante conduzindo sua alma pelo vazio do nada, sem refletir a fome q sentia em viver.

- Tenho sede da noite q ainda não vivi, mas q molha minha boca na vontade de lhe beber. Sinto a fome dos loucos q se devoram. Dentro de mim a vontade me abre o buraco de um vazio e me lança num abismo q não sei se terá um fim. Meu corpo queima no fogo, mas não incendeia.

As inúmeras faces da atriz, até então ocultas atravessavam o palco às avessas, numa investida alucinada e despida contra a luz. Parecia desperta de seu próprio limbo. Saboreava o próprio vômito. E era tanto q havia dentro de si ainda por expelir. Nada daquilo lhe perturbava. Pela primeira vez sorria com os olhos de quem começava a enxergar na escuridão. Pela primeira vez não sentia receio em se expor diante de uma platéia cega e sem noção da verdade q falava. Nem da amplidão com q se entregava de peito aberto à sua interpretação.

Na sua boca o verbo mastigava a carne. Suas mãos macias e indecorosas deslizavam por entre as pernas acesas, num grito de total liberdade. Naquele momento sentia sua vida se transformar. Mto embora ainda não soubesse lidar com tudo aquilo q a envolvia, cada gesto incendiava a fornalha de suas íntimas e alucinadas fábulas.

Voar pássaro sobre tuas cordilheiras
Ecoar no mar este querer prazer
Dançar carícias. Esparramar delícias
Beber sussurros no pescoço a flutuar
Transitar minh’alma feminina no homem q sou
Rabiscar poesias sanhaçus olor feitor
Transpirar soluços. Cutucar impulsos
Festejar suspiros, saboreando viços e suor

As cortinas estavam abertas. O tempo se passava num ato contínuo sem intervalos. Fazia horas q se olhavam e se percorriam. Surpresa, a platéia se levantou sem saber se aplaudia ou esperavam pelo fim. Aquilo não era esperado. A poesia não fazia distinção de gênero. A poesia era simples e até mesmo sem nexo. Explícita por intuição.

A atriz solta em seu corpo. O poeta solto em seu dom. Dominus pascit me nihil mihi deerit. A poesia girava no tablado como se gestasse sua primeira encarnação. Uma cena minimalista de sentidos múltiplos e cores em profusão.

Já não semeavam saudades. Já não lutavam contra a correnteza dos moinhos. Batiam asas se sentindo passarinhos. Deram cambalhotas. Imitaram marmotas. Já não esperavam o princípio do verbo. Faziam versos sem se preocuparem em acordar o tempo ou concordar a rima.

Sem esperar elogios e nem os rotineiros aplausos, eles sumiram pela coxia com as mãos desgovernadas enfiadas entre suas coxas. Sem a menor cerimônia. Sem deixar rastros. A platéia sem nada entender e nem perceber q aquele era o último ato, se levantou calada. Dizem q até hj esperam seu retorno ao palco.

Enquanto isso, bem longe dali, um poeta continuava a galopar sonhos quixotes. Ao seu lado uma dulcinéia sem vestes, leve e feliz, por nunca mais precisar sua máscara de atriz.

No mesmo instante, ainda mais longe dali, Egberto Gismonti dedilhava suave no piano, Charlie Haden acordava o contrabaixo com as pontas dos dedos e Jan Garbarek percorria com seu sax a melodia, em Silence...

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Concordanzia Pascoal...

Menos é mais. Nem mais. Nem menos
Eu, caboclo nascido numa beira de mar
Metido e enxerido, só posso concordar
Qdo alguém me alerta, de maneira certa
Que toda lua cheia, por mais q ofusque
Tem seu lado oculto, qdo vista do lado de lá
O q se dirá da teatral espécie humana?
Não importa se nascida na grama
ou batizada no perfume da grana
Se atolada até a tampa na lama
ou sorridente deitada na própria fama
Entre quatro paredes de quartos de lua
Sempre ocultará os traços de sua face bruta
Qdo abre as portas ou desfila na rua
Retoca a iluminada face lúdica maquiada
Resplandecendo adendos em módulos
sem nódulos, sua virtude performática...

Menos mal se a mala é Vuintton. Viver sugere equilíbrio e bon ton. Mesmo q em certos momentos nada supere o vermelho desejo batom... E o juízo dê cambalhotas, chutando baldes arrabalde, bem longe do divã...

Ditas Damianas... Mares Damares...




Fernando Pessoa nunca soube e com toda a certeza jamais saberá q ainda não conheço Sabará. Muito menos Araxá. Que tenho em minha volta incertos guerreiros orixás. Que minha mente é ativa e meu intestino funciona sem q eu precise tomar banchá. Que admiro as inconfessáveis veredas e as fronteiriças virtudes da Lady Gaga.

Nunca esqueci Damiana. Vez ou outra me vem a lembrança da preta mucama risonha q me servia na boca o leite abarrotado em seus peitos anelados e fartos, desde qdo eu ainda era uma criança de colo até bem depois dos primeiros passos. Gostava de adormecer com o rosto e mãos coladas em seus peitos macios, aquecidos e acolchoados. Era de um incompreensível deleite o descobrir ingênuo de um prazer incomum. Damiana era uma rainha de pele negra q me alimentava de sua alma feliz e escravizada.

Minha avó se chamava Damares. Mulher cuja fibra escondia as dores e dissabores de um tempo em q a vida era regida por coronéis a exibir seus encomendados anéis e subordinados capitães do mato. Ainda jovem com um deles casou, mas, não demorou muito, logo se separou. Em um tempo q mulher não se separava mostrou sua determinação em expor suas garras libertárias e anônimas.

Sempre gostei de seu nome. Pela forma ondular e seu conteúdo q parecia se doar em mares. Mares de Damares. Mares revoltos q somente ela enxergava e sabia como navegar. Por uma dessas ironias da vida ficou cega. O q não a impediu de reconquistar seu pequeno grande mundo nas teclas do órgão de tubos de uma igreja, da qual era a organista principal. Ali era seu espaço. Nele despejava sua alma e se fazia sentir. Gostava de ouvi-la tocar, pois era o um único instante em q percebia, em seu escuro silêncio, ela sorrir.

No meio da noite um feixe de luz acendia o contraste da pele alva no couro negro chicote q vestia e adornava o corpo. Em coro os olhares bebericavam desejos, mesclando inveja e fascínio. Boneca de pano coberta louça. Boca neon em carne vermelha viva e uma cintura pilão moldada à feição. Naquele instante uma mulher se reinventava e ousava em seus contornos fetiches. Marilyn reencarnada. Doce e ingênua fêmea enamorada, consciente de seu feitiço pin-up, aos poucos foi ocupando o espaço burlesco de uma acetinada geração. Exótica melodia escarlate. Sabor de demônio a escorrer lascivo na pele fêmea em sua taça de champagne. Via crucis e exorcismo em olhos mergulhados em súplicas, devorando lábios e corpos atados. Extase de um prazer a lamber soluços.

Ditas malditas. Bem vindas benditas Von Teese. Diva suave de atitudes claras e irreverências Clarice. Intrépida strip azeviche tesse. Bula e receita refeita na rosa despetalada sem pudor. Fantasmas sem óperas a compor suas próprias fantasias. História revisitada de uma civilização art-decó Dietrich. Perfiladas gatas de botas narcisas batiam continências, enquanto eram lambidas por bizarras fardas nazistas. Cânticos profanos crucificados em asas de anjos azuis.

Versos transversos em vestes samurais expressam a alegria e a agonia de homens e mulheres numa mesa de Bach. Xingus atravessam florestas em conexões xangais, devastados pela beleza de uma secular arte burlesca. Dita flor perdida num pântano de sonhos. Ditas vontades q a carne grita. Feminina masculina. Porcelana lânguida embalada em acetinado sonhos devassos.

Fernando Pessoa nunca soube q no primeiro encontro me roubou a alma. No entanto, nos peitos de Damiana sempre encontrei a calma. Através dos olhares cegos Damares enxerguei meus pés na estrada e contemplei a beira mar com olhos de quem deseja o amar.

Hoje, depois de tantos anos, insisto por ser teimoso. E já nem ligo se sou visto de um jeito torto ou se meu possível amor diz q sou um tanto tosco. Nessas horas Fernando sempre me aparece na primeira pessoa. Com seus olhos miúdos parece sorrir qdo percebe o vento soprar em meus ouvidos: Vai! Segue em frente numa boa sem se preocupar com a garoa. Migalhas são tralhas q alimentam os pássaros criados em senzalas, q se batem, mas nunca rebatem. Pássaros escondidos com receio dos próprios umbigos, q se debatem sem saber q asas foram feitas para voar.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

De sol a sol...

Palavra, gênese desperta da emoção
Folha solta na torrente d’água
Curso de um rio q se alastra e semeia
Cepa de videira q a alma floreia
Reticência em ponto de exclamação

Palavras fartas em pele suada
Dadas a troco de nada
Ciência q subverte fonemas
Sobreviventes. Inconfessáveis
Prendas do impossível palpável

Respira-las é gozá-las
É percorrer rastros a beirar abismos
Lançar-se na amplidão do invisível
É ser, no imprevisível anzol, calor do sol
Na noite gelada e no frio das manhãs

Selva ôfuro... iô iô querubim ça va...




Constanza Pascolato demonstra dignidade e autoridade em todas as peças q assina. A febre da moda nunca mudou o ton de seu bom humor, mto menos o bon ton com o qual sua pele clara harmoniza o batom. A tiracolo, Louis Vuitton nunca lhe causou torcicolo. Always leading the avant-garde of fashion. Dona de impressionante leveza. Dotada de indiscutível personalidade. Equilibra, em bons termos, sutilleza e modernidade como ninguém.

Infelizmente Constanza não é regra e nem constância. Espalhadas em meio à selva existem as araras e as arapongas, as metidas e hip hip ongas. Tongas de miçangas de um caburetê, cujo fascínio tem o efeito e olor de um ralo cocô, intrépido e diluído a olhos vistos na superfície do Tietê. Razão pela qual os olhares sempre balançam na mesa dos contrários, tornando os diamantes raros de se encontrar.

É claro q a clara gema se despedaça ao confundir gana com ganância. Em todo fundo de poço existe um filete de esperança. Talvez por isso prefiram deitar-se na grama suburbana, de onde ecoam opacas divindades e bebem de um só gole suas intrínsecas ilusões. Na sexta-feira, qdo nadam sem paixões, costumam instigar os atentos arautos de plantão. Sem perda de tempo saem felizes de seus postos e se misturam aos opostos, lustrando o vício no ócio perseguem a procissão.

No outro lado da terra a relva a revelia cresce ligeira e cerca in vitro a avulsa marciana messiânica. Com um objeto estranho e sem objetivo preso ao vestido, solta o seu grito sem brilho e “malouvido”. Presa ao reluzente apêndice louco de adjetivo torto, a gema repartida do ovo entope a boca torpe, ao proclamar tendências e impropérios. Indefinidos e declaradamente imprecisos.

O lado podado da fruta proibida tem sabor florido. Alheios e hermeticamente fechados em seus valores de juízo, a banda dos despreocupados afrontam o decoro e revelam o oco de um trópico mono troppo e manco. Qdo aludidos mostram-se ressentidos. Encenam patéticos gestos de surpresa. Esmurram mesas. Na arternativa corrente bipolar morrem travestidos. Enquanto isso, na fantástica fábrica da burguesia costura-se litígios em paletós engomados, decotes pré-moldados e controversos vestidos. Do lado de cá das vitrines, a caravana se reflete zonza. Emerge e prossegue em ridículos ritos. Iludidos e ligeiramente normais.

Sem voz, a menina sorumbática carrega sua cruz. De mãos atadas, nem de longe percebe q sua máxima virtude é expor o pus. Opus day latus apocalípse fast food. Éter fluente na mente maldita diluída em sonrisal. Sua sina foi escrita na gênese. Por isso nada mais a surpreende. Nem  palavras cuspidas. Nem salivas ardidas q respingam em seu disfarce. Na realidade o seu verso versa sobre o reverso, mazelas de uma raiz exposta e apodrecida. Latus day rent a car dent adas na saída.

A fêmea cristã tem sua função de “crista” para todas as ondas. Expiação sem razão de explicação. Solitária e orfã em busca de sua próxima opção de salvação. Seu motivo é nobre e encobre o q não se apresenta de um modo explícito. Ela sabe q assim a tribo inteira pode encher a cara, lavar a égua e alma. Enquanto ela assiste calada seus pés cimentados servirem de alicerces para culpas sem desculpas. Desse modo todos podem expor sem pudor seus discursos inconclusos de maneira sossegada.

Na rota retrô e predestinada do metrô, quem se atreve a dizer onde será a próxima parada? A mata atlântica sucumbe desesperada. A relva costura a rima rio acima, até o dia em q deságua sobre a marciana cigana e acuada. Durante a cena ela ainda acena confusa. Ninguém se iluda ou chore prantos de molhar a blusa, se o teatro amanhecer de portas fechadas. Resta à família, como rege os bons costumes, acompanhar o féretro e agradecer os cumprimentos, enlutada.

No fim do primeiro ato, cortinas e olhos se fecham ofuscadas pela luz de seus arreios adornados de prata.


Alô! Alô! Marciana! Aqui quem fala é da selva! Nada demais se a ayurvédica Lee irrita a fonte young. Por essas horas vc deve estar longe, mto longe, encolhida no seu canto. A paz foi reestabelecida no front. A nave mãe segue desgovernada, consoante sua batida launge. Condom game art lurve like a good bug and rubros rolling Stones. Pipocam rolhas e tralhas da champagne sem data e tosca. Mais uma folha revirada. Depois do comunismo resta o hinduismo. As pedras de Berlin são vendidas como souvenir de um leste enigmático. De resto, nosso destino continua a ser traçado na penumbra dos porões de coberturas atapetadas. E q não se discuta se a dita é cuja. O grão mestre maribondo continua a exibir sua dialética fleumática. O tapete vermelho continua estendido nesta terra de Cabral. É lindo ver um presidente preocupado com a vida de uma iraniana, enquanto no seu quintal dezenas de mulheres morrem diariamente assassinadas e milhares violentadas.

Mas, isto não há de ser nada. A vitória final é certa. Nunca dantes este país esteve em tão perfeito ordem. É Lula apoiando Collor. É Collor apoiando Dilma. É Dilma apoiando Collor. Deixa q com o povo elles se entendem! De multa em multa, de luta em luta, eles se dizem, desdizem e tbm se degustam.

Viva-se eternamente Daspu! A vida continua augusta, bela e amparada pela maioria cega, surda e socialmente democrática. Pelo menos, até a proxima rodada... On the rock, please! Ou seria recomendável mais uma dose dessa cachaça?