quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A gota da água...



Sem lembrar com exatidão a extensão da prosa abriu as portas daquilo q parecia ser sua morada. Com olhos sonolentos tateou seu corpo demoradamente no espelho d'alma.

À sua frente uma estrada sem rumo a se perder...

Sem nada dizer e nem conseguir conter o q se mostrava inútil meteu a boca no lúdico e beijou de modo brusco o mundo e toda a sua falta de conteúdo.

Na sede do olhar cego q se lançava em suas curvas, sentiu o bater das gotas da chuva lavando as ruas e as amarguras na madrugada. Sem pensar em mais nada deitou no leito da estrada e se deixou levar embriagada.

Naquele dia bebeu a liberdade...



quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Libertino... Libertango...



Sentiu no bailar do corpo
Um gosto de ir se libertando
No começo tocou mansinho
Sorrisos por todos os cantos

E foi se soltando, girando
Tocando calma a su’alma
Com a ponta dos dedos
Soltas a dançar um tango




Libertango é uma composição de Astor Piazzolla. O título é uma fusão de "Libertad" e "Tango", simbolizando uma quebra de paradigmas, no surgimento de um novo tango.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Enigma...



Com habilidade trapezista exibia no ar suas formas sinuosas e, em sua grande maioria, assimétrica. Postulava mais q possuía uma estética assaz frenética. Com isso alimentava instintos e suplícios de almas q se desmanchavam no igarapé onde costumeiramente mantinha a umidade interativa de suas asas.

Por nunca saber definir-se sobre a vida acreditava no q lia e repetia a exaustão em sua devida redoma de vidro. Qdo cortejada enaltecia um rubor q não tinha. Ao ter a mão beijada seu corpo se consumia em árias de notas sólidas.

- Dios mio, q desagradable! Que Chico lleno de entusiasmo!

Quando nervosa elevava o tom da prosa, quase sempre em teatral tom de desagravo. Enojada fingia execrar a revoada. Entretanto, isenta dos ditames, conduzia a matilha expondo malícias em seus lábios inflamados, envenenados de promessas e reclames recheados de quartas intenções.

Assim salpicava cores acesas pelos campos, com contos e metáforas construídas, conforme lhe convinha, com linhas imaginárias. Coisa q nem a todos se conta. Com elas passava seu tempo, acreditando q algum dia pudesse, enfim, assumir sua condição mundana.

Entretanto o tempo permanecia mudo...

Nesse mesmo tempo viu rosto coberto de marcas. Em silêncio enxugou as mágoas e continuou a encantar as almas.

Sem q se percebesse manteve-se em segredo, sem conseguir decifrar ou livrar-se do estigma, enigma cada vez mais pesado e difícil de suportar: Borboleta não ama. Borboleta tão somente se deleita, quando se deixam serem amadas...

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Der schwan...



Ao ouvir Illényi Aniko acariciando as cordas de seu cello, meu espírito se deixou levar por uma brisa de refrescantes notas. Logo no primeiro instante sua música se fez íntima e, como suspiro suave soprou delícias na alma, acendendo luzes pelos labirintos do corpo.

E me levou distante. Nem sei por onde. Lembro q o pensamento atravessou com minha querida fotógrafa Maysa Alburquerque um parque recheado de dunas. Cheguei a comentar como seria bom se a vida fosse uma eterna via costeira beirando ondas nas águas de algum mar.

Pois foi assim q eu a encontrei e fui envolvido pelo movimento suave de seus braços. Um pulsar crescente feito de um único compasso. Um espaço de tempo, sem tempo, a me conduzir de olhos fechados.

Era visível o êxtase com q se derramava e saboreava cada expressão de lamento. Incomensurável prazer q a lucidez proporcionava àquele momento. Era possível sentir o perfume da flor q não se cheira, mas se apalpa e se lambe. Só então respirei o q me faltava enxergar e abracei a vida q me assaltava a alma desarmada e rendida.

Qdo me dei conta já não contava os passos e nem os descompassos. Um a um eles se desprendiam dos rastros marcados na areia. Não havia mais apego nas pegadas. Por mais profundas q fossem estavam largadas, a mercê de um mar q lavava e levava o q restava das ilusões.

Sem me preocupar em decifrar códigos ou enigmas dos porquês reconheci no abraço a exata dimensão do q se é e o q se pode vir a ser. Reconheci tbém, na liberdade, a verdade do não ser. Retirei das gavetas todas as cartas q não escrevi e dediquei cada uma das minhas tristezas. Aprendi a ver com clareza a maneira como o choro debulha o sorriso e, mto mais q isso, q todo paraíso tem seu sentido, mas q é preciso viver além dos juízes e falsos juízos.

Tdo era óbvio. Restava sentir meus pés no caminho. Bastava seguir o instinto dos carinhos q ainda iriam me receber.

Na mesma tarde em q as portas se abriram para Illényi Aniko ouvi minhas mãos falarem em alemão. Vai entender a razão! Só então percebi q horizontes são asas q se repartem qdo se abrem. E q o cisne, qdo as fecham, faz do universo o seu mais cristalino lago.

No instante q se seguiu foi natural vislumbrar o mar e o lago de Mario Lago. Não disfarcei o sorriso qdo pensei: Mas isso é para quem se atreve a deixar q Aniko lhe carregue... Mesmo q seja de forma breve.






PS: Quem dera, ao invés de joelma com seus chimbinhas, o brasileiro descobrisse o prazer de ouvir Illényi Aniko tocar “Der Schwan“.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Poético provérbio...



Leve a vida como pluma leve. Solta no ar transpõe as próprias evidências com sábias transparências. Por opção e com excelência flutua impassível pelo impossível, no tempo preciso e possível, sempre regida por sua essência. Sem temer céu aberto ou esconderijos e, na medida do possível, sem nada a esconder...


sábado, 19 de novembro de 2011

Para Milton Nascimento...



Nascer pareceu ser invisível. Somente o atiçar dos sentidos, desde o primeiro momento se mostrou em mil tons. Nenhum dos dois soube até agora dizer o q veio a ser. Sem enxergar o ar q respiravam, eles se amaram passageiros de uma paixão inteira e sem razão. Contrariando todas as lógicas descobriram o qto a ilusão era palpável, q suas formas tinham um delicioso sabor matinal.

A emoção cega carregava suas almas, q se entregavam pelos vãos dos corpos, escancarando portas e janelas aos ventos igualmente cegos e devastadores.

Alimentados por lampejos desenharam seus corpos de desejos, com todas suas formas abstratas e inexatas. Vestidos de fantasias se despiram e atravessaram noites e dias, sonhando com o dia em q, de corpo e alma, fizessem de seus corpos a definitiva morada.

Enquanto isso, de mãos dadas percorreram o lixo ocidental com seus olhos voltados para o oriente. Sem a necessidade de heróis. Sem medo ou timidez seguiram o mundo além de seus quintais. Não pq se sentissem moços, mas pq todo dia era o dia de viver...








Caso seja do interesse, prossiga a leitura ouvindo "Clube da Esquina nº 2", de Milton, Lô Borges e Márcio Borges

terça-feira, 15 de novembro de 2011

The end...



Atraídas pela gravidade da imaginação, a saliva escorria quente pelos cantos da boca, despejando gotas pelas estradas q se abriam em rugas na sua pele. De onde estava pude observar a agonia do verme ao perfurar cada uma das palavras q revestiam a alma ainda cheia do desejo de vida.

Eram mtos os urubus a dar rasantes pelos pensamentos. Pareciam bailar a sinfonia da ópera desfeita, de um amor cego e íntimo aflito. Mostravam-se solidários, parceiros e nutridos de uma satisfação mórbida. Mantinham-se à espreita, como a lembrar com suas presenças a temível espera do último golpe. O fatal.

Sem mais espaço para sonhos, a esperança cega e embrutecida tentou as derradeiras braçadas nas corredeiras das salivas já embranquecidas. No mesmo compasso q perdia suas forças era tomado por uma consciência brutal, q deflorava e apontava de seu destino. Por fim, reconhecendo sua desgraça, abençoou o tempo perdido na busca de sua terra e do amor prometido. Tdo era desértico no instante sem estética daquele horizonte enlouquecido.

Certo de q não havia mais nada q pudesse fazer e sem forças para tentar alguma outra saída vi seu corpo desaparecer submerso. Entregue e sem mais nenhum sentido. Pela vidraça olhei a tarde nublada formar penumbras em suas formas. Então se deitou na cama com sua alma tranqüila e fechou os olhos. Com uma das mãos aberta estirada sobre o lençol prendia uma fotografia já manchada de tempo. A outra, fechada, fazia força para segurar o ponto q anunciaria o capítulo final.

Lá fora chovia. Lá dentro o tempo já nem se preocupava em ser frio ou quente. O celular desligado não sabia da saudade do lobo em escutar Marina Lima. Normal. Até pq nem sempre se vê mágica no absurdo...









No parágrafo final, uma incidência outonal da música “Me chama”, de Lobão. Na ilustração, cena de Marlon Brando no filme “The Godfather”, dirigido por Francis Ford Coppola e baseado no livro de Mario Puzo. O Poderoso chefão, como é conhecido no Brasil, ganhou o Oscar de melhor filme, melhor roteiro adaptado e melhor ator.

domingo, 13 de novembro de 2011

Let it bleed...



Um asteróide de corpo e alma. Um ser além do advento q limita o tempo. Ponta de um iceberg em q desponta o ainda por ser descoberto, posto pós o apocalipse de tdo e, sobretudo, do nada.

Deixa estar. A menina segue a semear sua lógica além do q se compreende e pressente alguém refém da própria órbita.

Montada em seu irrequieto cavalo marinho ela galopa os cosmos. Senhora de si e do signo da terra. Musa de atmosfera andróide. Explícita bhagavad-gita de um universo em desordem. A nova ordem dos cometas lhe rege a fonte dos gametas e labaredas bailarinas de Frida, a atiçar meninos e meninas.

No veneno de capricórnio seus dedos se cobrem com os anéis de saturno. No uivo e no dilúvio do prazer sem identidade, a verdade atemporal do fogo fátuo revelado em sórdidos delitos.

De modo impreciso a menina se lança com seu corpo tatuado. Nos quatros lados de seu retrato, as suas faces não se arvoram a ser resposta. A sua única aposta segue a linha oposta do q se mostra na linha de fogo de sua mutante zona de conflito.




"...Yeah, we all need someone we can bleed on. Get it on rider. Take my arm. Take my leg. Don't you take my head... Let it bleed…” Rolling Stones






Montagem feita com fotos gentilmente cedidas por Thaís Lessa.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Beijos de luar...



No tatear do rosto
Salivo teu gosto
Com gozo doido
o pensamento
morde os lábios...

Avoados beijos de luar
Voar desembestado
Perdidos no espaço
mais enlouquecido
No céu, duas bocas...
.

Fino trato...



Pode ser Venus. Pode ser marte
Pode parecer insensato ser poder
Pelo simples do mel do abstrato

Ser sentinelas nos embaraços
No tempo das marés q perdura
Na pedra dura abrindo espaços

O poder do vento q desata o laço
E percorre o amor de lado a lado
Em braços q se perdem em abraços

Se o lobisomem toca à surdina
A fêmea ladina acende o tacho
Viver é saber tecer finos tratos

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Lua cheia de estrelas...



Ao andar pelas ruas lerei teu nome q um dia gravei entre as estrelas. Reverei a constelação de Léo, ao léu, ainda adornada com teu rabo de sereia.

Por certo dirás: - Bah! Mas q poeta cheio de travessuras!

No entanto, ao olhar para o chão verás o tanto q rabisquei teu cheiro na areia. Só então perceberás em tuas mãos pequeninos grãos de lua cheia.





Montagem sobre “noite estrelada”, de Van Gogh, com fotos de Katya Floriani e Marcela Griffin

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Prego...



Cruz credo! Haja luz na cabeça avestruz do clero

Pra ser sincero, não acredito e nem espero

O osso é de ouro. Toldo de um celestial tesouro

Soldo sagrado e manufaturado sob o manto do ministério

Ave Magia cheia das manias consagradas aos impropérios

Dança no ventre...



És rosa q madruga a sede e na cor da pele desabrocha
Gemidos diluídos, ensandecidos em prosas de alvorecer
Em tdo o q tu és sou éter do teu ser. Em sendo o q tu és
És frescor de terra q a raiz enlaça. Boca tatuada na taça
Ofício de um desejo exposto à brisa no despertar da flor
Amor feito de amoras, sementes de auroras e emoção
Esplendor de um querer desinibido nascido no agora
Danças de serpente em ventre enlouquecido de paixão

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Lunik óbvio...


Poetas apaixonados, seresteiros tropeiros, romeiros endiabrados percorrei, com o q lhes resta de altivez, a dignidade dos abraços de suas deliciosas putas. Apagaram a luz no fim do túnel. Eis q é chegada a hora de sonhar e viver as derradeiras noites sem luar.

A bandidagem encurralada atira. A classe média carrega a bandeja e fura a fila. A autoridade cheia de pompa e oca de honra corrompe a lista. A juventude inutilmente tribalizada canta e dança sem entender a melodia.

Seguir rastros para não fomentar idéias e nem estragar os sapatos. Lustramos a bunda das estátuas, sem a mínima noção da dimensão dessa orgia.

A ciência não explica as baratas, nem a proliferação da idiotice. Mas aceita e transcreve a receita do q torna banal a atual vigarice. Bactérias ambulantes irrompem aos montes. A consciência coletiva não tem nome próprio. A falta de identidade é capital nas teorias de libertação.

Sei não, pela quantidade e a qualidade de certos indivíduos q alardeiam um lugar garantido no céu, desconfio q é melhor deixar q o diabo carregue. Por não ser um destino tão cobiçado, é bem provável q no inferno seja mais tranqüilo...





Clara referência e incidência proposital de Lunik 9, de Gilberto Gil

domingo, 6 de novembro de 2011

Los dominios del domingo...


O dia amanheceu em uma tarde preguiçosa
Sem fazer perguntas, sem querer respostas
Arrastou pela parede cinco perfumes de rosa

Depois dançou e lançou sementes do seu cheiro
Olhou-se no espelho e deu voltas à minha volta
Abraçado ao travesseiro pensei: - Que hermosa!

Abraçado ao travesseiro a olhei pelo espelho
Lançava sementes da tarde com seu cheiro
Dançava e dava voltas, exposta, à minha volta

Meu corpo sentia a noite, a boca e o gosto dela
Alma enlouquecida nas cores de sua aquarela
Então sonhei e me deixei ser levado por ela...

Carnívora...



Duas gotas em teu corpo
Bastam para meu corpo
Em ti percorrer a paisagem
Ao léu em majestoso céu
Na boca sabor e romarias
Elegias no despertar do dia
Cânticos em outros dias
Sinfonias ao te amanhecer

Deslizar por ribanceiras
Colher tuas cores nas flores
Lamber todo o perfume
Nas gotas do teu lume
Triangular farol posto anzol
Fisgar o bem de te querer
No Sol das cinco notas
Tua flor aberta a me comer





No ano de 1921, o perfumista Ernest Beaux desenvolveu a fragrância do Chanel nº 5 a pedido de Coco Chanel. Sua formula mistura essências de rosas, jasmins, sândalos e flores raras do oriente.

“Tudo q uso para dormir são duas gotas de Chanel nº5”
Marilyn Monroe



Recomenda-se, após a leitura, ouvir de olhos fechados a música "sensação" de Bruna Caram...

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Êxtase...



Sonhar e se deixar guiar na luz do escuro. Enxergar cristais de segredos nos rios dos desejos. Ligar passado e futuro em um milionésimo do presente. Sonhar e ir a fundo, o máximo profundo, com a opção de ser espectador ou protagonista do próprio mundo.

Sonhar e se banhar de madrugadas. Desvendar a realidade de cada verdade com a exótica lente do lúdico. Pintar o corpo com as cores da lua. Amanhecer com a alma enfeitiçada e a pele molhada de tanta chuva.

Sonhar e se envolver com o abstrato, em saltos dados do alto de ribanceiras. Experimentar orgasmos feitos de espasmos e sobressaltos em trilhos de montanhas-russas.




The Ecstasy of St. Teresa, de Gian Lorenzo Bernini

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Apitos clarices...



Todos os dias a vida vem
Com o sabor e a cor q se tem
Todos os dias ela se entrega
Alumiar natureza de um bem
Olor em flor de amor além

Todos os dias a felicidade
Vai e vem dividindo trilhos
Paralelas verdades, diversidades
Devastando nefastas razões
Nas quatro estações da vida

Na verdade nunca se sabe
Os enlaces em q ela se reparte
Nem mesmo o dia em q parte
Ou como bate qdo o desejo vem
Quer saber? Ainda bem...

Cielos blues en mi bien...


Estoy en el camino
Yo y mi pequeña tatuaje
Paisaje en mi pensamiento

As veces peleo con ella
En otras mi hago suelto
En su misterioso hechizo

Muchas veces la beso
Es cuando me presenta
Con la sede de sus alas

En sus mortales miradas
Entro en su morada
Sin pensar en más nada

Cubiertos de luces
Hacemos sonidos
Con los invisibles tambores

As veces nos fijamos amor
En otras sonrientes partituras
De nuestras serenatas

domingo, 30 de outubro de 2011

Mato João Donato...



Não sei se dono ou, no mato,
Nada do bicho domador donato
Nem se, de fato, o desejo efêmero
É uma forma enviesada de aceitar
Que o tdo q se diz pleno de certeza
É certo ser fruto de sabor abstrato

Não respondo pelos enganos
Nem os danos, seu melhor retrato
Alguns, salvo engano, amarrotados
O tempo sem pudor os grudou
Nas rugas entalhos da sola dos pés
Como se fossem travas de sapato

Mormente se sente o qto é quente
Pisar o sol a pino no meio do asfalto
Não sei se arisco ou pelo risco
Arrisco pelo prazer ao desacato
No peito aberto revelo o desejo
Sujeito ao incerto na paz de Donato





É aconselhável ouvir “a paz”, de Gilberto Gil e João Donato




João Donato em foto de Maurício Santana

sábado, 29 de outubro de 2011

Telmary...




Batida afro-cubana e um poderoso estilo, pessoal e social. A música de Telmary viaja além mares e despe a alma, q embarca na sonoridade de seus ventos em popa. Talentosa e contemporânea medida entre o funk, hip-hop e jazz. A corrente sanguínea se lança nos ares. Leve. Levada por Telmary...



Telmary Diaz é uma cantora cubana, com residência em Toronto. Visitem sua página! www.myspace.com/telmary ou a encontre no youtube.

Vale à pena!

Câncer...


A boca expele a gosma branca de nuances esverdeada. Seu reflexo ondula na privada junto com o q lhe restava da alma. Respirou profundo todo aquele vazio e suspirou ao reconhecer sua insignificância estampada no medo q experimentava.

Ouviu sua sentença sem um único grito de socorro. Nenhuma clemência. Nenhum lamento. No entanto o corpo tremia. Os nervos gemiam silenciosos tambores. Em êxtase trombetas e clarins conduzia sua agonia pelas veias. Em silêncio pediu ao tempo mais um tempo naquele apocalíptico gozo.

No derradeiro prazer beradeiro se entregou banquete e saboreou cada partícula de su'alma fatiada, consumida e devassada.

Sem alternativa estendeu uma mão e em seguida, com mto esforço, a outra.

Aos poucos o cérebro foi respirando o alívio. O corpo parecia flutuar em nuvens, qdo o dilúvio lhe arrastou os pensamentos em direção de abismos q se abriam repartidos nas linhas da vida, q fugia de suas mãos, agora espalmadas...

O dia se fez de uma naturalidade nunca vista antes. Crianças brincavam alegres no mesmo parque em q a pintora desenhava sua redenção. Antes de sair o fiscal de fronteira rezou três “ave maria” e tocou “litle wing” com sua guitarra. Na Confeitaria Brasil se fazia a festa lambendo a loucura grudada na cidade baixa.

Só as nuvens, de repente, ficaram caladas...


quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Inesquecível Quintana...



Beleza de puro afeto
Espelha gestos carinho.
Coisa de ninho, de passarinho
q encontra o sentido de bater asas,
e voa em sua direção...

O gesto se espalha no ninho.
Coisa q se descobre em beijinhos.
Inesquecível afeto ardendo
lavando o corpo em fogo,
em kilowatts de tesão...

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Olhos... Zarolhos...

Não sabia dizer “uai”
No “uia” uivava no sax.
Um dia ouviu latidos
Solta do juízo, seus olhos
Só disseram “uau”...

Arre...



Sou ao teu estilo
Pedra berilo, capitão no mato
Sem cachorro todos os lados
espreitam o osso...
Ouço o mar com ar de gozo

Bobo ou louco
Lambo o oco e louvo
O bobo, o louco
O q pode ser lavado.
Decoro o prato q devoro
Faço abstratos tratos

As virtudes são esquilos
Enfeites e brilhos. Vícios à serviço
Delírios a salpicar Renoir, Miró
Lautrec... Avec... Herege...
Ribalta em árvores de natal





Impressões meramente óticas sobre obras de Toulouse-Lautrec, Pierre-Auguste Renoir e Joan Miró

Inesquecível...



Maracatu d’alma
Desperto Egberto
O pensamento
Bruto e incerto
Toca o coração
Não por ser belo
Ou cerebelo, mas
Por compreender
O tanto qto pode
Ser inesquecível
A natureza do elo

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Qdo par é ímpar...


“Eram flores diferentes, de perfumes díspares, mas harmoniosamente reunidas pelo mistério...”


Diziam se sentir no tempo. Diziam, mas nem sempre resistiam ao desejo prisioneiro q os perseguiam e os faziam bater asas desprovidas de amarras. Voavam por algo q não viam, mas sentiam ser o mais próximo de suas transparências.

Em dias de maré baixa recolhiam suas asas. Cada um em seu lado espiava calado o sopro quente do lamber dos ventos. Olhavam um ao outro e gotejavam salobros arroubos. Na terra movediça de seus pantanais se expiavam mutuamente, com as vértebras apaixonadas e curvadas ao q chamavam essência. Exorcizavam-se em tdo q sabiam. Algumas vezes sem saber pq o faziam.

Dessa forma iam, sem horas ou acertos, costurando ares malabares sem enredo.

Nessas horas sorriam e se lambiam o tanto qto podiam. Sentiam-se grão de cada um. Um no outro. Ponta de vida no olhar do broto. Bebiam um ao outro. Embriagavam-se e depois urinavam suas almas leves e lavadas. Um e um. Um em um.

Qto menos se sentiam par, mais compreendiam o prazer do ser ímpar.






Citação inicial: Augusto Frederico Schmidt, no livro “o galo branco”

domingo, 23 de outubro de 2011

Bendito Benito...



Bendito fruto
ciranda in vitro natura.
Na cara raspas de rapadura
Na boca da saia gira
De olho na tinta
Frida cala, matuta:
- Tdo está no seu lugar.
Na corda bamba
Diego tenta um fox.
Taking on orloff
Trotski batuca:
- Graças a zeus!

sábado, 22 de outubro de 2011

Ponta de mel...




A três por quarto a meia 3/4 prepara o salto do “hummm” ao quarto.

Com passo de sapateiro salto debaixo da lua. À sombra da soleira acho a graça mastigando o mangustão. Depois repasso a rima e, na função, a lição.

Só para sentir o mel derramar, da ponta da língua à palma da mão...



O belo da fera...




O belo da fera está no hemisfério q irrompe a fome e quebra a barreira do som, na fonte envolta ao cerebelo. Está no tesouro do olhar besouro q vislumbra os reflexos e pergaminhos soltos pelo espelho diante do olhar. Esfera tamanha de sabor de época. Frutas e estações.

Nem sempre se posta à mesa. Nem sempre sutileza ao empinar o nariz. Meretriz ao lamber o caqui com seu instinto Kundera. O q tem de belo é incerteza na fera. Uma incontrolável leveza represa à beira de seu olhar.





Montagem feita com cenas de Mia Wasikowska, em Alice no País das Maravilhas, de Tim Burton e Lena Olin n’A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Vida... Sra Apare Cida...



Felicidade, bem q a ninguém pertence. Nem sempre se sabe de onde vem, mas qdo vem nos preenche, de graça. Feito saudade q assalta absoluta. Verdade na bucha q acusa o tanto q se oculta no corredor do tempo.

Em tempo: Vida, grandeza de beleza intuitiva. Vida ondular. Respirar gestos. Afetos evolutivos. Dito e cujo qdo não se presta à uma simples compreensão. A intensidade é onda q não se calcula e nem se mede a extensão.

A emoção da suave idade despida de meias verdades. O viço virtude q não ilude e ainda ensina a ouvir o silencioso cântico das retina.

Felicidade, palavra maiúscula e feminina. Vontade q não se oculta, mas somente se desfruta em abraços abertos cobertos de verdade.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Íntimos delírios híbridos...



Sem ter controle do tempo abria seu corpo e sentia o sabor dos ventos adentrarem em suas partes mais íntimas. Então sonhava com templos e, entre os becos do seu abstrato reino, dançava tangos e cometia delitos q escorriam híbridos de suas mãos.

Atravessava toda a tormenta passageira de embarcações e suas velas içadas. Depois atracava sã e salva na ilha onde percorria a beira mar de sua insípida solidão.

No dia seguinte, qdo anoitecia, com seus olhos faróis ensaiava fados, iluminando cometas q surgiam no breu de suas múltiplas órbitas em desordem. Mergulhada em uma prazerosa confusão se fazia em desejos e, sem ilusão, despetalava seu corpo como um buquê de estrelas.

Assim saboreava, pétala por pétala, os estragos em su'alma, já sem nenhum desejo de salvação.


terça-feira, 18 de outubro de 2011

Avencas...



Vem para meus braços
Venha cá desfolhar afagos
Para, em abraços, brotarmos
Desatinadas poesias
Vem! Descubra-me!
Cubra-me e me banhe
A alma, com calma,
Na fonte de tua energia



Avencas têm folhas grandes chamadas frondes subdivididas em muitos folíolos. Geralmente têm formatos de trapézio e cunha, com as margens onduladas e rendilhadas. São delicadas e proliferam na umidade. Qdo bem drenadas valorizam sua textura.


sábado, 15 de outubro de 2011

Escócias...


Juro q até cheguei a pensar em apelar para a Interpol ou Scotland Yard. Por pura sorte a encontrei coçando as costas da Escócia. Então a chamei pelo nome sem asas de sonhador.

Ainda assim falei de amor e rosas em vagarosas prosas.

Pela primeira vez me vi vagar o lume do outro lado do mundo. E quem diria: não senti nada q soasse a fantasia ou embalada em capas disfarçadas de magia.

A realidade escorria pela noite em chamas.

Sem dar trela para o monge a alertar q o Tibet ainda estava longe, abri minhas asas e voei de olhos abertos pelos encantos da prenda. Atravessando o planeta pude descobrir aonde a lua adormecia abraçada ao sol.

No meio da fábula a fada me tocou com sua varinha de condão. De repente me senti outra vez menino.

Em seus olhos a Escócia tinha a beleza e o brilho das surpresas. O mais estranho foi alguém me ver sorrindo, sem querer ser dona de meus olhos e da minha razão.

Até hoje lembro com saudades da Escócia. Talvez ela nem saiba o tanto q me fez bem... 

Cabelos brancos...




Enquanto a tarde caia retornava para uma casa q não lhe pertencia. Solto em um mundo mal iluminado cortava ervas danosas nas calçadas. Com isso provocava indignados rompantes em q se reconhecia.

E assim, mastigando sonhos q já não tinha, seguia pela rua vazia de vida e luar. Um bater no peito. O pulsar de um corpo q ardia. Era assim todo dia.

Paixão cega vestida branco. Um homem cego de paixão imerso no colorido de sua escuridão. Na rotina do dia quase nunca sabia onde encontrar a parte do imprevisível q lhe cabia. O q dizer qdo se sabe q não se cabe em lugar algum. Saber ser qq um ou mais um. Impossível amar desprovido de ilusão.

Um dia, sem estampar a dor q sentia, foi se desfazendo do peso das reticentes companhias. Ao terceiro dia viu subir aos céus a inutilidade de sua paixão. No quarto dia abriu as portas da casa q não era sua e saiu pelas ruas semeando palavras.

Continuou sem pensar em mais nada, até q não encontrou mais palavras, e ficou sem ter o q dizer. No mesmo instante, passando as mãos nos cabelos brancos, cantou para quem quisesse ouvir:

"...agora, em homenagem ao meu fim, não falem dessa mulher perto de mim...”







Incidência quase física da música “Cabelos brancos”, de Marino Pinto e Herivelto Martins. Ilustração feita a partir do quadro “The sower”, de Millet Jean François

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Suave açoite...

Hoje te faria escrava
Desdenharia do teu amor
E te faria saborear a dor
Na palma de minhas mãos
Depois lamberia beijos
Deixando marcas estampadas
No teu corpo entoaria cânticos
Recital em harmonia
Com teus adocicados prantos
Senhor de si, em ti, maestro
De teu alucinado gozo

Contraluz...



Na contraluz da fotografia
Em sóbrias sombras sublinhas
Linhas com teu olhar alumiar...

Desgarrado da multidão
Um coração, apesar de ateu
Não cansava de lhe desenhar

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Adendo...

É no silêncio do nosso máximo divisor incomum, em comum acordes, q tanto nos multiplicamos...

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Lá e Cá...



A noite calava para olhar a lua cheia
Mto antes, à tardinha, qdo ainda linha
O horizonte desalinhava os olhos
Nos antepenúltimos raios do sol

E se deixava perder no tempo
Ouvindo o vento espalhar
Grãos de passarinhos murmurando
Frases soltas pra lá e pra cá

A colar o ar, lá e cá, com retalhos de ecos
Em sua volta, o ar respira a voz nua e rouca
Com sua suada boca no pescoço nu
E um mundo dando voltas sem parar

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Quatorze bis...



Vivia de boca cheia
Ainda assim, não perdia
A mania de pedir Bis...
Não à-toa se dizia feliz

Ao planador...



Sendo...
E com o
Tempo tecendo...
Até ser,
No vento,
Pleno...

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Florentina...


Ao vê-la se abrir daquela forma, na hora pensou em chamá-la de amor. Bem q queria. Bem q poderia. No entanto coçou a cabeça e, sorrindo, arregalou os olhos.

Pensou em tdo o q um dia acreditou q tivera e se conteve.

É bem verdade q sentia sede, mas su’alma estava acostumada aos desertos q intercalavam os oasis e jardins q havia plantado dentro de si. Não se achou um tolo por isso. Apenas achava a dor um desperdício.

Com razoável esforço encontrou alguns instantes de juízo no fundo da mala e deixou a natureza revelar a q vinha.

Justamente por conta dessa natureza continuou a regá-la de forma suave e, aos poucos, sentindo seu aflorar. No mesmo instante arrastou a língua para lhe sentir o gosto e, mais uma vez sorriu. Dessa vez com olhos apertados, querendo ouvir Eric Clapton tocar "Florentina"...

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Espírito Santo...

O sexo pulsa
Qdo a alma suga
Desejos no beijo

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Em trânsito...

Minha vida é um parque Redenção...

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

The King...




Há 86 anos B.B. King e sua Lucille oferecem as trilhas. Parabéns “The King”! Parceiro de tantas viagens e saudades blues guardadas por todo lugar.


Qq coisa q se ouça vale a pena. E continuará valendo...

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A cor do silêncio...


Baixo a cabeça em respeito ao silencio. Um raio de ilusão sobe sorridente a escada. Levanto a cabeça. Respiro e me atiro na direção do lago q borbulhas abaixo do teu baixo ventre.

Pétala mãe. Minha origem. Alço ao som da lira e meu corpo delira. Minha fértil vertigem. Onda circular onde me sustento e enlameado tento o alimento lúdico do amor ungüento.

Adentro a eclipse total levado pelo corriqueiro sabor do vento. Sem recato sigo vestígios de afagos e vou rolando a cabeça em dados, até então, desalmados.

Displicentemente me ponho a sonhar loucuras em teu colo. Na conjunção dos pólos entrego minh’alma de corpo inteiro em uma bandeja cor de prata.




Após ou durante a leitura, é recomendável ouvir a música “Silence”, com Jan Garbarek, Egberto Gismonti e Charlie Haden

sábado, 10 de setembro de 2011

My sweet lord...

Por vezes a lógica pede tempo fechado
Guardado em neblina de nuvens cinza

Mas o q ocorre vem como surpresa
Revestida da natureza do brilho de sol

De fato, o imprevisível é bicho gaiato
Nos faz sentir peixe dourado pescado
Pelos afagos de um feliz sorriso anzol...



Recomenda-se ouvir “My sweet lord/George Harrison, após a leitura

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Agora chega!



Participe! Acompanhe! Divulgue! Movimento da sociedade civil organizada de combate a corrupção no Brasil.

"Vem! Vem com a gente. Queremos um futuro diferente!" Esta foi a palavra de ordem de manifestação popular realizada, em Porto Alegre, nesta quarta-feira, 07 de setembro – Dia da Independência do Brasil. O movimento reuniu estudantes, famílias e crianças, trabalhadores e aposentados.



Lugar de canalha é na cadeia...

Louca...



Amou
Louca
Mente

Amou
Assanhada
Mente

Simples
Mente
Amou

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Chororô...

Depois de um final de semana de mto sol, a madrugada resolveu despertar o dia com lágrimas de chuva.

Ainda assim o porto se fez alegre...

domingo, 4 de setembro de 2011

Avelã...

A velar
Levo meu coração
Preso ao teu sorriso
solto, avelã

Ao vê-la
O corpo cego
Segue o instinto
Até onde vou?

Não sei...

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Brindes e timbres...



Ao atravessar as janelas e vitrais iluminados do templo, carregado por ventos minuanos, o som da orquestra invadiu a floresta com atrevidos contraltos, desafiantes rompantes e timbres q se faziam ouvir a cada instante mais alto.

Cobertos por galhos os baixos se acomodavam cabisbaixos com a palma das mãos riscadas pelas raízes no subsolo. Abrindo espaço com os exibidos braços, imponentes barítonos circulavam entre as copas sem temer os gritos sem sentido.

Com solfejos alfinetes, as folhagens repicavam a paisagem com segredos sopranos partilhados a meia luz. Sem comentar nada o mezzo soprano fazia vista grossa com seu olhar allegro e profano.

Debaixo dos panos o enamorado tenor fazia planos. Depois subiu a escala e, debruçado na sacada, ouviu os violinos sorrindo preencher com harmonia a magia q se fazia em cada canto d’alma.





Pavane of the reconstituted visigoths. Rankworth P. LaFong (1498/1902)

terça-feira, 30 de agosto de 2011

A mosca e a louça...

Apague tdo o q está escrito na lousa. Abra a janela e tire a roupa da aeromoça. Esquece um instante a louça. Ouça o silêncio de mosca fazendo carinho em teu colo, solo e subsolo.

No quarto o andar precede o sonho e sopra irreverente, a zumbirar o ouvido da moça, já sem vontade de esperar a manhã. Bem ou mal, amanhã será outro dia... Sorria! Mesmo q não esteja sendo filmada.


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Vidas secas... Lei molhadas...


Fui ao tororó pensando em beber água e não te encontrei. Vi uma bela morena, metida em um decote passível de um crime, enlouquecida com tantas prestações à pagar. Qdo voltei, não pensei duas vezes e fui votar. Apesar da urna eletrônica a situação continua cômica. Tudo continua Sarney. Diante de bossa travestida de nova me deu saudades do circo de Orlando Orfei. Este, sim, sabia ser rei.

Sem tirar os óculos ele disse “abra o olho”. De ouvidos atentos o caolho colocou sua barba de molho. O outro tapou um dos olhos, deixando o outro de olho no vôo do apiacá. Sabe-se lá! O fogo é fátuo e o organismo é vivo. Ninguém é capaz de prever onde se rebelará.

E surgirá. Não como vidente ou messias decadente. Virá como um astro sobrevivente trancafiado em quarto de hotel. Desde q saiu do lado o pecado atravessou a rua e foi viver na cobertura. Hoje se desnuda atrás de persianas sacanas, fazendo chacota e calhordas engolirem cordas, seguindo a risca da isca q os puxam pela rampa q leva ao corredor do hotel. Depois reclamam, qdo se chama isso aqui de bordel.

Diante das câmeras o marginal exaltado se sente aviltado em seu direito privado de assaltar.

Ao dizer “abra o olho”, mta gente pensou ser delírio. Principalmente pelo fato de sua recusa em usar colírio. Ninguém dorme direito. Nem a esquerda. Pisamos na bosta graças às complacentes licenças democráticas. Varridos, o lixo e o prolixo, para a área de serviço, a classe operária exerce o seu nobre direito de cooptar entre Dior ou Avon.

Ele disse: abra o olho! Até tentou, mas não pingou uma única gota de juízo. Em um país de 'poligoogleotas', de tanta gente se fingindo de cega ou morta, só mesmo idiota para cumprir as regras e fazer o q determina a lei.

Está servido ou ainda se encontra a serviço?







O Ex-Coordenador da Operação Lei Seca e atual subsecretário de Estado de Governo da Região Metropolitana, Alexandre Felipe, atropelou pelo menos seis pessoas. De acordo com populares presentes ao local que, por motivos óbvios, não quiseram se identificar, ele teria saído visivelmente alcoolizado de uma festa na casa do presidente da fundação Pesca do Rio de Janeiro. Alexandre Felipe atropelou com sua Mitsubishi Pajero uma mãe com duas crianças de 2 e 5 anos e em seguida atropelou mais 3 adultos, só parando ao bater num poste na Rua São Sebastião no Engenho do Mato, Niteroi

Uma pessoa não identificada chegou ao local em um Honda Civic e levou Alexandre Felipe embora do local sem prestar socorro às vítimas ou aguardar as autoridades policiais para registro do caso.


Claríssima referência à musica “Abra o olho”, de Gilberto Gil

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Boa tarde...




À sua espera átomos se misturavam em desordem. Ursa em tom maior, a vontade se quis esférica e girou feérica com os pêlos nus pelos orifícios. Nem Venus. Nem Marte. Entre o azul e o suculento gosto do pêssego, a moça se fez e atravessou a tarde com a navalha na sua carne. Não se sentiu à-toa ao ver seu corpo tomado pelo desejo. Apenas se fez boa até o fim da tarde. Até o fim do beijo...



terça-feira, 23 de agosto de 2011

Rebuliços, roliços rebolos...


Na incerta maneira certa de ser
De certa forma o amor deforma.
Desnuda com o passar dos ventos
A rosa denota o impreciso perfume.
De longe se nota a nota do buquê
e o dócil conteúdo do q lhe convém.
Nada contêm os jogos de cena
Jogos de seda perfumam a cama
A toalha estampa na varanda
As marcas incômodas do ciúme.

Adestrada e composta na mesa
a flor é servida de pétalas abertas.
De encontro a luz sufoca a dor
No caos se depara com o óbvio
O acaso descortina a menina,
afina a neblina e a rima
Tanto embaixo, qto em cima
Desvencilhada das regras
Ela me leva à colher flores
no paraíso das cores de seu jardim.


Nada mais foi preciso.
Pois, justo no impreciso
'a lua luou, o vento ventou,
beijando areias de lá...”




Ao final, uma sonora contemplação na música “Casa Aberta”, composição de Flávio Henrique e Chico Amaral

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Hits... Brics... Hitchcock...




Os pobres de espírito
A violência da ganância
A artista q se droga
Antes de subir ao palco
Do criança esperança...

Na ponte das alianças
Todo mundo dança...
Dança a poesia. Dança a alegria
Dança e balança, sem previsão
Do próximo corpo q cai

A marcha alegre segue a avenida
Sem saber ao certo pq o faz
Teorizam e escravizam
Solenemente estigmatizam
A natureza dos temporais

Lentamente a liberdade agoniza
Até q dia? E quem será q sabe...
Até q nada mais se salve
E se diga: agora é tarde!
Brasil, varonil, nunca mais



domingo, 21 de agosto de 2011

Kadafi...




Kadafi... Aff!!!
Ai Ai... Caramba!
Ai Ai, Cassandras...

Na minha terra
todo mundo é bamba...
Será pq se joga tanto
na retranca?



Foto: Reuteurs

Dançarino...

Não se prenda ao q digo
Pegue e se esfregue ao q sou
Seja o q for. Seja calor...

Toca a viola q quero dançar
Ver Iaiá a gingar no ioiô
Lambuzar jugular, ai go!

Ao moço... A moça...

Saio para o almoço
Esboço um traço
Desenho teu corpo
A língua orvalha
Dilúvios na pele
Na flor do pescoço

Refogo a carne
Com letrinhas
Tão tuas e minhas
Na porta da cozinha
Tempero a saudade
Que sinto de ti

Abro a porta
Adentro mundo a fora
Passarinhando asas
Vou embora...
Tua presença sonora
Passeia por mim

sábado, 20 de agosto de 2011

Atitude de Mulher...



Ao comer da dor
A comendadora
Doce e bárbara
No corredor da vida
Plantou rosas
Colheu margaridas
Tdo, em si, por si
Vibrava a aura
Clara em atitude
A tecer virtudes
Até ser massa
Que molda o pão
E dá sabor a carne
Duro ofício do ser
ao renascer
Dádiva de cada dia



Um dia a vi menina
.
Uma noite lágrimas
refletiam dor no desejo da mulher

Tanto tempo se passou. Hoje a vi mergulhada em sonhos de fada. Em seu farto sorrir pude ver a feliz imagem q sonhou. O tanto q lutou e conquistou. O prazer de ter e ser toda verdade e realidade seu bem querer.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

E o vento levou...




Cena 01.Take 01
Toca o telefone...
Hummmmm

- Alô amor! O q foi? Pq ligou agora?
- Ora amor... E tem hora?
- Mas logo agora q o ventou me pegou?
- O q Amor?!
- Está me sacudindo. Levando. Estou indo...
- Estás bem amor?
- Meu corpo treme. Minh’alma está sorrindo. Eu sinto
- Pelamordedeus... Sente o q amor?!
- Sinto q vou gozar...



terça-feira, 16 de agosto de 2011

La clave del reflejo...




Cuiabá. Corumbá. Curumim navega a canoa pela terra de areia. Xangri-lá. Sarará. Campo grande das terras ardidas e florestas de asas partidas. Com a alma exposta, de costa para a costa do mar, o olhar vai além entranhas, beirando montanhas ainda estranhas para mim. Parati toca o clarim. A noite inteira índias incas percorrem minas ribeiras queimadas no sol.

Meu olhar se volta. Vai e vem. Ouço barulho do trem, q parte sem revolta, pelo o caminho estreito retinto do mais puro instinto. Um íntimo latindo latino nossa identidade natural. Saudades maldades repiques. Piniques e outros diques. Arrebentação.

Na terra fértil o índio colhe a flor q aflora ao sul de sua América e come a raiz na boca da gentil meretriz hispânica. Caro Francisco, eu lamento, mas Atenas já não serve como exemplo. Por mais q se refaçam os ornamentos nos templos, a chave q abre nossas fronteiras segue a estrada rasteira. Semente cheia de poeira na trilha q transporta e nos coloca na maloca q abriga o mistério das cordilheiras.

Lá, onde sereno é só, descortino a retina na beleza de nossa diversidade andina. Abençoada América latina. Bate tambor. Bat macumba. Bate maracatu zabumba meu boi a bumbar o ganzá.

O Brasil não precisa mais mostrar a sua cara. Não quero essa fala. Não quero nada q o valha. Não quero a navalha escondida nas vestes dos vestais.

No congresso nada muda. A justiça é cega e não nega. As instituições giram amordaçadas. Burocráticas mentes surdas sem saber onde colocaram a escuta. É um deus nos acuda para pagar tantas promessas de salvação.

"Em volta dessa mesa tantas verdades sonhando seus metais."

Ai mi sori, mister soros, pero sólo en los brazos de mi puta es posible entender el hechizo de volar en las alas de Panair…






*Saudades dos aviões da Panair / Milton Nascimento e Fernando Brant

domingo, 14 de agosto de 2011

Vouyer...




Meu sonho de consumo é um pedaço de chão onde eu possa sujar as mãos e a alma em cada dedo q se enterre na terra. É plantar sementes de poemas, loucos e enfurecidos, no colo grávido de um amor cego, surdo e enlouquecido.

Sonho q trago como a fumaça q trago para dentro do pulmão. Sonho q não se confunde, embora perceba o qto se funde, à primeira vista, na pista deixada no arroio q circunda o cais desse porto onde me atraco.

A tarde se vai parida de ilógicas. Mergulhada em ondas olho qdo ela se espreguiça sabendo q atiça a vontade do beijo q deixo na tela de seu computador. Esfrego minhas mãos e o rosto com a alma entregue. Sem fazer alarde saio pelas ruas. Quem sabe te encontre e deixe de sonhar.


“Arder no poro, no pelo, na pele, de tdo q saia da sua presença. Doer se não responde ao recado, se não me dá sua correspondência. Quem lê no meu mais íntimo plano onde vc se esconde, vai ver meu coração bater por vc.”


Tamanha vontade fez a tarde começar a chover...


Sonoras interferências e dança ao som de Vouyer, letra e música de Peri

sábado, 13 de agosto de 2011

Bem te Vi na viamão...


A noite esfrega a cara na taça
Loucos Borges, sem entender da alma
De soldas ou soda cáustica
Passeiam pelos clubes e esquinas

De forma elástica seguem a fala
Sem fazer idéia d’onde ir
Sem saber do q se ocupam
Ou se lhes culpam o alto escalão

Na estrada do Viamão
Eles entendem apenas o q resvala
A palma aberta e o q valha
Estender a mão na contramão




Viamão é um município do estado do Rio Grande do Sul. A origem do nome é controversa. A mais comum é de que a partir dos morros da região e do topo da igreja matriz é possível se avistar o rio Guaíba e seus cinco rios afluentes: Jacuí, Caí, Gravataí, Taquari e dos Sinos, que formam uma mão aberta. Daí a frase: "Vi a mão".

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Muros...




Era claro sem ser claro
Escuro sem ver o escuro
Havia o faro. Havia um muro
Metades de um brilho
Devassado em dois atos
Lado a lado, despedaçados
Pedaços do q restara
Do viço e da estrela
Limitada por barreiras

Metades. Metástases
Liberdade imolada
Amolada em marretas
Delicados pegas-varetas
Liberdade sem mistérios
Vaga além dos impérios
Que envolvem o ovo
A sedução da serpente
E o ciscar da galinha





Há 50 anos, em 13 de agosto de 1961, começava a ser fechada com arame farpado e concreto a fronteira que separava o lado oriental do ocidental de Berlim. O Muro de Berlim viria a ser o símbolo da divisão das duas Alemanhas durante 28 anos. Em 9 de novembro de 1989 ele começou a ser derrubado.
Foto: AFP

Adjetivo hoje...


Pronome sem nome
Sem distintivo come
Acuado, o homem
Lambe o lobisomem
Sem distinção
Passa a borracha
E apaga a fala
O rastro e a réstia

O q foge a regra
A gente nega
O agente prega
Mas logo releva
Enquanto o bicho
De tamanha fome
Nem disfarça
Mata, reza e some

No adjetivo hoje
Um subtantivo podre
Compõe o objeto
De conteúdo complexo
A frase estendida
Reflete perplexa
A vida sem nexo
na escuridão




Na madrugada desta sexta-feira, a juíza Patrícia Lourival Acioli, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, foi morta a tiros quando chegava em casa, em Niterói. Dois veículos e duas motos dispararam vários tiros contra a juíza. Os assassinos estão foragidos.