domingo, 28 de outubro de 2012

Batuques ao léu... Devotos fins de tarde...



No fim da tarde, ao som de assobios, em saltos altos parava o trânsito com faróis desgovernados. Maquiagem docemente retocada no pequeno espelho. Desejos estufados na carne e um olhar aventureiro. Alma exposta no decote sem vergonha e desordeiro.

Vestida de fantasia despia o ar debochado de uma cidade sem freios nas mãos. Protegida dos maus olhados a saia rodava com ares de nobreza, sem pressa de se sentir presa ao imaginário do esperado sedutor.

Solta em seu rebolado as horas se perdiam em rimas. Corpo dobrado em esquinas e um sorriso de fazer inveja ao criador.


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

¿Por qué no te callas?...



Até hj não sei ao certo o q é mais ferino e mordaz:
o vai e vem do fecho éclair ou o zigzag do leva e traz... 






O primeiro fecho éclair foi inventado pelo engenheiro Whitcomb L. Judson, nos EUA, em 1891. Consistia em ganchos que se prendiam a pequenas argolas, utilizado em calçados e sacos de correio. Apesar de prático não era muito eficaz, pois abria com frequência. O protótipo do atual fecho éclair foi desenvolvido no começo do século XX pelo engenheiro sueco Gideon Sundback, q substituiu os ganchos e argolas de Judson por dentes metálicos.

¿Por qué no te callas? - Frase dita pelo rei Juan Carlos de Espanha ao presidente venezuelano Hugo Chávez durante a XVII Conferência Ibero-Americana, realizada na cidade de Santiago do Chile, no final de 2007. O motivo da "exaltação" do rei espanhol foram as constantes interrupções do presidente Hugo Chávez na resposta do primeiro-ministro espanhol José Luis Rodríguez Zapatero.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Trilha sem trilhos... Pouso sem repouso...



A vida seguia sem comando de ‘pause’ ou chance de rebuscas. Em meio à tanta correria, notas de uma sinfonia perdida no tempo compunham sons nos ventos, bagunçando ainda mais os pensamentos. Sentia-se cansado. Quem sabe um tempo de descanso ajudaria a encontrar uma solução.

Sem outra saída o corpo desaba no chão. A cabeça presa aos trilhos ouve o ruído pesado do trem. Embora não fizesse mais importância, pensou se ele estaria indo ou vindo. Se chorava ou seguia sorrindo.

Como em uma pintura de Vicent, o volume e o cheiro da fumaça deixavam o ar entristecido. Se não fosse tão pesado poderia dizer q o céu e inferno se confundiam de um jeito lírico. O paraíso diluido nos sonhos deixava a tela outra vez em branco.

No entorno do umbigo o parasita, invisível e faminto, corroia o elo q o prendia às suas origens. A pedra abrupta na flor da pele evocava o calor da carícia suicida. Sublime entoar de pássaros em uma alvorada sublinhada pelas incessantes incertezas do destino.

Tarde demais. Tdo o q restara de consciência era descrito de forma desordenada, em contos e cânticos engasgados de fadas...





Um tempo se passou... Como? O tempo não passa. Ninguém é capaz de prever o q se passa na mente do soldado exaltado, nem onde beira o inconsciente do adolescente assassino. Um juiz não revê sua pena. Ainda q valha a pena.

Enquanto teóricos exibem estatísticas, a população aguarda a vez nos corredores de suas mortes. Com sorte encontrarão seus nomes n’alguma lista...

Schindler, onde estás q não respondes?



domingo, 21 de outubro de 2012

Dita ave bendita...



De forma soberana sentou na beirada da cama. Taça de vinho na mão, da mesma cor do sangue derramado no chão. Sobre a cama rabiscos e escritos q jamais chegariam ao seu destino.

Teimosia e desatino. Desejos guardados a sete chaves. Sonhos desenhados na pele flor de algodão.

Já não contava a maneira q os dias passavam. Nem importava o qto era observada. De incerto modo até gostava. Modelada em tubinhos insinuava não ser de ninguém e ao mesmo tempo ser de cada um.

Verme maldito entranhado consumia frações de segundos de um mundo dividido. Com a cabeça no travesseiro enlouquecia no prazer de ser rainha e, ao mesmo tempo, escrava.

Sopros de brisa volátil. Voos nas vontades Von Teese. Vertigem desgovernadas. No remexer despudorado dos quadris noites de mil e umas cores. Amores serviçais redesenhados com dedicadas e delicadas mãos.

Adormecida e bela abria a janela e se despia em orações. Na via crucis de seu sacrifício, a fêmea revelava sua face burlesca diante do criado mudo.

Assim, dia sim, dia não, se debatia, à espera do castigo, à luz de severos e imponentes castiçais...









Dita Von Teese é uma atriz, modelo e artista burlesca norte-americana. Fetichista assumida, VonTeese é responsável pela reinvenção da estética pin-up dos anos 40 e 50 e do termo "burlesco" a arte ancestral do strip-tease.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Avenida Brazil...



Na beira da praia, diante das câmeras, a celebridade tira a blusa. A menina assiste a tdo inquieta e, confusa, desaba na areia sem saber quem lhe desvirginou.

Na tela a boca do lixo além de cult é bela. Sem efeitos especiais a cidade sente o cheiro da própria urina.

No bojo do côco a lama alimenta a dama. No fogo a trama se espalha em chamas. No palco o drama determina quem atravessa o hall da fama.

No ponto final da avenida a audiência reclusa assiste os últimos instantes da emoção. Com olhos vagos batem palmas, à espera de um deus q lhes sacuda.

No dia seguinte, como era de se esperar, nada acontece. Na porta da igreja o mendigo estende a mão para olhos cegos pela ferrugem da cruz.

Debaixo dos viadutos, beirando as calçadas sem fama, a cidade acorda sem saber, até hoje, para q se descobriu o brazil.

Stanislaw... Chama logo os nossos comerciais, por favor!





Sérgio Marcus Rangel Porto foi um cronista, escritor, radialista e compositor brasileiro conhecido por seu pseudônimo Stanislaw Ponte Preta. Boêmio, de um admirável senso de humor, fazia piadas corrosivas contra a ditadura militar e o moralismo social vigente. Foi o criador do FEBEAPÁ - Festival de Besteiras que Assola o País, uma de suas maiores criações.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Um tanto Odessa... Nem tanto odara...




O q tinha de oculto tinha o peso q carregava nos ombros.

Para seu assombro tdo o q dizia enxergar não acompanhava o movimento da fala propagada nas ondas. Sempre branda. Ao ponto de nunca precisar equacionar qq questão. Havia patetas de plantão para traduzir sua loucura. Razão pela qual tinha o hábito de nunca colocar um "x" nas questões. Embora, em certos aspectos vitupérios, acentuasse os circunflexos dos dossiês armados na fofoca.

Sabia ser impossível haver mágica q iluminasse seus túneis...

Na genial ótica do boçal é normal q mundo seja uma bola a rolar nas marolas. Ora bolas! Sapo não lava o pé para não molhar a moeda de troca escondida na cartola.

O q nunca deu para aceitava, mesmo de mão beijada, foi a forma pragmática de se prega na cruz filosófica de sua idiossincrasia bipolar.

Fazia festa no atacado. No varejo havia uma força q não era visível no beijo, mas constava do manejo no olhar marejado.

Um dia me disse q acreditava em milagres. Só não esperava q algum deus a livrasse de sua natureza, cuja maior beleza nunca ultrapassou nem passou de ilações...


O poeta russo Alexander Pushkin escreveu q Odessa era uma cidade onde "se podia sentir o cheiro da Europa".  







Odara - Da cultura Hindu, significa paz e tranquilidade. Em Iorubá significa belo, bom, bonito e positivo. 

Odessa - Considerada a mais judia das cidades do Império Russo, Odessa é uma cidade costeira ucraniana situada às margens do Mar Negro. Fundada oficialmente em 1794, depois de a Rússia anexar territórios anteriormente pertencentes à Turquia.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Cómo encarcelar a quien llama libertad?



A blogueira cubana Yoani Sánchez foi presa hoje, sexta,5, na província de Granma, local do julgamento de um dos envolvidos na morte do dissidente Oswaldo Payá.