quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Brindes e timbres...



Ao atravessar as janelas e vitrais iluminados do templo, carregado por ventos minuanos, o som da orquestra invadiu a floresta com atrevidos contraltos, desafiantes rompantes e timbres q se faziam ouvir a cada instante mais alto.

Cobertos por galhos os baixos se acomodavam cabisbaixos com a palma das mãos riscadas pelas raízes no subsolo. Abrindo espaço com os exibidos braços, imponentes barítonos circulavam entre as copas sem temer os gritos sem sentido.

Com solfejos alfinetes, as folhagens repicavam a paisagem com segredos sopranos partilhados a meia luz. Sem comentar nada o mezzo soprano fazia vista grossa com seu olhar allegro e profano.

Debaixo dos panos o enamorado tenor fazia planos. Depois subiu a escala e, debruçado na sacada, ouviu os violinos sorrindo preencher com harmonia a magia q se fazia em cada canto d’alma.





Pavane of the reconstituted visigoths. Rankworth P. LaFong (1498/1902)

terça-feira, 30 de agosto de 2011

A mosca e a louça...

Apague tdo o q está escrito na lousa. Abra a janela e tire a roupa da aeromoça. Esquece um instante a louça. Ouça o silêncio de mosca fazendo carinho em teu colo, solo e subsolo.

No quarto o andar precede o sonho e sopra irreverente, a zumbirar o ouvido da moça, já sem vontade de esperar a manhã. Bem ou mal, amanhã será outro dia... Sorria! Mesmo q não esteja sendo filmada.


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Vidas secas... Lei molhadas...


Fui ao tororó pensando em beber água e não te encontrei. Vi uma bela morena, metida em um decote passível de um crime, enlouquecida com tantas prestações à pagar. Qdo voltei, não pensei duas vezes e fui votar. Apesar da urna eletrônica a situação continua cômica. Tudo continua Sarney. Diante de bossa travestida de nova me deu saudades do circo de Orlando Orfei. Este, sim, sabia ser rei.

Sem tirar os óculos ele disse “abra o olho”. De ouvidos atentos o caolho colocou sua barba de molho. O outro tapou um dos olhos, deixando o outro de olho no vôo do apiacá. Sabe-se lá! O fogo é fátuo e o organismo é vivo. Ninguém é capaz de prever onde se rebelará.

E surgirá. Não como vidente ou messias decadente. Virá como um astro sobrevivente trancafiado em quarto de hotel. Desde q saiu do lado o pecado atravessou a rua e foi viver na cobertura. Hoje se desnuda atrás de persianas sacanas, fazendo chacota e calhordas engolirem cordas, seguindo a risca da isca q os puxam pela rampa q leva ao corredor do hotel. Depois reclamam, qdo se chama isso aqui de bordel.

Diante das câmeras o marginal exaltado se sente aviltado em seu direito privado de assaltar.

Ao dizer “abra o olho”, mta gente pensou ser delírio. Principalmente pelo fato de sua recusa em usar colírio. Ninguém dorme direito. Nem a esquerda. Pisamos na bosta graças às complacentes licenças democráticas. Varridos, o lixo e o prolixo, para a área de serviço, a classe operária exerce o seu nobre direito de cooptar entre Dior ou Avon.

Ele disse: abra o olho! Até tentou, mas não pingou uma única gota de juízo. Em um país de 'poligoogleotas', de tanta gente se fingindo de cega ou morta, só mesmo idiota para cumprir as regras e fazer o q determina a lei.

Está servido ou ainda se encontra a serviço?







O Ex-Coordenador da Operação Lei Seca e atual subsecretário de Estado de Governo da Região Metropolitana, Alexandre Felipe, atropelou pelo menos seis pessoas. De acordo com populares presentes ao local que, por motivos óbvios, não quiseram se identificar, ele teria saído visivelmente alcoolizado de uma festa na casa do presidente da fundação Pesca do Rio de Janeiro. Alexandre Felipe atropelou com sua Mitsubishi Pajero uma mãe com duas crianças de 2 e 5 anos e em seguida atropelou mais 3 adultos, só parando ao bater num poste na Rua São Sebastião no Engenho do Mato, Niteroi

Uma pessoa não identificada chegou ao local em um Honda Civic e levou Alexandre Felipe embora do local sem prestar socorro às vítimas ou aguardar as autoridades policiais para registro do caso.


Claríssima referência à musica “Abra o olho”, de Gilberto Gil

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Boa tarde...




À sua espera átomos se misturavam em desordem. Ursa em tom maior, a vontade se quis esférica e girou feérica com os pêlos nus pelos orifícios. Nem Venus. Nem Marte. Entre o azul e o suculento gosto do pêssego, a moça se fez e atravessou a tarde com a navalha na sua carne. Não se sentiu à-toa ao ver seu corpo tomado pelo desejo. Apenas se fez boa até o fim da tarde. Até o fim do beijo...



terça-feira, 23 de agosto de 2011

Rebuliços, roliços rebolos...


Na incerta maneira certa de ser
De certa forma o amor deforma.
Desnuda com o passar dos ventos
A rosa denota o impreciso perfume.
De longe se nota a nota do buquê
e o dócil conteúdo do q lhe convém.
Nada contêm os jogos de cena
Jogos de seda perfumam a cama
A toalha estampa na varanda
As marcas incômodas do ciúme.

Adestrada e composta na mesa
a flor é servida de pétalas abertas.
De encontro a luz sufoca a dor
No caos se depara com o óbvio
O acaso descortina a menina,
afina a neblina e a rima
Tanto embaixo, qto em cima
Desvencilhada das regras
Ela me leva à colher flores
no paraíso das cores de seu jardim.


Nada mais foi preciso.
Pois, justo no impreciso
'a lua luou, o vento ventou,
beijando areias de lá...”




Ao final, uma sonora contemplação na música “Casa Aberta”, composição de Flávio Henrique e Chico Amaral

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Hits... Brics... Hitchcock...




Os pobres de espírito
A violência da ganância
A artista q se droga
Antes de subir ao palco
Do criança esperança...

Na ponte das alianças
Todo mundo dança...
Dança a poesia. Dança a alegria
Dança e balança, sem previsão
Do próximo corpo q cai

A marcha alegre segue a avenida
Sem saber ao certo pq o faz
Teorizam e escravizam
Solenemente estigmatizam
A natureza dos temporais

Lentamente a liberdade agoniza
Até q dia? E quem será q sabe...
Até q nada mais se salve
E se diga: agora é tarde!
Brasil, varonil, nunca mais



domingo, 21 de agosto de 2011

Kadafi...




Kadafi... Aff!!!
Ai Ai... Caramba!
Ai Ai, Cassandras...

Na minha terra
todo mundo é bamba...
Será pq se joga tanto
na retranca?



Foto: Reuteurs

Dançarino...

Não se prenda ao q digo
Pegue e se esfregue ao q sou
Seja o q for. Seja calor...

Toca a viola q quero dançar
Ver Iaiá a gingar no ioiô
Lambuzar jugular, ai go!

Ao moço... A moça...

Saio para o almoço
Esboço um traço
Desenho teu corpo
A língua orvalha
Dilúvios na pele
Na flor do pescoço

Refogo a carne
Com letrinhas
Tão tuas e minhas
Na porta da cozinha
Tempero a saudade
Que sinto de ti

Abro a porta
Adentro mundo a fora
Passarinhando asas
Vou embora...
Tua presença sonora
Passeia por mim

sábado, 20 de agosto de 2011

Atitude de Mulher...



Ao comer da dor
A comendadora
Doce e bárbara
No corredor da vida
Plantou rosas
Colheu margaridas
Tdo, em si, por si
Vibrava a aura
Clara em atitude
A tecer virtudes
Até ser massa
Que molda o pão
E dá sabor a carne
Duro ofício do ser
ao renascer
Dádiva de cada dia



Um dia a vi menina
.
Uma noite lágrimas
refletiam dor no desejo da mulher

Tanto tempo se passou. Hoje a vi mergulhada em sonhos de fada. Em seu farto sorrir pude ver a feliz imagem q sonhou. O tanto q lutou e conquistou. O prazer de ter e ser toda verdade e realidade seu bem querer.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

E o vento levou...




Cena 01.Take 01
Toca o telefone...
Hummmmm

- Alô amor! O q foi? Pq ligou agora?
- Ora amor... E tem hora?
- Mas logo agora q o ventou me pegou?
- O q Amor?!
- Está me sacudindo. Levando. Estou indo...
- Estás bem amor?
- Meu corpo treme. Minh’alma está sorrindo. Eu sinto
- Pelamordedeus... Sente o q amor?!
- Sinto q vou gozar...



terça-feira, 16 de agosto de 2011

La clave del reflejo...




Cuiabá. Corumbá. Curumim navega a canoa pela terra de areia. Xangri-lá. Sarará. Campo grande das terras ardidas e florestas de asas partidas. Com a alma exposta, de costa para a costa do mar, o olhar vai além entranhas, beirando montanhas ainda estranhas para mim. Parati toca o clarim. A noite inteira índias incas percorrem minas ribeiras queimadas no sol.

Meu olhar se volta. Vai e vem. Ouço barulho do trem, q parte sem revolta, pelo o caminho estreito retinto do mais puro instinto. Um íntimo latindo latino nossa identidade natural. Saudades maldades repiques. Piniques e outros diques. Arrebentação.

Na terra fértil o índio colhe a flor q aflora ao sul de sua América e come a raiz na boca da gentil meretriz hispânica. Caro Francisco, eu lamento, mas Atenas já não serve como exemplo. Por mais q se refaçam os ornamentos nos templos, a chave q abre nossas fronteiras segue a estrada rasteira. Semente cheia de poeira na trilha q transporta e nos coloca na maloca q abriga o mistério das cordilheiras.

Lá, onde sereno é só, descortino a retina na beleza de nossa diversidade andina. Abençoada América latina. Bate tambor. Bat macumba. Bate maracatu zabumba meu boi a bumbar o ganzá.

O Brasil não precisa mais mostrar a sua cara. Não quero essa fala. Não quero nada q o valha. Não quero a navalha escondida nas vestes dos vestais.

No congresso nada muda. A justiça é cega e não nega. As instituições giram amordaçadas. Burocráticas mentes surdas sem saber onde colocaram a escuta. É um deus nos acuda para pagar tantas promessas de salvação.

"Em volta dessa mesa tantas verdades sonhando seus metais."

Ai mi sori, mister soros, pero sólo en los brazos de mi puta es posible entender el hechizo de volar en las alas de Panair…






*Saudades dos aviões da Panair / Milton Nascimento e Fernando Brant

domingo, 14 de agosto de 2011

Vouyer...




Meu sonho de consumo é um pedaço de chão onde eu possa sujar as mãos e a alma em cada dedo q se enterre na terra. É plantar sementes de poemas, loucos e enfurecidos, no colo grávido de um amor cego, surdo e enlouquecido.

Sonho q trago como a fumaça q trago para dentro do pulmão. Sonho q não se confunde, embora perceba o qto se funde, à primeira vista, na pista deixada no arroio q circunda o cais desse porto onde me atraco.

A tarde se vai parida de ilógicas. Mergulhada em ondas olho qdo ela se espreguiça sabendo q atiça a vontade do beijo q deixo na tela de seu computador. Esfrego minhas mãos e o rosto com a alma entregue. Sem fazer alarde saio pelas ruas. Quem sabe te encontre e deixe de sonhar.


“Arder no poro, no pelo, na pele, de tdo q saia da sua presença. Doer se não responde ao recado, se não me dá sua correspondência. Quem lê no meu mais íntimo plano onde vc se esconde, vai ver meu coração bater por vc.”


Tamanha vontade fez a tarde começar a chover...


Sonoras interferências e dança ao som de Vouyer, letra e música de Peri

sábado, 13 de agosto de 2011

Bem te Vi na viamão...


A noite esfrega a cara na taça
Loucos Borges, sem entender da alma
De soldas ou soda cáustica
Passeiam pelos clubes e esquinas

De forma elástica seguem a fala
Sem fazer idéia d’onde ir
Sem saber do q se ocupam
Ou se lhes culpam o alto escalão

Na estrada do Viamão
Eles entendem apenas o q resvala
A palma aberta e o q valha
Estender a mão na contramão




Viamão é um município do estado do Rio Grande do Sul. A origem do nome é controversa. A mais comum é de que a partir dos morros da região e do topo da igreja matriz é possível se avistar o rio Guaíba e seus cinco rios afluentes: Jacuí, Caí, Gravataí, Taquari e dos Sinos, que formam uma mão aberta. Daí a frase: "Vi a mão".

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Muros...




Era claro sem ser claro
Escuro sem ver o escuro
Havia o faro. Havia um muro
Metades de um brilho
Devassado em dois atos
Lado a lado, despedaçados
Pedaços do q restara
Do viço e da estrela
Limitada por barreiras

Metades. Metástases
Liberdade imolada
Amolada em marretas
Delicados pegas-varetas
Liberdade sem mistérios
Vaga além dos impérios
Que envolvem o ovo
A sedução da serpente
E o ciscar da galinha





Há 50 anos, em 13 de agosto de 1961, começava a ser fechada com arame farpado e concreto a fronteira que separava o lado oriental do ocidental de Berlim. O Muro de Berlim viria a ser o símbolo da divisão das duas Alemanhas durante 28 anos. Em 9 de novembro de 1989 ele começou a ser derrubado.
Foto: AFP

Adjetivo hoje...


Pronome sem nome
Sem distintivo come
Acuado, o homem
Lambe o lobisomem
Sem distinção
Passa a borracha
E apaga a fala
O rastro e a réstia

O q foge a regra
A gente nega
O agente prega
Mas logo releva
Enquanto o bicho
De tamanha fome
Nem disfarça
Mata, reza e some

No adjetivo hoje
Um subtantivo podre
Compõe o objeto
De conteúdo complexo
A frase estendida
Reflete perplexa
A vida sem nexo
na escuridão




Na madrugada desta sexta-feira, a juíza Patrícia Lourival Acioli, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, foi morta a tiros quando chegava em casa, em Niterói. Dois veículos e duas motos dispararam vários tiros contra a juíza. Os assassinos estão foragidos.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Ave! Norma...



Em um dia 05 de agosto Marilyn Monroe falecia, aos 36 anos, enquanto dormia. Até hoje permanece envolto em mistérios a causa da sua morte. Segundo relatos de vizinhos ouviu-se barulho de helicóptero e uma ambulância chegou a sua casa antes q a empregada avisasse a policia.

As gravações de seus telefonemas desapareceram. O relatório da autópsia foi perdido. Toda a documentação do FBI sobre sua morte desapareceu. Quem tentou investigar o que acontecera recebeu ameaças de morte.

Ave! Marilyn... Tua existência segue além de qq norma...

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Flávia... Daniel... Gabriel...

Filhos. Parte de mim q se separa
E me declara em um amar gigante
Em qq lugar, a qq hora, embora
Sempre aqui, dentro de mim
Filhos a me refazer
Piruetas a me fazer crescer
E ver, sem precisar de lunetas
Que a vida segue além de mim...

Em prosa e verso...

Na prosa eu te fiz em verso
Tbém teu reverso, confesso
E foram tantas estrofes
Por osmose, sonetos e poesias
Que perdido fiquei
Sem saber no q te escrevia

Assim, eu te amei menino
Teu corpo se aninhar cristalino
E um despejar doce
Em tuas formas de menina
À vontade te vi soltar, brava
Das travas tu’alma feminina...

Vestidos em fantasias
Redesenhamos Paris
Refizemos espanhas tamanhas
Até o dia nos amanhecer
Canibais, querendo mais
Poetas a mastigar alegrias

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Independência ou morte...


Ela vai me levando.
Eu vou me doando.

Entre um trago e outro balanço na fumaça e vou.
Ao léu percorro o bordel abraçado ao amor q foi dor
e hoje se esvai em serenatas

Enquanto subo o elevador brindo a vida
sem saber aonde ela me leva.
Brindo ao nada desenhando pensamentos
na fumaça a ponta do cigarro aponta o destino fatal.

Vou ali me matar. Não sei se volto... (2)

Se voltar te mato como um Sidney Magal



 


(2) Respiro e suspiro na enigmática Europa...