quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Artérias da esclerose óbvia...

Não sei por qto vaguei
Nem mesmo lembro-me se sonhei
Sei q qdo eu lhe toquei
Senti q continuava vivo.

Então... Viva-se!
Ao vivo...

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segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Eros uma vez...

Face ao dito refaço qto posso meu rito.
Só não comento o mal dito q não fito.

Se fidalgo não indago, irônico divago.
Conscientemente ouso grifos não declarados
no Eros confuso embutido no erudito.

Mesmo destoando deste vapor barato
sigo a toada sem tirar nem me opor
ao peso do andor sobre meus ombros.

Poeticamente afrouxo o cadarço
do sapato q insiste em irritar meu calo.

Calado atesto q tdo vale a pena
se a estética do fonema não for obscena.

Só não me peça para desenhar a cena.
Muito menos traduzir a medíocre
incompatibilidade humana.

Como único e último recurso
rebusco debaixo da cama os trapos
do rei corroídos pelo rato.

Deitada na cama a rainha ainda vive o drama
de não saber onde perdeu o camafeu.

Ligo o rádio. Segundo Cléo kuhn,
em meio à nuvens espartanas, a paisagem
mantém-se propícia à rimas e trovoadas.

Em suma: a vida, até, é engraçada.
O q me falta é vontade de sorrir...







Cléo Kuhn é o imprevisível homem do tempo da Rádio Gaucha 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Curioso visor retrô...



Curioso o olhar acompanha a escrita com abstrata vontade,
na expectativa enigma do feto no instante da bolha arrebentar.

Se a escrevente se propõe ao decompor,
porque o leitor se apodera da escrita, qdo, por desgraça,
a graça da parábola é justamente ser indefinida?

Em silêncio os sentidos se decompõem nas canções de devoção.

Até onde a vista encanta tecla por tecla o pensamento se desnuda.
Toca a pele na elegia da dança q despe, enlaça e entrança
a dor e o frescor do beija-flor qdo lambe a seiva da alfazema.

No corredor da morte nem o amor tem pressa.
No corredor do amor a morte é certa.

Na reinação dos cordeirinhos rendição é paz q não acaba.
Nem qdo a noite se faz de um veio solar, nem qdo o banho na chuva
espalha pedaços de espelhos de lua pelas ruas...


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terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Rita de valsa...



Rita rivaliza.
Rita é mto querida.
Rita adora Mona lisa.

Mais q isso. Rita incita.
Rita não é Gal. Rita é legal.
Rita marginaliza.

Rita faz bom uso
do objeto em curso
no universo ambíguo
oculto em seu sorriso.

Rita não alisa. Viraliza.

Rita é eclética.
Por vezes tecla sobre cultura asteca.
Rita é esperta.

Nas horas plácidas
desposa o escriba de verve sestrosa.
Nas esparsas
desaba nas lembranças de qdo amava
Beatles e Rolling Stones.

Rita emprega sutilezas da dialética.
Rita se entrega. Atira a roupa
em seu criado discreto e mudo.

Rita resiste a tudo.
Rita só não resiste a pressão do tesão de Aquiles
e as tendências sempre renovadas
de su'alma deslavada...








Montagem sobre foto de Cacilda Becker na apresentação da peça “Entre Quatro Paredes”, de Jean-Paul Sartre.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

virus in vitro...

Meu lado feliz é floral
Meu estado febril é carnal

Viver é emoção em ação
Com, ou sem, toda razão
Sobreviver é cerebral...



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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Charada cuspida em carrara...

(Duas em umas)

No um sempre falta cinco para seis.
Pela marca do cinto risca-se no giz
labirintos paralelos ao vinco da calça.

No cinco falta uma para seis...

Quem tropeça no próprio contrapé
não segura asa de porcelana.

Um tanto blasé flutua noir sem saber
como fazer para lamber colher de chá...


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O sapoti da Apodi...



Houve tempo em q costumava comer sapoti na Apodi. Sentado ao pé de um pé de figo fazia figa às apimentadas 'lacerdinhas'. 

Gostava mesmo era de ver o arrastar de sombras no passeio da lua pelas calçadas, como tbém o vai-e-vem atravessado na rua.

Apreciava o desfilar desinibido das mariposas, o sobrevoar excitado de esposas à procura de luz, à espera de um trem movido à lenha q lhes colocasse vida adentro nos trilhos, até a alma sumir soltando fumaça no último vagão.

Sanfona, triângulo, zabumba.

Aqui e acolá um colar de mãos no derrière estufado na Lee. Ali, entregues ao balancê, coração na mão, emoções na boca da noite.

Na marcação pressão do bumbo cabeças eram erguidas despidas de culpas.

Na pulsação dos ais, para evitar registros do calombo do boi nos anais, a lua cega e surda acobertava entre nuvens amores zás-trás. 

Era gostoso demais...


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Lá pelas tantas...

Em paz me deito e logo te pego em sonhos...




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