segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Diletos tempos modestos...



Inversão. Invenção ou reinvenção dos inquietos tempos modestos? Pois é... Dizem q não presto. Mas o peito continua ereto. De resto, a combustão espontânea há tempo vem sendo prescrita. Dos tempos idos aos ditos modernos.

O certo é ficar esperto as automedicações.

A trupe comenta atenta ao q a patrulha recomenda. Nos corredores do imponente ministério das trombetas permanece o mistério do cometa: deixar a lâmpada acesa toda vez q vai passar. De onde vem tanta vaidade? Será para quem enxerga de longe o admirar?

Hare até baba, mas não consegue equacionar.

No dobrar das esquinas os sinos se desdobram, mas se dobram à inútil guerra dos sexos. Rabiscada no nada a estética prevalece. Vai pra cima quem sai de baixo.

Metade do q diz assombra. Metade continua à sombra. Nada se perde por esperar...

Grudada na parede a sereia depura seu canto. De modo contínuo o tempo sorrindo diz: pára! Com o tempo percebe q o tempo só afunila. Assim sobrevivem ilhas banhadas por seus desejos de mar.

O q vejo? Nem à parede pichada confesso...


domingo, 20 de janeiro de 2013

Hare shabat... Cantoria domingueira...



Por ser de lá...

Sei mto bem meu lugar. Quem tem o calor do corpo batido no chão reconhece os gritos a alumiar os grilos na noite.

Encho os olhos d’água do mar q banha os braços da sereia estendidos na areia.

Seus dilemas. Seus poemas. Universos q completam a alma verso a tudo q não cala. Nada acalma a fúria presunçosa da concepção e da percepção desumana. 

Por ser de lá...

Sei do sabor do dobrado. Não me perco em papo furado. Sequer o tempo do olhar de lado.

Com insuspeito desembaraço me ofereço aos ritos. Trago o peito marcado, dois braços tatuados e um coração flechado por um misterioso pavão.

Por ser de lá...

Entendo um pouco do riscado. Em um pé de pau do roçado pendurei meu chapéu.

Nas cercanias nasce erva daninha, mas tbém a Rainha das cirandas. Nos abraços de mar as ondas se alastram, lançadas no espraiar.

Por ser de lá...

Não faço alvoroço. Nem antes e nem depois do almoço. Sei q esse mundo é cheio de caroço.

É osso. Mas respiro e gozo no dorso fogueado, sabor recheado de sonhos de amor.

E se o ‘doutô’ soubesse como o roçado floresce qdo rezo no cangote cheirando a flor, por certo respeitaria a natureza do ditado, aliás, ‘por demais’ apropriado, no caso: o q é do boi nem touro assanhado come. Tinhoso não lambe. Nem existe ‘homi’ ou cabra chifruda q balance o galho do roseiral.

Por ser de lá...

Faço da cantoria minha serventia. Não sou caboclo q espirra valentia, mas defendo a cria e meu quinhão.

E juro ‘mermão’, nem o anjo sabia q um dia largaria uma ilha de fantasias e me aventuraria, mundo a fora, nas rimas de uma mestra sem cerimônias...

Em tempo: muchas gracias Dominguinhos, pelos trilhos percorridos em suas cores acordeons... 

domingo, 13 de janeiro de 2013

Caracas...

 

Sem palavras.

Melhor assim.
Senão a patrulha grita:
¿Por qué no te callas?


 

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Romance de diablo...



"Então, um dos serafins voou até mim. Trazia na mão uma brasa viva q tirara do altar... Com a brasa tocou meus lábios...”

À sombra do inconcluso absolvo o absurdo. No silencio absoluto ouço o anônimo alto falante preso às cordas de um violino.

Acordo o serafim e saio, dentro de mim, a dançar um tango. Sem mto espanto o corpo gruda nas asas do quero-quero como se fosse um querubim.

Olho o retrovisor, e vou... Sei lá para onde. Só sei q é assim...





Título inspirado no Tango ‘Romance de diablo’, de Astor Piazzolla, bandoneonista e compositor argentino.

Nos acordes iniciais, uma espiritual interseção do versículo 6 e 7, do capítulo 6, do profeta Isaías. 

Serafim é um anjo de seis asas. Acredita-se q ocupe a primeira posição na hierarquia dos anjos.

Na ilustração, montagem feita com cena da peça ‘A volta de Serafim Ponte Grande’, de Oswald de Andrade, 1933, encenada pela companhia de teatro Ariel Moshe.