sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Faroeste caboclo...



Encostei meu ouvido no teu umbigo e ouvi vc dançar. Duas mãos riscavam sombras na parede, como dois ponteiros de uma bomba relógio solta e sem hora certa para detonar.

No espelho d’água percorri tu'alma em cada uma das palavras q revestia teu corpo. Velas acesas sobre a mesa dançavam chamas pelo corpo em chamas, a iluminar penumbras na pele e no oráculo ainda encoberto.

Subitamente vi vc caminhar sem pressa pela nave principal. Sem nenhum obstáculo despias as derradeiras vestes pelo tapete bordado de sangue, ao mesmo tempo q desabotoavas os sonhos com versos soltos entoados aos gritos, regozijos e aleluias.

No silêncio da rua, em plena luz da noite, dois estranhos saltavam sobre as fogueiras sem deixar rastros ou levantar poeiras. Dançaram assim a noite inteira, como se fossem as únicas estrelas na aurora boreal de um faroeste caboclo.