sábado, 27 de novembro de 2010

Retrato calado... Polaroid speechless...



Noites de hotel. Farto de hotel escrevo nas paredes desse quarto, em noite de quarto de lua. Enquanto parte de mim se despe nas paredes, a outra metade olha a cidade pela janela sem pensar em nada. Abarrotado até a tampa, encho a xícara e aqueço a boca com as sobras do pó de café. Nada mais me causa desespero. Nem atropelos e nem as vontades do teu cheiro, qdo danças eriçando os pelos.

Ouço Lady Gaga desmanchar as cores desarrumadas na emoção. Não ter saída nem sempre é a saída. Mi lady não gagueja. Qdo bebe acende o pavio e rasteja por entre sussurros os gritos desarvorados de seu amor bandido. Como uma Lady Chatterley se perde na floresta de uma cidade baixa, a desejar q alguém faça morada em seus seios.

Os sinais de fumaça cobrem os céus. Nuvens esparsas não chovem, por isso não molham. Nenhum sinal de terra a vista. O horizonte parece q cada vez mais se afasta de mim, sumindo em algum ponto distante. A bela adormecida só enxerga o lobo mau. Nada mal para quem já atravessou tanto lamaçal. Na boca do lobo a cinderela dá seus pulos. O cachorro vira a lata sem medo do pulo da gata e nem dos tiros dado no escuro.

Os dados continuam a rolar. Agora correm ainda mais ligeiros. Olhos ainda encantados com a visita envelopada do Sir assistem atônitos o circo pegar fogo. Sem saber o q fazer cruzam as ruas sem ter para onde ir. O danado é q ninguém se lembra mais onde guardou a chave q abre o cadeado da porta de saída. Putz Frida! O Rio está vermelho com suas próprias chamas. A china faz propaganda de braços dados e cada vez mais unidos. É a contra cultura da fartura em evolução. ZigZagZigZagZigZagz ig argh! Carro desgovernado na contramão.

Saudades de Tim Maia. Porra, seu síndico! Dê um único motivo para q o dedo em riste não acione o botão da derradeira explosão. Estamos inertes esperando q o diabo nos carregue. Submersos na noite q traz à tona a lama da grande dama. Credo sem cruz! Ela está nua e vazia. Ainda bem q o rio continua lindo. Apesar das flechas enfiadas no peito, o mendigo com fome saliva o verbo na ponta da língua e ejacula verdades na sua cara lavada. E vc não diz nada, pq não sabe de nada. Fica zanzando pela sala a procura do bem-estar q mudou de lugar. Espantada, a cidade assiste a tdo com suas asas quebradas.

Sem entender nada o índio levanta o braço e lança o tacape contra esse espelho q só reflete frases pelo avesso. Fecho a janela com seu brilho ainda ofuscando meus olhos. Pelas frestas vejo descer a rua de jeans apertado, cabelos cortados e metade de seu corpo manchado de mentiras.