segunda-feira, 30 de março de 2015

Amantes...

Sou parte de um caso à parte.
A outra parte é parte dela.

Sempre q parte de mim a invade
Sem alarde repartimos sonhos
de parte a parte, por toda a tarde.

Na verdade, ambas as partes,
somente em parte se sentem inteiras,
pois qdo ela parte leva parte de mim.

Então o coração outra vez se reparte.
Parte adormece abraçada com ela
Enquanto a outra lhe faz poemas...

domingo, 29 de março de 2015

Realejo-de-boca...



Encostada na vulva a boca desconstrói razões pela raiz. A ponta no nariz inspira o movimento das pétalas. Em um andamento desconcertante, a língua marota brinca de bambolê.

No sopro sustenido larghíssimo palpita inquieta. A vida pulsa na vulva allegro moderata. Quando todos os sentidos criam asas, ela dilata molto vivace, em um coro uníssono expele cânticos sem nexo.

O olhar perplexo reflete em ecos os acordes do tesão.

Na melodia do realejo ela esfrega os lábios, sacudindo o corpo regado a mambos, vinhos tintos e tequila. Com o instinto libertando tangos, a alma explode e se dissolve lúdica e lírica.

O amor escorre líquido pela boca de seu tocador...

sábado, 28 de março de 2015

Ninho de cuitelinho...




A dimensão do leito entre as pernas exibe nascente afluentes de rios q ela tão bem conhece.

Alguns profundos, caudalosos de trechos gozosos; esplendorosos banhos de amor.

Matas rastejam por suas margens. Touceiras exibidas dão boas vindas à delicadezas floridas. Arbustos crescidos à sombra de frondosos bustos germinam brotos de felicidade em suas pernas encharcadas.

Chuviscos formam corredeiras respingando fetiches entre pentelhos. Deslizes feitos diante do espelho estimulam declives modelados na polpa  rosada e movediça.

Tal e qual a natureza da buceta do meu amor, a natureza é musical.

É flor q todos os dias renasce aberta ao canto de pássaros incrustada nas paredes da montanha.

Assanhado me aninho cuitelinho e lhe faço de ninho... 


segunda-feira, 23 de março de 2015

2º round...




No q pensas ser o fim, reajo.
Meu corpo exausto vai a teu encalço
Olhar descalço sobre cacos de vidro
Repriso, repenso, piso até onde posso

No fundo de teus escuros te possuo
vasculho de todas as formas tuas formas
e te perfuro, e me procuro, e me esfrego
de encontro a teu mundo me entrego

Ave louca gozas pairada sobre o nada.
Levitando sonho e te acompanho.
Uma estranha felicidade cruza os céus
e me larga no colo do teu sorriso...

quarta-feira, 18 de março de 2015

Cama de gata... Tecidos plurais...




Com sede lambeu gotas de poesia na própria pele
Aninhada deixou-se levar nos sonhos, os mais estranhos; 
de todos os tamanhos, credos, cores e pontos em cruz.
Extasiada, coração em disparada, suspirou.
Despida nas fantasias sussurrou o nome de seu amor.
Temendo perder a conexão abraçou a si mesma,
deitada na cama, esquecida dos medos, coberta de calor.
Com mãos molhadas de sexo percorreu caminhos inversos
Reflexos despertos vasculhou desejos acuados no tempo.
Aos beijos deu-se em boas vindas...
Girando afoita, metida entre gozos, preenchida de vida...


Philo pq Phebo...

Estava no banho.
Pensava em nela.
Olhou a luz entrando pela janela
Achou q fosse ela.

Na hora pensou: pq não era?
Se era ou não era,
fosse verão ou primavera
era dela a inspiração.

Sabonete na mão,
após demorada reflexão,
continuou ensaboando
cantigas pelo corpo...

terça-feira, 17 de março de 2015

Manifestación del amor…

Invades mi mundo
Aventurate en el inframundo
Lame lo que es impuro

Desnudate! Sacudes los mundos.
Encontrarme! Encontrarse!
Encontrándome en ti…

segunda-feira, 16 de março de 2015

Velas de voar moinho...




Medos a rimar
Remos ao mar
Ondas e incertezas

O q será q remexe debaixo da mesa do ambulante?
Qual destino dar-se-á à Cervantes?
O câncer não dá sossego um só instante.

Na volta do moinho
curvas em redemoinhos
desfiam horizontes

Nos olhos d’água velas se enlaçam no mar.
O cheiro de terra molhada gruda no corpo.
Rastros incendiários cortam escuridões.

Enquanto remos sacodem rimas,
ventos sopram águas bailarinas,
dançamos em acordes de sol...


sábado, 14 de março de 2015

Manifestação de amor...

Invada meu mundo
Passeie pelo submundo
Lamba o q existe de imundo
Dispa-se! Revire mundos
Descubra-me. Descubra-se
ao me descobrir em vc...

quarta-feira, 11 de março de 2015

A batatinha do santo Antão...




Batatinha qdo nasce
faceira se espalha em ramas
Sem saber como se ama esparrama
sonhos de grinaldas pelo chão

Cabrocha qdo é de rocha
desabotoa-se dengosa
Em laços e carícias desabrocha
a par e passo com a emoção

Face ao q gosta, e goza,
faz-se viçosa com perfumes de rosa
Rompe fronteiras, quebra espelhos
e a imagem de santa de então

Aliás, já não é mais segredo
Há tempos não trás papai no bolso
Mamãe, com todo respeito, nem sabe
em q parte do corpo bate seu coração

Ao fim de cada dia vai dormir
sem fazer preces à virgem Maria
Com alegria agradece as vitórias
e conquistas ao santo Antão

Nunca se viu tamanha devoção...







Vitória de Santo Antão é um município brasileiro localizado no interior do estado de Pernambuco.
Santo Antão, também conhecido como o santo Eremita, foi um santo cristão. Segundo relatos viveu até os cento e cinco anos.

terça-feira, 10 de março de 2015

A fantástica fábula das andorinhas...



No reino das andorinhas os pesos têm a mesma medida.

Não existe mistérios no ministério da justiça. Ela é real e a todos igualmente estendida, se merecida.

Se andorinha fosse Picasso não pintaria Guernica.

No reino das andorinhas dos peitos da rainha jorram o mel. Seus olhos são vitrais emoldurados por cílios e cios. Seu corpo um altar de sacrifícios, a refletir abismos, a estimular fantasias nos enlouquecidos mortais.

Quando empossada, com as mãos espalmadas o rei fez reverências com bem vindas saliências. Ajoelhado em seu colo lhe abriu as portas do reinado.

Andorinhas voam. Sabem q não cabem na pele da santa. Guardam-se e aguardam-se em segredo sem temer o faz de conta. No sol da meia noite do reino das andorinhas até Baryshnikov dança.

Todos cantam os encontros e dançam as despedida conforme a batida q abre a porta de suas esperanças.

Todos os dias, mal o sol desponta, no chacoalhar dos peitos da andorinha rainha, o rei colhe fábulas de Amélie Poulain...








Montagem sobre fotograma do filme “O fabuloso destino de Amélie Poulain”, dirigido pelo francês Jean-Pierre Jeunet.

sábado, 7 de março de 2015

Suspiros de alcova...




Tua bunda
Inunda
Meus olhos
Faroletes

Sigo a risca
O corpo desliza...

Chego
Aconchego
Me recebes
Escorrego...

sexta-feira, 6 de março de 2015

Perfeita tradução da flor...



Você é poema. Sua presença
é canção q sinto prazer ao ouvir.

Na verdade você é mais q canção.
Muito mais q este poema q faço.
Muito mais do q lhe digo.
Muito mais q um jogo de palavras feitas
alimentadas neste estranho amor.

Colado no seu corpo poema
escuto canções q falam de luxuria.
Leio e releio teus detalhes.
Na tua abertura vejo a porta
aberta às minhas loucuras. Nuas e cruas.

Pássaro acompanho teus passos
Apaixonado lhe faço. Lá dentro, bem dentro,
toco com firmeza teu ventre.
Tuas entranhas me devoram.

Seguro em teus cabelos
tempero a boca em teus peitos.
O direito e o esquerdo.
Os carpelos saltitam na saliva.
Tuas formas têm sabor de vida.

Vida q encontrei em teus braços
Quando, no primeiro abraço,
fomos a fonte, a inspiração
de todo o nosso calor…

La anatomía de una flor…



Tu es poema. Su presencia
es la canción que me gusta escuchar.

Aunque, de hecho, es más que una canción.
Mucho más que este poema que lo hago ahora.
Mucho más de lo que te digo
Mucho más que un juego de palabras
hechas y alimentadas en este extraño amor.

A la deriva en su cuerpo poema
escucho canciones que hablan de lujuria.
Leo y releo sus detalles.
Veo en su apertura la puerta abierta a mis locuras.
Desnudas y crudas.

Pájaro acompaño sus pasos.
Después de unas pocas horas
encaprichado reparto las pétalos de su flor.

Dentro, muy dentro, golpeó con fuerza su vientre.
Sus entrañas me devoran.

Seguro en sus pelos sazono mi boca en sus pechos.
Derecho e izquierdo.
Sus carpelos hinchan en la saliva
Sus formas tienen gusto de la vida.

Vida que encontré en sus brazos
cuando, en el primer abrazo, fuimos la fuente,
la inspiración de todo nuestro calor...