sábado, 30 de outubro de 2010

Gotas na boca de lírio...




Era sábado, passados trinta dias do mês de outubro, qdo vi gotas de lírios em seu rosto. Na pele traços de delicado frescor. No corpo o sumo frutuoso dos delitos.

Era sábado. O corpo em festa viu a boca de olhar cereja borbulhar nos peitos apetitosos de menina.

Vi pétalas de fina flor realçar misturas morenas em suas curvas vivas.

Na dança vi desejos de gueixa. Na contradança vi o brilho da aliança e sua fresca esperança entrançada à carne ainda em brisa.

Era sábado qdo vi a vida ser escrita na borra de seu batom.

Nos sopros de vida q lhe lambia por dentro saltar  noite adentro bailarina no seu corpo agora mulher. No meio de seu deserto em chamas derramar na cama todo o viço das lagoas.

Banhada e nua assanhar passarinhos no vão das coxas encharcadas de tesão.

Braços e antebraços grudados entre as pernas, senhora de si, escravas de suas mãos, a esquadrinhar o espaço de sua fresta em festa.

Era domingo qdo vi seu corpo desabar. Estava ainda mais bela.

Desatada, domada, suave, eterna...



quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Âmbar...

A tarde é ruge
e tem sabor maçã
À tarde ruge
qdo ela surge
com seu batom...

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Cavalo doido...

Pensava viver um mundo
Sonhava um amor profundo
Desses q nos deixa sem rumo
com o coração vaga-lume
indo até ao fim do mundo
para em teus braços dançar

Canto de sereia...

Resposta a Roseana Murray...

A sereia vive na beira
De seu próprio precipício
Tem o encanto como ofício
E não faz nenhum sacrifício
Qto a sua alimentação
A sereia traz em cada mão
Um espelho e um facão
Com o espelho atrai marinheiro
Para depois sugar por inteiro
Todo o amor escondido
Em seu incontido coração
Quer melhor refeição?

Depois dá outros mergulhos
Nem importa se for no escuro
Só para ajudar na digestão...

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Carretel saltimbanco...



Galantes saltimbancos
Com agulhas afiadas
Desalinham línguas abusadas
Descosturam estruturas
Desenrolam versos de bordel
Pinta e bordam. Transbordam
Músicas nas linhas da palma das mãos
Saltam... Batem palmas
Cantam... Cantam... Cantam...
Na ponte sem alianças
Dançam... Dançam... Dançam...

Toldo dos dias...

Acordo
Leio seu recado
Desligo o computador
E saio plugado
Todo dia é quase
Sempre igual. Normal
Acordar com vc

domingo, 17 de outubro de 2010

Joana dark...





Dona de si a dona de casa caminhava pela rua
Solta e sem nada por debaixo de sua saia.
Ao chegar em casa, toda molhada,
No apagar das luzes da sala, pela primeira vez,
cometia a ousadia de iluminar a propria senzala.
Como uma janela aberta num quarto de lua
Fez-se crescente e experimentou a emoção
de, pela segunda vez na vida, se sentir inteira.
Segura de seus desejos agarrou seu pelourinho,
fazendo carinhos em si mesma com exímio fascínio.
Ao reconhecer cada parte de su'alma q ardia
Amanheceu o dia com seu corpo desfalecido,
Como em tempos idos, queimado pela paixão.


Trânsito sideral... Sinal universal...



O sinal diz: pare! Vc dispara
Qdo dispara, vc diz: -Pára!
Pense! Repare! Fale! Os sinais estão acesos
No alto, em auto-relevo, flecha certeira
A espera. No sinal verde o q revelas?

Paradoxos trotsky... Lovely mama doc...



Segundo a lenda, mulher qdo nasce com bigode nem o diabo pode. E não adianta raspar, q a rapadura é fornida na cana. Além de sacana a danada ainda é encardida. Todo dia muda sua senha e atrevida se enfia no escuro do tapete sem efeites, feito trem descarrilado, de fornalha acelerada e aquecida na lenha. Sabe q o diabo não é tão feio como pintam e os chifrinhos, q bonitinhos, são apenas petit deslizes de carinhos q lhe põem na cabeça.

Por tese nada é real até q aparece. A primeira imagem fica até q a segunda desmistifica, mas amor q fica é o q lubrifica. E conforme se apregoa as pregas não fogem a regra à-toa.

Mas eu falava de bigode. O q me lembra Trotsky dançando fox trot com Frida, pelados e assanhados numa cama desarrumada comprida. O complexo ideário comunista não poderia ter melhor analista. Como tdo na vida se inicia e finda, seja aos prantos ou nos encantos das veredas tropicais de uma vagina florida. Ventos de um outono despertando pétalas na primavera de praga. Enquanto a classe operária proletária quebrava pedra o caboclo fornicava e entrelaçava sua vasta prosopopeía nos bigodes pubianos da moça em questão. E q pelo visto deveriam ser fartos como mata virgem protegida pelo ibama.

Viver é decisão. É correr risco de antemão. É lamber o ócio da solidão e se embriagar de vida num abraço dado com tesão. Viver sem dramas os dilemas. Saber sair de cena sem aplausos. Entender q o respeitável público por educação é obtuso e quase sempre confuso. Aplaude qq porcaria, desde q lá fora tenha estabelecido recorde de bilheteria.

O tdo ou nada do q seremos e como pensaremos será resultado inevitável do tráfego e de nossa conduta. Seja no q se permite, seja no q se assume. Seja! Assumir até no q se dilui. Aceitar o resumo da prosa e q a ópera por vezes explode sem nada resolver. E isso não tem nada de divino ou maravilhoso. Em terra de cegos se costuma reverenciar bispos e horários nobres. Coisa de pobre! Aliás, nos bastidores nem tdo parece ser tão nobre, posto q é poste quem ainda acredita na boa fé de quem conduz o PT.

O processo da vida é socialista. O q diversifica é a maneira como cada um reage às circunstâncias e as ações do tempo. Alguns pensam. Alguns lamentam. Alguns sim. Alguns não. Mtos sem qq razão. Gado surfista sobe na onda com medo q a vaca leve tudo para o brejo. E por segurança e precaução é preciso se estar inserido em algum contexto q receite a forma adequada de agir e pensar.

Siga as regras e ganhe automaticamente uma estética! E a promoção ainda inclui variadas formas de fonética. Tem para toda classe social e marginal. Que tal! Só não aceitamos devolução.

O q é isso companheiro? Remorsos são ossos duros do suplício devoto de quem se absteve de pagar as duras penas do ofício de viver de forma ondular sem se enquadrar. Agora é tarde e Inês está morta de sono. Remorso é papo enfadonho de quem se fingia sonsa, mas na sombra tinha o rabo arrebanhado pelo coveiro ou cravado pelas garras de uma ave de rapina. O dedo em riste sempre fede qdo amolece. É triste e tem cheiro de latrina.

Se há alguma razão em se alardear alguma moral nessa história. Percorra-se a qq hora enquanto é hora. Nada consome mais do q viver de esconde-esconde. Vida se permite e se agiliza. Não se sacrifica e nem martiriza. Assume o gosto amargo das próprias feridas com suaves lambidas. Tal e qual Frida.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Um instante maestro!!!

Em silêncio vc é fonte
Olhar q inspira
Pensamento q escorre
Qdo quero estar
À-toa com vc, em paz
O pensamento voa
em asas de borboleta

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Universo belo... Inverso verso paralelo...



Um mar q se derrama. Onda q não se quebra. Correnteza q arrasta o vazio e o transforma em arte. Vida q transborda na pele e percorre a terra q a recebe e acolhe. Vida q salta aos olhos até onde a vista alcança. E não se cansa. Lá vcs a poderão encontrar. Na região abissal é possível vislumbrar o farol q ilumina o fundo do mar e da alma q divisa e divide os dilúvios nos mares de Mariana.

Uma das mais talentosas expressões de vida q tive a oportunidade de conhecer. Sua percepção percorre a sutileza do óbvio. Sua visão ultrapassa léguas e léguas qq tentativa de diálogo baseado em simples fatos. Atos falhos, tolices ou crendices. As portas de seu imenso castelo nunca serão abertas com chaves mestras ou enferrujados chavões.

O seu universo não ocupa e nem se encaixa nos limites de espaços generosamente concebidos. Mto menos é possível defini-la com concepções bem articuladas, mas destoadas dos sentidos q explicam o vôo dos pássaros. Suas cercas não reconhecem fronteiras. Impedi-la de voar é besteira. Ela é por inteira uma onda gigante. Uma tsunami ainda sem nome. Uma sobrevivente mineira capaz de respirar o escuro das profundezas com temível destreza, apenas para não ter rachada a terra onde estão fincadas suas sólidas raízes. E assim, mesmo sem ter uma exata explicação, manter intacta e protegida a semente da vida q carrega em seu olhar, presa nos traços da palma de sua mão.

Despertar é só uma questão de fé. Flor ela já é. Os frutos, no tempo certo preencherão com seus sabores as cores de um desenho ilógico, é lógico, pois ela foge a qq lógica. Sua ótica é compreensível somente a quem enxerga com as lentes transparentes e universais do amor.

Ela é singular, mas sua essência é plural. Em nada é igual. Portanto estejam prontos ou simplesmente estejam cientes do tanto q representam ao seu olhar. Se não conseguirem entende-la, não se preocupem. Basta vive-la. E se por acaso se sentirem perdidos, não percam tempo olhando para os próprios umbigos. Percebam. Estejam abertos ao imprevisível. Ao q não se vê, mas se sente ser. Somente assim seus abraços terão asas e serão o abrigo onde poderão sentir o q eu digo, e ouvir tdo o q ela ainda tem a dizer e mostrar. Vcs vão ver... Uma ferida com o tempo cicatriza, mas uma Frida ninguém cala. Abram alas!


Conhecer é preciso. Viver mto mais...
www.artesingularis.com.br


terça-feira, 12 de outubro de 2010

Mantra doze...

Não se conta o q não soma...

João e Maria...



Hj o dia nasceu com sede de querer viver
Olhei para mim e vi vc
Flutuando em sonhos e coloridos balões
No teu sorriso vislumbrei passárgada
Sem pensar em nada lhe estendi a mão
De mãos dadas saímos pelas calçadas
Cantando alegres canções de passarinhos
Saltimbancos sem planos pela estrada a fora
Como fazíamos outrora, qdo saíamos
Sem pensar em hora, apenas para pescar
Raios do sol com o nosso imaginário anzol
Pelo caminho espalhávamos sementes
Soltos e contentes, a ninfa e o duende
Alimentando carinhos e solzinhos
Saboreando cores no bosque da redenção

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

ton sur ton...

A felicidade tem cor
Vermelha manga rosa
Verde arvore frondosa
Beleza borboleta azul
Cinza penumbra tango
Blues sabor morango
Olhos acesos pirilampos
Lençol melado branco

O amor tem reticências
Coloridas transparências
Aroma e fina essência
Cheiro danado de bom
Marfins cetins crepons
Bombom batom ton sur ton
Pele de brilho neon
Furtacor viço camaleon

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Recado aos dados...



Mudanças de ventos
Mudanças diárias
Mudanças de hábito
Mudanças de ar
Mudança de risos
Mudar o impreciso
Mudar no q for preciso
Mudar como muda a muda
Qdo sente vontade de crescer

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Rapunzel...

No céu teu véu
Doce favo de mel
Um menestrel ao léu
Beirando Rapunzel
No alto das fronteiras
E torres movediças

Na punta q segues
Faroletes and farwest
E um ingênuo agreste
A fazer serenata
Em noite sem lua
Molhada de vc

domingo, 3 de outubro de 2010

Confissão...

Minh’alma é um vulcão
Meu sangue é a paixão
Qdo toco o violão
Faço serenatas pra vc

sábado, 2 de outubro de 2010

O tubo pós tdo...

Gozares celulares
Segredos em mesas de bares
Devagar divagares
O parabrisa vai e vem
Por não ter quem segure
Seu diapasão sem razão

No vale do rio preto
Branquinha segura o enredo
E já não é segredo
Até quem está preso vota
Nesse túnel tdo se revoga
Até seu direito a emoção

Saudades... (2)

Ver. Reaver. Querer.
Tecer palavras q se espalham
Em lençóis meu corpo lhe deita.
Passeio pelas lembranças...

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Faroeste caboclo...



Encostei meu ouvido no teu umbigo e ouvi vc dançar. Duas mãos riscavam sombras na parede, como dois ponteiros de uma bomba relógio solta e sem hora certa para detonar.

No espelho d’água percorri tu'alma em cada uma das palavras q revestia teu corpo. Velas acesas sobre a mesa dançavam chamas pelo corpo em chamas, a iluminar penumbras na pele e no oráculo ainda encoberto.

Subitamente vi vc caminhar sem pressa pela nave principal. Sem nenhum obstáculo despias as derradeiras vestes pelo tapete bordado de sangue, ao mesmo tempo q desabotoavas os sonhos com versos soltos entoados aos gritos, regozijos e aleluias.

No silêncio da rua, em plena luz da noite, dois estranhos saltavam sobre as fogueiras sem deixar rastros ou levantar poeiras. Dançaram assim a noite inteira, como se fossem as únicas estrelas na aurora boreal de um faroeste caboclo.

Tanto...



Tanta coisa... Tdo contudo simples
Pura e simplesmente. Somente
O verbo em seu estado presente

Na penumbra de um porto ainda incerto
Sem agonia a natureza rebusca a beleza
Respira nas veredas a pegada do animal

No meio dos versos tropeço
E me agarro a um tanto querer, e bem
No trilho do zen descarrilo meu trem

Além rabos cometas e entradas bruschettas
A dama se derrama e engole o mundo
A trama e o poeta vagabundo