terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Saravá virada... Revirada constatação...



Para cada batatinha q nasce zilhões de baratas renascem, no bater de palmas, esparramadas pelo chão. Taças brindam anunciações. 

Todo ano aparece de vestido novo. Sobre o tom a cor do ovo de algum Colombo.

Se o galo canta a galinha faz eloquente defesa dos pintos. Bate asas, cisca, mas não voa. O passarinho voa. Não à toa a barata tbém. A diferença está no teor da loa, no verso em q se ecoa a busca do sentido, sem noção de direção.

Quando a cegueira é febre o dedo acusa a justa causa e o q causa comoção.

Por uma questão lógica, e não semântica, sete são os dias da semana. Por alguma reação ilógica renovam-se as esperanças. É comum ver branca de neve mimada “botando a banca”. No fio da navalha, toda mijada, vara nas madrugadas de seus anões.

Em sendo o q se pensa, é melhor repensar se compensa modificar o estatuto da criança. Seria mais razoável ajustar a tara da balança. Enquanto alguns enchem a pança, a besta encurralada descansa o peso de suas desculpas.

Na transfusão de gangues as alianças favorecem algum cristo metido a redentor. No alto do conglomerado ergue o braço e, politicamente repete corretamente o nome do libertador.

A borboleta faz pirueta no ártico. Bem sabe q nem todo pagode é russo. O q esperar do amigo urso?

Nas malvinas não se dança tango. Filho de peixe sempre foi coisa para inglês ver. Nas barras da saia de buckigham Cristina mantém o luto sem perceber q a faca tem gumes.

Todo benefício legal tem seu lado impróprio para o uso. Como afirmar q o ano é novo, se ninguém sabe o q acontecerá na próxima estrofe?

Nos dias de hoje todo senso é crítico para o sensor defensor do próprio umbigo. Até amor q fica critica abertamente a liberdade q não se cria.

Com o rei de paus nas mãos a dama exibe o valete com todas as honras. Em uma orquestra de câmeras a sereia ilumina o rabo na cama. Nem com o estardalhaço dos contraltos ela desafina o timbre de seu afamado recato.

Nos barracos da cidade o sonho de consumo é consumido no estampido. No asfalto iluminado festeja a própria ineficiência, prestando continências ao seu agressor.

Bendito fruto q se gerou...


domingo, 29 de dezembro de 2013

Ponta de unha... Cachaça brejeira...



Quando tomou a rasteira acreditava ser mestre na capoeira. Com instinto escaldado, no pulo do gato saltou de lado.

Do outro lado beijou a lona e a rama com ternura brejeira.

Apesar da aparência não havia zona de desconforto. Ali a atriz não se valia de ardis para compor suas máscaras. No máximo disfarçava, nas curvas, a exposição exagerada de algumas carnes a mais. E nada mais. Nada demais para quem sabia lidar com o movimento das dunas.

No mais costumava jogar runas, mas, por via das dúvidas, perfumava os atalhos de suas linhas costeiras.

Sem prescrições draconianas desatou, com a ponta das unhas, os nós e fricotes dependurados no decote de seu vestido surrado.

Não entendia nada de Kant ou discorria sobre teorias freudianas, mas sabia ser sacana como ninguém.

Seu único segredo era interpretar a si mesma...


sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Ratos e urubus... Recorte e acordes...




Toc! Toc! Toc!

Na sinuca de bico o bater da porta deu imbróglio no umbigo.

Folheando suas últimas páginas deu saudades de quando escrevia e respondias com sinais de approach. De lá para cá o tempo desgovernou. Na flor q beijei flori. Teci. Assuntei. Revivi. Resguardei parte de mim. Com o q restou de ti fui por aí...

Toc! Toc! Toc! Insistiu pausadamente o ano novo.

- Percebi q mexeu no blog. Reli teus comentários. Revi meus sonhos. Etc... Etc... Etc...

Eteceteras acendiam Maria da luz Açucena. À caminho das índias o ciúme mudou o buquê de seu perfume.

Cantei Maria Helena toda vez q toquei seus cabelos negros. Naveguei "la barca" na águas cor de jabuticaba de seu olhar. Quando descortinei minh’alma pulei sete lagoas. Dancei valsas imaginárias sobre a neblina, em garoas ao te abraçar nas esquinas.

- Desconfie de quem se emocionou com os favelados de Joãozinho Trinta. Desconfie do jeito q se conserva a Amora. Lembre-se de manter a Aurora abaixo dos 30. Acima disso, caro amigo, o parafuso rosqueia o q resta de juízo.

Onde o sol nasce gaivotas bailam sem disfarces. Cromossomos denunciam o q somos. Bendito seja teu fruto!

Beijosss da sempre menina Mae West... PS: No post, please!

Oh very young! What will you leave us this time?

- Seu garçom faça o favor de deixar a cadeira vazia...





Maria Helena é uma canção de Francisco Alves.
La Barca, composição do cantor mexicano Roberto García.
Joãozinho Trinta foi o criador do enredo “Ratos e urubus, larguem a minha fantasia”, da Escola de samba Beija-flor de Nilópolis, RJ.
Mae West, de tantos montes sudoestes, atriz norte-americana, cujo verdadeiro nome se esconde em “Oh very Young”, de Cat Stevens; com exatos 37 acordes de “Cadeira Vazia”, de Lupicínio Rodrigues, cantor e compositor gaúcho.


segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Bordados e abordagens...



Com palavras de fino recato bordava nuvenzinhas algodãozinhas, todas azulzinhas, na barra da saia. Com receio dos furos e dos perjúrios escondia seu delator no dedal.

Sem passe livre no passado coloria o futuro com lápis labial Dior. Dentro da bolsa outros guardados. Bordados e abordagens. À luz da janela um gato de olho na estrada. Por trás da cortina o semblante desconfiado.

Escrava de um amor próprio e cego, de olhos fechados escorava fins de tarde em postes sujos de porra. Ao voltar para casa passava escova na roupa. Nas coxas ensaboava saudades.

Viveu preservando a imagem da santa, com a flor da idade nas mãos...




Montagem feita em obra de Pieter de Hooch, pintor dos países baixos.


domingo, 22 de dezembro de 2013

Branca na neve... Travessa latinidade...



Respiro su buenos aires. Nos caminhos del libertador San Martin me segura pelo braço e alerta: - no se deje engañar, no hay Moisés que parta los amares, ni fantasía que distrae la ansiedad que llevas contigo.

Na marina del sol observo seus anzóis a catar ventos. Tomo banho na lua q descreves. Penso alto. Esmiúço travessuras. Branca como neve declamas faceira receitas de pirlimpimpim.

A travessa besuntada com fina prata reflete sua verdadeira face.

Na costa incidental o rio margeia ladainhas, tanguerias ribeirinhas e sinhaninhas estendidas no varal.

Suspiro qdo esbelta cruzas la calle. Latinidades ardem em suas carnes.

Coisa mais linda é seu rebolado, tão cheio de asas, a passarinhar...




Composição misturando grafite da estação de Tropezón, em Buenos Aires, e seu rebolado cruzando a Borges de Medeiros, em Porto Alegre, no rio grande q banha o sul do Brasil.


terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Uivos de lua... Banhos de mar...




Essa noite acordei no uivo da lua.

No começo baixinho, misturado ao burburinho, no balanço das ondas revirando areias costeiras do lugar. Levantei de onde estava e segui às cegas em sua direção. Beirando curvas deixei rastros para q ela pudesse me encontrar.

Conforme fincava os passos vi meu corpo riscado, por todas as partes, no seu dorso perfumado: no compasso de seu uivo, cada vez agudo, cada vez mais alto.

Essa noite ela me banhou. Depois fez estragos...

Quando, mais tarde, o sol acordou preguiçoso a escondi em meus braços. Adormeci com sua luz colada ao peito. Revirando na areia seu cheiro me fez, outra vez, sonhar...


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Pedra que afunda... Davi e golias...



Pronta para o arremesso engoliu os derradeiros dias de sua inútil agonia em paz.

A espera do inesperado, cética de amor, desejou o encontro q a arrastasse pela vida; muito embora o agora fosse a sede do beijo q nunca saiu de seus lábios.

Duzentos e tantos membros em suas mãos. Uma coleção de manhãs e uma delicadeza cansada de começar do zero, todo santo dia...


Jealousy curtume... Assobio de ciúme...




Agora o mundo é “selfie”.
Valha-me! Até Obama
achou bacana surfar na onda.

Na flecha preta do ciúme
Tanta gente canta. Tanta gente rala.
Algumas esticadas no curtume.

De noite ouço lennon na cama
Fico pensando: Michelle, ma belle,
temos Denilma na casa branca?







Assobiando “o ciúme”, “de noite na cama”, de Caetano, adormeço ouvindo “michelle”, de Lennon e McCartney

Selfie é um neologismo do termo self-portrait, que significa autorretrato. Foto tirada pela própria pessoa com um celular e compartilhada na internet.

Denilma Bulhões, ex-primeira-dama alagoana que, segundo se noticiou, batia no marido com uma toalha molhada.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Ave suicida... Rebuliço de saia...



As mãos descascam a pele
No vão do rebuliço
o quadril roliço provoca
Enxurrada no vinco da calça.

Eleito o réu e o pleno
a mão suicida flutua obscena.
Por entre fendas
a cobra cria asas.

Depois de tanto fuçar
a dor corrompe o prazer.
O amor se declara
no cheiro de corpo suado.

Denunciados
Até a última instância
Voam belos, em paralelo,
sem bater asas...






Pinceladas sobre o quadro “Lovers in a red sky”, de Marc Chagall

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Linha às avessas... Estilhaços de baião...



Caminhava sobre pedras arremessadas.
Sabia q o silêncio além de não levar a nada
abria a vala onde enterrava a outra face.
Justo a q faltava para a moeda rodopiar
no cimento armado, lépida, por inteira.

No girar do carrossel senhorinhas faceiras
montavam dóceis cavalinhos estáticos.
Quem fugisse à regra era posto de lado
como reza o costume barrado no baile
que antecedia o domingo dedicado ao Senhor.

Por todo lado ecoava sons de estilhaço.
Vitrines protegidas por tapumes escondiam
os rastros de ternura amordaçadas na esquina.
Um misto quente ardendo goela a dentro.
Um suco de fúrias a liquidificar a dor.

Longe das vitrines se oferecia em cultos
devotados ao oculto devasso e embriagador.
Contrariando o roteiro grudado no espelho
enfiou as mãos no decote e tocou os seios.
Pela primeira vez o silencio se revelava mortal.

No dia seguinte as vitrines continuavam arrumadas.
Do mesmo jeito as pedras seguiam sendo atiradas.
No inferno não se repara no corte do terno
ou nas adequadas linhas pinçadas no tailleur...

Naquela noite quebrou a travessa de arroz doce...