sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Duras molduras... Iluminada cegueira...



Algumas coisas fazem sentido. Outras nem tanto. Algumas, contudo, como por algum encanto nascem sem precisar de raízes; e se espalham de tal maneira pelas paredes d'alma feito ramas trepadeiras, q ficamos incapazes de perceber sua exata medida. E justamente por sua inexistência, naturalmente se faz sentir povoando os poros, ocupando os espaços por todos os cantos em q se percebe o mínimo sopro do possível.

A vida por uns instantes parece ouvir um mantra. Embalada em incontroláveis bailados abraços costura invisíveis laços nas cantigas a dançar cirandas diante do olhar. Sem se dar conta em q fase a lua se encontra respira o cheiro da onda. Sem buscar entender o pq de repente todos os dilemas desaparecem no q parece ser uma grande festa, e nada mais resta, senão se deixar levar...

Quem haveria de explicar a magia q faz nascer o dia dentro de cada um? Quem haveria de entender a escuridão neon da noite, seus rompantes ácidos e doces lampejos açoites?

A todo instante zilhões de órbitas trafegam simultaneamente em colossal desordem. Cada um com sua ilógica forma de encarar a própria loucura com indisfarçável ternura. Independente a tdo os passarinhos cantam. As cobras serpenteiam diante de espelhos suas línguas bifurcadas, a apontar seus venenos em todas as direções.

Saúvas salivam salivas. Salve-se quem souber! Já não há salvo-contudo para quem não veste o luto e nem acredita na lógica patológica dos deuses. Em módulos panfletários a audiência preenche cada um dos quadrados com sua demência e gritos de ordem cada vez mais ululantes e ensurdecedores. Olham sem espanto as portas de saída trancadas com pesados cadeados. Marcha soldado de volta para o quartel. A ilusão não necessita de anel. A emoção não se registra em papel desgovernado no trânsito de um rodoanel.

Senhores passageiros ocupem o vazio de seus luares, pois a noite é uma criança parida sem cordão umbilical.

Entra ano e sai ano, e nada do ovo da serpente se partir. Nada mais causa espanto neste admirável mundo louco. No oco do côco tem a lama onde dama se lambuza e saboreia o próprio drama. Em sua cama, depois q retira o disfarce ela respira fundo sem fazer alarde. Já não recusa os olhos q lhe desnudam. Na penumbra do quarto, com seus braços estendidos sonha diante de um cristo adormecido e longe, mto longe de ser o seu redentor. Ela pensa q engana, mas nada a segura qdo seus olhos se fecham e, enfeitiçada, mais uma vez se lança na esperança de um dia ser feliz.

A justiça é cega. A fé cega. Cega, ela não se apega, mas esfrega na pele o q lhe resta de ilusão.