sábado, 28 de agosto de 2010

If a had you... (re)versão

Azul imã
Irmã magnética
Bela chama.

Lúmen de rama
Dulce felina
Lâmina dama

Madre de cios
Deuses vadios
Gozo beira rios

Métrica coral
Saliva lima
Língua dorsal

Cobra poética
Desespera esperada
Solidão à mão

No corrimão
Rima marina
Chama em chamas







Azul imã
Magnética rama
Lúmen lâmina
Felina dulce
Proust dama
Madre de cios
Deuses vadios
Estreitos beira rios
Métrica língua
Saliva coral lima
Corrimão à mão
Percorre a rima
Emoção e solidão

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Uns zuns e outros zunzuns...




Uns são. Outros zanzeiam em vão. Uns sereiam algumas cerejas. Outros clareiam na luz das estrelas. Alguns nunca serão. Nem no outono verão. Uns desejam e sem pressa vicejam. Outros versejam, mas sem rima fraquejam. Alguns abraçam baluartes sem maldades. Enquanto outros se vestem com palavras. Transgridem e até agridem. Divagam tanto q disfarçam. Alguns algozes levantam suas vozes. Outros se queixam de algures e alhures algozes.

Uns insistem. Outros não resistem. Alguns, cedo ou tarde desabam ou desistem. Uns seduzem com a intensidade de suas luzes. Outros se iludem contando virtudes. Alguns esperneiam com justificativas e desculpas alheias. Mergulhados em dúvidas esbravejam.

Uns tateiam cegos e surdos. Outros batem a cabeça no escuro. Alguns trafegam dispersos e sem direção. Mtos acelerados seguem obtusos na contramão. Uns se mostram confusos e sobem em cima do muro. Alguns tantos, entretanto, se largam no meio da estrada. Outros nem percebem a emboscada.

Uns tentam, mas não levantam. Outros conseguem, mas logo cansam. Uns se acabam na cana. Outros nem escondem seu lado sacana. Uns se divertem na cama. Outros arrastam na lama. Alguns se acendem na chama. Outros aquecem, mas logo revelam seu drama.

Quem mto espera, por vezes desespera. Quem vive a procurar nem sempre tem a certeza de achar. Alguns se esborracham. Outros racham. Para uns ela é dura. Para outros se revela da forma mais bela. Uns kinderovos. Outros cinderelam. O certo é q a leveza da vida é insustentável para quem não sabe viver. Bem q dizia Kundera...

Kundera pudesse todo mundo compreender, Milan, quem dera! Ser verão o apogeu, tanto da borboleta qto da cinderela, q debaixo das capas base asas, mas não escapa de suas mazelas. Um dia, quem sabe dona Maria, a humanidade enxergue q há luz no fim do túnel e acabe cansando de tanta hipocrisia. E a ilusão do "super homem" nunca mais precise vestir a farda desconfortável de vigia... Aleluia!!! Ela sorrindo diria...


Ao final, uma bem vinda interferência incidental, nada acidental, da música "super homem" de Gilberto Gil

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sonhos e valsas... Becos esplêndidos...




Inverno se fazia confuso de nuvens esparsas e tempos rasantes. Contudo os sonhos continuavam de pé como ovos confeitados encaixotados, abrindo o apetite e os olhos acostumados a confetes da madame viciada nas varandas da colombo. Tdo se repete e permanece como dantes no estético inferno de Dante. A estrela continua a brilhar consoante a média temperatura do ar no céu de Abrantes.

A linda baby se ajeita como pode e declara q solta lavas no lençol. No love baby is dog e provoca overdose in baby doll. No mais tdo transcorre sem deixar pistas aos olhos e nem as revistas, de sol a sol.

Qdo anoitece a fauna travestida de flora sai a procura do seu devido anzol. Aos beijos a fulaninha saboreia um pão de queijo beirando a calçada. Na sala discutem-se as questões e desilusões acima de qq razão. Em modelos cavados potrancas escondem as pelancas, dançando fox em trotes, insinuando galopes. Com gargarejos em gargalos e galões dão goles cocoricoques fingindo não me toques. No entanto rebolam na vara safada e escroque, embaladas por ondas q devastam as marcas de orgasmos chicotes.

Na margem direita do rio nem o cristo se salvou. Tdo continua indo e sorrindo conforme o andamento do seu maravilhoso hino. A moçada enfeitiçada continua embalsamada e achando tdo sempre mto lindo. Na esquerda pacificada e desgovernada os filhos e netos da juventude dourada engravatada sobem e descem de forma acelerada as escadas dividem a estrada. Na linha amarela o bloco dos contentes, com seus olhares atentos se protegem dos tornados e soldados q vigiam os acessos a br-3.

Acorda Brasil para escutar, o show do Antonio Carlos está no ar...

Na outra margem da lagoa Alzira cruza a Ipiranga se equilibrando na canoa. Vestida de fada atravessa a rua sentindo a pele molhar na fina garoa. Do alto de suas tamancas passa por cima da lama cheia de banca. Se a zona é franca e a carne é flácida ela segue periguete a mascar seu chiclete. Sonhando com valsas esquece a desgraça chupando pitanga. Só não se entrega e nem perde a esperança. Faz fotos no lual e manda carta pra bial. No fim de tarde requebra no brega. Não nega q adora um esfrega. Desses q o suor escorre na testa e as frestas pulsam e fazem festa.

Deixa q digam... Que pensem... Que falem... O show tem q continuar. Vem para cá! O q é q tem? Afinal, não ela deve nada a ninguém e na bolsa de apostas ainda vale um vintém. Copacabana esgana, mas finge q ainda é bacana. É tdo frágil e doce. Mas, quem realmente se importa? É tdo tão superist, superlativo e relativo, q é bem capaz de q a noite reveja Jorginho, cheio de wiskie, dançando twist no copa, com Alicinha a tiracolo contando lorota.

De tanto subir e descer a rampa, em meio a fumaça o conga suado aquece a milonga. Do outro lado do túnel a zona sul permanece no escuro. Cada qual na sua onda. No duro mulato dos subúrbios, Patrícia se encostada no muro com brilho nos olhos. Sente prazer e o chão estremecer sem saber q bem longe do esgoto, com o mesmo calor e alvoroço sua mãe seduz algum moço. Strangers in the night percorrem sem pressa o quarto de cortinas fechadas e pernas estratégicamente expostas e abertas, despertas a meia luz.

sábado, 21 de agosto de 2010

Dulces dominós... Dominus dons...




Montado em sonhos quixotes o poeta seguia em seu galope pela estrada observando as palavras descreverem mirabolantes parábolas nas folhas de um futuro em branco e incerto. Por instinto mantinha um trote q lhe permitisse perceber com razoável nitidez os sinais de sua natureza, mesmo q, por vezes se deixasse levar sem uma clara razão ou a mínima noção do q iria alcançar.

Na maioria das vezes vestia-se com cores maracatus de alegria, atravessando o dia de braços dados e adornados de sutil energia, em danças e gingados crescentes em ardente folia. Muitas vezes sentia a escuridão riscar sua pele com insolentes açoites de solidão. Então mergulhava em profundo silêncio, deixando seu pensamento solto solver o gosto amargo dos esgotos, enquanto su’alma, com a imaginária espada em punho escalava os muros frios da realidade, embrenhando-se numa luta inglória contra os ferozes e traiçoeiros dragões da inquietação.

Ainda q sentisse seu corpo coberto de manchas, não soltava as amarras q prendiam as sementes de uma esperança guardada em seu coração criança. Ainda q se sentisse mtas vezes sem rumo, seu coração vagabundo escalava montanhas, desafiava mundos à procura de um incerto amor onde pudesse se lançar e navegar em paz. Sabia q não poderia evitar a atravessia na corda bamba q equilibra o amor e a dor. Sempre sobrevivera as torrentes de inesperadas tempestades. Sempre soubera se posicionar diante dos incontroláveis remoinhos. Nunca se deixara levar pelas sincronizadas conclusões de uma platéia atenta aos bordões e chavões. Sanguessugas ávidos por sangue postados confortavelmente em disciplinados hábitos vulgares. Juízes de rabos atados. Meros observadores de olhares passivos e distantes.

Nada disso lhe causava espanto. A vida lhe ensinara a sobreviver na melodia de seu cântico. As agruras e as duras flechas da decepção já não conseguiam perfurar o escudo com q protegia a emoção de um dia estar diante dela, sua única, lúdica e desnuda dulcinéia.

No intervalo do tempo, sentado no palco pela primeira vez, ele pensou o qto ainda suportaria aquele intrigante monólogo. No espaço demarcado do tablado seu olhar percorria o movimento das peças em jogo. Um mar agitado e desconhecido insistia em molhar seus pés.

Batidas secas e firmes de pontiagudos saltos marcavam a entrada helênica da elegante fêmea na cena. Com o olhar fixo em um ponto imperceptível a tantos olhares surpresos com sua inesperada entrada, ela demarcava seu espaço de maneira imperiosa. Em cada passo q dava se livrava das palavras com a simplicidade de quem vivia o teor de tdo o q dizia. Com maestria despejava rastros milimetricamente calculados, fazendo pulsar com incomum intensidade os corpos expostos aos contornos firmes das carnes q se faziam verbos e saltavam de sua boca.

Como de hábito costumava olhar o horizonte além da platéia. Gostava da maneira como o mar molhava suas pernas qdo começava a sonhar com noites perfumadas, misturando o cheiro q ela própria exalava com o suor sargaço q lhe abraçava. Amálgama a percorrer sua alma por inteiro. Saudade era uma palavra q fazia bater sua emoção. Vontades eram palavras q lhe percorria as veias e despertava um desejo latente de voar. Queria bater asas mto além do q permitia seu ofício de atriz.

O olhar atento da platéia atravessava o seu vestido, devassando a silhueta mulher em agonia e imersa em sombras. Cada movimento mímico desenhava detalhes de sua vida encenada na clausurada de textos sem pudor. Uma sarça ardente q nunca chegara a emergir. Um sax dissonante conduzindo sua alma pelo vazio do nada, sem refletir a fome q sentia em viver.

- Tenho sede da noite q ainda não vivi, mas q molha minha boca na vontade de lhe beber. Sinto a fome dos loucos q se devoram. Dentro de mim a vontade me abre o buraco de um vazio e me lança num abismo q não sei se terá um fim. Meu corpo queima no fogo, mas não incendeia.

As inúmeras faces da atriz, até então ocultas atravessavam o palco às avessas, numa investida alucinada e despida contra a luz. Parecia desperta de seu próprio limbo. Saboreava o próprio vômito. E era tanto q havia dentro de si ainda por expelir. Nada daquilo lhe perturbava. Pela primeira vez sorria com os olhos de quem começava a enxergar na escuridão. Pela primeira vez não sentia receio em se expor diante de uma platéia cega e sem noção da verdade q falava. Nem da amplidão com q se entregava de peito aberto à sua interpretação.

Na sua boca o verbo mastigava a carne. Suas mãos macias e indecorosas deslizavam por entre as pernas acesas, num grito de total liberdade. Naquele momento sentia sua vida se transformar. Mto embora ainda não soubesse lidar com tudo aquilo q a envolvia, cada gesto incendiava a fornalha de suas íntimas e alucinadas fábulas.

Voar pássaro sobre tuas cordilheiras
Ecoar no mar este querer prazer
Dançar carícias. Esparramar delícias
Beber sussurros no pescoço a flutuar
Transitar minh’alma feminina no homem q sou
Rabiscar poesias sanhaçus olor feitor
Transpirar soluços. Cutucar impulsos
Festejar suspiros, saboreando viços e suor

As cortinas estavam abertas. O tempo se passava num ato contínuo sem intervalos. Fazia horas q se olhavam e se percorriam. Surpresa, a platéia se levantou sem saber se aplaudia ou esperavam pelo fim. Aquilo não era esperado. A poesia não fazia distinção de gênero. A poesia era simples e até mesmo sem nexo. Explícita por intuição.

A atriz solta em seu corpo. O poeta solto em seu dom. Dominus pascit me nihil mihi deerit. A poesia girava no tablado como se gestasse sua primeira encarnação. Uma cena minimalista de sentidos múltiplos e cores em profusão.

Já não semeavam saudades. Já não lutavam contra a correnteza dos moinhos. Batiam asas se sentindo passarinhos. Deram cambalhotas. Imitaram marmotas. Já não esperavam o princípio do verbo. Faziam versos sem se preocuparem em acordar o tempo ou concordar a rima.

Sem esperar elogios e nem os rotineiros aplausos, eles sumiram pela coxia com as mãos desgovernadas enfiadas entre suas coxas. Sem a menor cerimônia. Sem deixar rastros. A platéia sem nada entender e nem perceber q aquele era o último ato, se levantou calada. Dizem q até hj esperam seu retorno ao palco.

Enquanto isso, bem longe dali, um poeta continuava a galopar sonhos quixotes. Ao seu lado uma dulcinéia sem vestes, leve e feliz, por nunca mais precisar sua máscara de atriz.

No mesmo instante, ainda mais longe dali, Egberto Gismonti dedilhava suave no piano, Charlie Haden acordava o contrabaixo com as pontas dos dedos e Jan Garbarek percorria com seu sax a melodia, em Silence...

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Concordanzia Pascoal...

Menos é mais. Nem mais. Nem menos
Eu, caboclo nascido numa beira de mar
Metido e enxerido, só posso concordar
Qdo alguém me alerta, de maneira certa
Que toda lua cheia, por mais q ofusque
Tem seu lado oculto, qdo vista do lado de lá
O q se dirá da teatral espécie humana?
Não importa se nascida na grama
ou batizada no perfume da grana
Se atolada até a tampa na lama
ou sorridente deitada na própria fama
Entre quatro paredes de quartos de lua
Sempre ocultará os traços de sua face bruta
Qdo abre as portas ou desfila na rua
Retoca a iluminada face lúdica maquiada
Resplandecendo adendos em módulos
sem nódulos, sua virtude performática...

Menos mal se a mala é Vuintton. Viver sugere equilíbrio e bon ton. Mesmo q em certos momentos nada supere o vermelho desejo batom... E o juízo dê cambalhotas, chutando baldes arrabalde, bem longe do divã...

Ditas Damianas... Mares Damares...




Fernando Pessoa nunca soube e com toda a certeza jamais saberá q ainda não conheço Sabará. Muito menos Araxá. Que tenho em minha volta incertos guerreiros orixás. Que minha mente é ativa e meu intestino funciona sem q eu precise tomar banchá. Que admiro as inconfessáveis veredas e as fronteiriças virtudes da Lady Gaga.

Nunca esqueci Damiana. Vez ou outra me vem a lembrança da preta mucama risonha q me servia na boca o leite abarrotado em seus peitos anelados e fartos, desde qdo eu ainda era uma criança de colo até bem depois dos primeiros passos. Gostava de adormecer com o rosto e mãos coladas em seus peitos macios, aquecidos e acolchoados. Era de um incompreensível deleite o descobrir ingênuo de um prazer incomum. Damiana era uma rainha de pele negra q me alimentava de sua alma feliz e escravizada.

Minha avó se chamava Damares. Mulher cuja fibra escondia as dores e dissabores de um tempo em q a vida era regida por coronéis a exibir seus encomendados anéis e subordinados capitães do mato. Ainda jovem com um deles casou, mas, não demorou muito, logo se separou. Em um tempo q mulher não se separava mostrou sua determinação em expor suas garras libertárias e anônimas.

Sempre gostei de seu nome. Pela forma ondular e seu conteúdo q parecia se doar em mares. Mares de Damares. Mares revoltos q somente ela enxergava e sabia como navegar. Por uma dessas ironias da vida ficou cega. O q não a impediu de reconquistar seu pequeno grande mundo nas teclas do órgão de tubos de uma igreja, da qual era a organista principal. Ali era seu espaço. Nele despejava sua alma e se fazia sentir. Gostava de ouvi-la tocar, pois era o um único instante em q percebia, em seu escuro silêncio, ela sorrir.

No meio da noite um feixe de luz acendia o contraste da pele alva no couro negro chicote q vestia e adornava o corpo. Em coro os olhares bebericavam desejos, mesclando inveja e fascínio. Boneca de pano coberta louça. Boca neon em carne vermelha viva e uma cintura pilão moldada à feição. Naquele instante uma mulher se reinventava e ousava em seus contornos fetiches. Marilyn reencarnada. Doce e ingênua fêmea enamorada, consciente de seu feitiço pin-up, aos poucos foi ocupando o espaço burlesco de uma acetinada geração. Exótica melodia escarlate. Sabor de demônio a escorrer lascivo na pele fêmea em sua taça de champagne. Via crucis e exorcismo em olhos mergulhados em súplicas, devorando lábios e corpos atados. Extase de um prazer a lamber soluços.

Ditas malditas. Bem vindas benditas Von Teese. Diva suave de atitudes claras e irreverências Clarice. Intrépida strip azeviche tesse. Bula e receita refeita na rosa despetalada sem pudor. Fantasmas sem óperas a compor suas próprias fantasias. História revisitada de uma civilização art-decó Dietrich. Perfiladas gatas de botas narcisas batiam continências, enquanto eram lambidas por bizarras fardas nazistas. Cânticos profanos crucificados em asas de anjos azuis.

Versos transversos em vestes samurais expressam a alegria e a agonia de homens e mulheres numa mesa de Bach. Xingus atravessam florestas em conexões xangais, devastados pela beleza de uma secular arte burlesca. Dita flor perdida num pântano de sonhos. Ditas vontades q a carne grita. Feminina masculina. Porcelana lânguida embalada em acetinado sonhos devassos.

Fernando Pessoa nunca soube q no primeiro encontro me roubou a alma. No entanto, nos peitos de Damiana sempre encontrei a calma. Através dos olhares cegos Damares enxerguei meus pés na estrada e contemplei a beira mar com olhos de quem deseja o amar.

Hoje, depois de tantos anos, insisto por ser teimoso. E já nem ligo se sou visto de um jeito torto ou se meu possível amor diz q sou um tanto tosco. Nessas horas Fernando sempre me aparece na primeira pessoa. Com seus olhos miúdos parece sorrir qdo percebe o vento soprar em meus ouvidos: Vai! Segue em frente numa boa sem se preocupar com a garoa. Migalhas são tralhas q alimentam os pássaros criados em senzalas, q se batem, mas nunca rebatem. Pássaros escondidos com receio dos próprios umbigos, q se debatem sem saber q asas foram feitas para voar.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

De sol a sol...

Palavra, gênese desperta da emoção
Folha solta na torrente d’água
Curso de um rio q se alastra e semeia
Cepa de videira q a alma floreia
Reticência em ponto de exclamação

Palavras fartas em pele suada
Dadas a troco de nada
Ciência q subverte fonemas
Sobreviventes. Inconfessáveis
Prendas do impossível palpável

Respira-las é gozá-las
É percorrer rastros a beirar abismos
Lançar-se na amplidão do invisível
É ser, no imprevisível anzol, calor do sol
Na noite gelada e no frio das manhãs

Selva ôfuro... iô iô querubim ça va...




Constanza Pascolato demonstra dignidade e autoridade em todas as peças q assina. A febre da moda nunca mudou o ton de seu bom humor, mto menos o bon ton com o qual sua pele clara harmoniza o batom. A tiracolo, Louis Vuitton nunca lhe causou torcicolo. Always leading the avant-garde of fashion. Dona de impressionante leveza. Dotada de indiscutível personalidade. Equilibra, em bons termos, sutilleza e modernidade como ninguém.

Infelizmente Constanza não é regra e nem constância. Espalhadas em meio à selva existem as araras e as arapongas, as metidas e hip hip ongas. Tongas de miçangas de um caburetê, cujo fascínio tem o efeito e olor de um ralo cocô, intrépido e diluído a olhos vistos na superfície do Tietê. Razão pela qual os olhares sempre balançam na mesa dos contrários, tornando os diamantes raros de se encontrar.

É claro q a clara gema se despedaça ao confundir gana com ganância. Em todo fundo de poço existe um filete de esperança. Talvez por isso prefiram deitar-se na grama suburbana, de onde ecoam opacas divindades e bebem de um só gole suas intrínsecas ilusões. Na sexta-feira, qdo nadam sem paixões, costumam instigar os atentos arautos de plantão. Sem perda de tempo saem felizes de seus postos e se misturam aos opostos, lustrando o vício no ócio perseguem a procissão.

No outro lado da terra a relva a revelia cresce ligeira e cerca in vitro a avulsa marciana messiânica. Com um objeto estranho e sem objetivo preso ao vestido, solta o seu grito sem brilho e “malouvido”. Presa ao reluzente apêndice louco de adjetivo torto, a gema repartida do ovo entope a boca torpe, ao proclamar tendências e impropérios. Indefinidos e declaradamente imprecisos.

O lado podado da fruta proibida tem sabor florido. Alheios e hermeticamente fechados em seus valores de juízo, a banda dos despreocupados afrontam o decoro e revelam o oco de um trópico mono troppo e manco. Qdo aludidos mostram-se ressentidos. Encenam patéticos gestos de surpresa. Esmurram mesas. Na arternativa corrente bipolar morrem travestidos. Enquanto isso, na fantástica fábrica da burguesia costura-se litígios em paletós engomados, decotes pré-moldados e controversos vestidos. Do lado de cá das vitrines, a caravana se reflete zonza. Emerge e prossegue em ridículos ritos. Iludidos e ligeiramente normais.

Sem voz, a menina sorumbática carrega sua cruz. De mãos atadas, nem de longe percebe q sua máxima virtude é expor o pus. Opus day latus apocalípse fast food. Éter fluente na mente maldita diluída em sonrisal. Sua sina foi escrita na gênese. Por isso nada mais a surpreende. Nem  palavras cuspidas. Nem salivas ardidas q respingam em seu disfarce. Na realidade o seu verso versa sobre o reverso, mazelas de uma raiz exposta e apodrecida. Latus day rent a car dent adas na saída.

A fêmea cristã tem sua função de “crista” para todas as ondas. Expiação sem razão de explicação. Solitária e orfã em busca de sua próxima opção de salvação. Seu motivo é nobre e encobre o q não se apresenta de um modo explícito. Ela sabe q assim a tribo inteira pode encher a cara, lavar a égua e alma. Enquanto ela assiste calada seus pés cimentados servirem de alicerces para culpas sem desculpas. Desse modo todos podem expor sem pudor seus discursos inconclusos de maneira sossegada.

Na rota retrô e predestinada do metrô, quem se atreve a dizer onde será a próxima parada? A mata atlântica sucumbe desesperada. A relva costura a rima rio acima, até o dia em q deságua sobre a marciana cigana e acuada. Durante a cena ela ainda acena confusa. Ninguém se iluda ou chore prantos de molhar a blusa, se o teatro amanhecer de portas fechadas. Resta à família, como rege os bons costumes, acompanhar o féretro e agradecer os cumprimentos, enlutada.

No fim do primeiro ato, cortinas e olhos se fecham ofuscadas pela luz de seus arreios adornados de prata.


Alô! Alô! Marciana! Aqui quem fala é da selva! Nada demais se a ayurvédica Lee irrita a fonte young. Por essas horas vc deve estar longe, mto longe, encolhida no seu canto. A paz foi reestabelecida no front. A nave mãe segue desgovernada, consoante sua batida launge. Condom game art lurve like a good bug and rubros rolling Stones. Pipocam rolhas e tralhas da champagne sem data e tosca. Mais uma folha revirada. Depois do comunismo resta o hinduismo. As pedras de Berlin são vendidas como souvenir de um leste enigmático. De resto, nosso destino continua a ser traçado na penumbra dos porões de coberturas atapetadas. E q não se discuta se a dita é cuja. O grão mestre maribondo continua a exibir sua dialética fleumática. O tapete vermelho continua estendido nesta terra de Cabral. É lindo ver um presidente preocupado com a vida de uma iraniana, enquanto no seu quintal dezenas de mulheres morrem diariamente assassinadas e milhares violentadas.

Mas, isto não há de ser nada. A vitória final é certa. Nunca dantes este país esteve em tão perfeito ordem. É Lula apoiando Collor. É Collor apoiando Dilma. É Dilma apoiando Collor. Deixa q com o povo elles se entendem! De multa em multa, de luta em luta, eles se dizem, desdizem e tbm se degustam.

Viva-se eternamente Daspu! A vida continua augusta, bela e amparada pela maioria cega, surda e socialmente democrática. Pelo menos, até a proxima rodada... On the rock, please! Ou seria recomendável mais uma dose dessa cachaça?

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Tardes tâmaras... Banhos e riachos...



Do alto o sol seguia a tarde em seu habitual e orbital remanso. Sobrevoando alvoroçadas copas da selvagem e recortada mata, pássaros colibris, rolinhas e pintassilgos dançavam ao som das 18 notas daquele final de dia, a entoarem alegres canções e louvações. Uma composição feita e refeita, dia após dia, longe, mto longe de qq monotonia. Uma emoção acompanhada por badaladas de sinos e refletidas nas linhas musicais de um apaixonado olhar rouxinol.

Iam e vinha. Mergulhavam e subiam rapidamente a tona. Tocavam-se. Aninhavam-se. Sem nenhuma rota definida ou coreografia ensaiada prosseguiam em seus volteios, até perderem-se de vista na linha de um horizonte em si bemol.

Como fazia todas as tardes, a tamarana cor de tâmara enchia o riacho de rastros e relevos. Sem receios seguia o curso dos saborosos sulcos delineados em lábios entreabertos, lascivos e adornados de um incomum perfume nativo. Um agosto a encobrir desgostos com um gosto envolvente e tropical. Ao seu lado, como sempre tbém fazia, o tambuatá acompanhava seus rastros, dando saltos cada vez mais altos. Com seu jeito doce fazia acrobacias na lâmina transparente de um espelho de águas rasas q jorravam do olho d’água nascente no ventre, e logo se espalhavam transformadas em tranças de bem aventuranças; deslizando por entre pernas e rios de coxas, os sonhos antes rabiscados nas paredes de um quarto pintado com cores aquarelas.

Um quarto em desordem de porta fechada, janelas "quintanas" abertas e tímidas vontades de desejos escancarados. Mãos nervosas enfiavam-se pelas frestas úmidas de uma terra pronta para o cultivo. No brilho de olhos desalinhados salpicavam o viço rijo cipó caçuá a roçar no corpo agridoce um calor sabor umbu cajá. Vistosas folhas de bananeiras bailavam ao vento, despertando saltitantes aranhas pimenteiras do lado de dentro e do lado de lá. A floresta em festa numa sinfonia de cios e afagos deixavam cobertores encharcados de odores. Uma verde e visceral onda de loucura penetrava os antros com ternura, provocando espasmos, tremores e gritos alucinados de triunfos.

Sentindo-se arada, a terra inflamada balbuciou palavras incompreensíveis, enquanto borbulhava salivas e anseios nos cumes de eriçados seios, derramando sobre a cama um viscoso sabor caju. Naquele instante um suspiro se fez em paz. O instante em um filete de luz parecia desvendar os mistérios do universo daquele corpo silencio e nu.

Lá fora, e bem dentro dela, uma criança brincava no balanço do parque com uma boneca presa entre as pernas. Parecia pedir q o luar viesse brincar de gangorra em seus cabelos. Seu vestido verde de rosas roxas e amarelas salpicava nos olhos lampejos caribé. A cada movimento sentia q o tempo ia deixando para trás memórias de um cárcere e vestígios de uma agonia, q aos poucos se esvaiam na paisagem. Banhada nas águas daquele riacho, ela começou pintar em seu corpo tons de esperanças, trazendo de volta a lembrança de seu cheirinho doce de bebê.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Da pedra à ilusão... A idade da equação



Amontoados prédios féretros. Estéticas pedras alinhadas, fétidas e sem vida. Suspensas em seus vazios, quadradas e confusas luzes pontilham o espaço projetadas em paredes flácidas e disformes. Um silêncio cego em sua escuridão. Janelas sem alma descortinam a paisagem assustadora das ruas, presas a placenta q as mantêm seguras e intocáveis, em uma solidão repleta de cabos, eletricidades e conexões. Ondas q cruzam os ares e lares, vagos e vulgares, numa rotina fria iluminada pela luz da televisão.

Sobre a mesa, quentinhas amassadas fazem esquecer o desejo da sobremesa. As paredes em suas penumbras riscam a sede em copos quebrados. Sem perceberem transbordam o próprio desbotado, lançando cinzas de um cinzento opaco no cimento armado. Buracos negros cobertos de coloridos banners a anunciam sonhos diante de varandas cheias de enfeites, flores sem cores e latas de cervejas espalhadas pelo chão. Varandas cobertas de sombras, repletas de dúvidas sem calor. Cidade bela em seu horizonte negro. Cercada de montanhas distantes e ruas vazias. Suburbana ilha sem vida e suas almas vendidas em diversos formatos, crediários e suicidas prestações. Não é difícil ouvir os sussurros das síndromes e pânicos passeando por debaixo dos planos, panos de fundo de uma sociedade afogada em verdades disfarçadas e plenas de ilusão.

sábado, 7 de agosto de 2010

Grito sólido em estado de brilho...

Dou boa noite a noite. Meu estado é sólido e meu desejo é certo líquido a respirar teu suspiro gasoso. No brilho de teus beijos deslizo trôpego o corpo de um arco-íris q sinto, mas não vejo. No viço dos meus olhos saboreio os impulsos da guapa colorada e colorida, a lamber rapaduras com ternura e lampejos. No seio de tua blusa meu calor acusa e grita dricka ao morder teus peitos. Agitados fados safados dissipam nuvens de chuvas e dissolvem dúvidas. Percorro teus trópicos, é óbvio, de prazeres sem nódulos em quereres sem rótulos. Em um cruzeiro sem rumo a tua mão segura firme meu prumo. Sem dramas afago o lume no universo de teu ventre e me arrumo. Meu corpo lhe traga e eu lhe esquadro. Escravo cravo o peito no teu salto. Escalo tuas montanhas e continentes feito serpente, descrevendo as ondas de um amor universal. Banhado por todos os lados com tuas iguarias eu me refaço em cada banda de teu luar. Aos poucos o dia nasce em fatias, despejando alegrias pelo meu corpo ainda envolto em teu vendaval. Ao meu lado descansas como criança. Em nenhum outro lugar existe brilho igual.


Divas meninas... Divinas heroinas...



Qdo Leila sorria debruçada na varanda todas as janelas se abriam, as calçadas floriam e iam encantadas ao encontro dela. Com seu jeito Diniz ela dizia o q queria. Sem noção do qto toda uma geração se espelhava nela.

Sabia q seu sorriso endiabrado acendia labaredas. Tanto nas exibidas gurias, a desfilar sem soutien nas garupas de lambretas; como nos enfurecidos loucos fardados. Escondidos nos porões de seus "senões", por um único instante, esquecidos de seus sermões, batiam incontinentes doentias punhetas.

Imperatriz de bambas. Rainha e navegante em tantos olhares. Mares q lhe percorriam da Espanha à Holanda. Com seus braços estendidos descortinava vida para todos os lados, parindo esperanças com seu sorriso criança. Rebolando a bunda arrastou a banda lá para as bandas de um cinema novo. Com homéricos goles on the rocks em botecos quebrou ovos, conceitos e tabus.

Do mesmo jardim floresceu Maysa, a botar fogo na cena. Com embriagantes saltos altos misturou lamentos e dores às alças de uma melodia decotada negra e sedutora.

Tantas Joanas D’arc tupiniquins. Solos 'macunaímicos' de uma Luz Del Fuego. Ilhada e nua. Manifestos em blues de um blues rasteiro envolto em um pavilhão azul. Luz divina a provocar estragos em sua Cachoeiro de Itapemirim.

Ângelas a rodo ronronaram desejos no gogó. Cobaia de deuses destilados em canções, cobras e lagartos, despertava o dia, em alto e bom som, nas calçadas do baixo Leblon. No outro lado da avenida uma garota desfilava seu corpo ao sol de Ipanema, acompanhada por demônios de afinados tons.

Quantas Liras. Tantas lábias. Tantas Laras loucas e lúcidas. Santas e Claras padroeiras de viços.

Nascentes e reluzentes Pagus. Indias tupis. Indiras grandes. Evoé luz Benazhir. Vozes protestantes de Marias incógnitas. Callas mergulhada em árias atravessa o tempo sem se calar. Olgas vermelhas. Verdes centelhas q empolgavam os trópicos e Anas a colher caianas canas.

Mares escuros de confusas marianas. Gritos sem hemisférios. Ecos ao relento nas ruas de Ruanda. Africas de valas fedidas. Tiros na testa de uma latino América descoberta no batuque surdo, à surdina. Sakinehs apedrejadas ainda lutam pelo direito de se sentirem amadas.

Tantas frutas tolhidas na raiz. Quem há compreender a essência da abrupta força bruta q as mantêm de pé. Todos os dias renascem banhadas nas águas de seus desejos e igarapés. Femininos estandartes. Suculentos cachos de sabor umbu.

Minhas heroínas são assim: traquinas e zombeteiras. Esquecem a dor qdo se vestem com a flor de suas peles. Soberanas em suas zonas. Marujas sem porto ou embarcação. Crianças amargas de corpos vendidos. Vidas ressecadas a procura de uma razão.

Fêmeas dotadas de tal ambivalência, q em nenhuma gramática se encontra explicação. A cátedra nunca será exata qdo a ciência é pura emoção.

Abençoadas shivas de destemperadas atitudes. Donas de casa de inconfessáveis virtudes. Mulheres comuns a circular pelas ruas disfarçando a íntima amargura. Trafegam com desenvoltura pela invisível extensão de seu universo. Sem a preocupação com o nexo despejam-se, nem sempre com passos firmes ou conexos.

Pela própria natureza dispensam latitudes. São versadas. Nem sempre letradas. Desabrocham em volúpias com suas escancaradas grutas. Qdo saciadas se desmancham em deliciosas gargalhadas.

Putas. Musas inconclusas. Intimamente inconseqüentes. Carregam seus fardos repletos de sementes. Chutam latas. Reviram chamas. Visitam camas. Viscejam lânguidas na lama. Em suas asas tântricas transportam os calabouços de seu reino animal.

Divas vitais. Mulheres carnais. Mães serviçais. Gueixas em queixas. Guerreiras. Faceiras. Enfrentam a vida sem escudos ou armaduras. Libertas e libertárias. Por vezes libertinas. São capazes de iludir, mas não costumam fugir, qdo o corpo treme e  boca geme a vontade de rugir.

Doces, dúbias e divinas heroínas. Como são lindas, etéreas e eternas estas meninas...


quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Sedes do norte... Sonhos do sul...


A rosa desabrocha
carmim na pele cabrocha.
Pela janela a espreito
pelo estreito de suas pétalas.
De dia, ironiza vistosa.
À noite, fantasia a fauna,
solta sem rumo aflora

Deixado de cobertas
Devora estranhos carinhos
Devota em forasteiro ninho.
Quando o sol nasce orvalha
Su'alma em conflito se espalha.
É completo o desalinho.

Presa nas redes do norte
ainda tem sede. Chupa o caju
desatinada. A q será q se destina?
Em versos se solta no ar
com um selvagem a descascar
sonhos na pele, de norte a sul.


terça-feira, 3 de agosto de 2010

Salivas verdes... Relvas olivas...



Com um intrigante gosto de azeitonas na boca, eles se encontravam mergulhados na realidade de suas possíveis verdades. Cada um trazia consigo uma criança, com a qual mantinham-se acesos nos tons lúdicos de suas brincadeiras.

Tu inspiras...
Qdo te respiro minh'alma pira...
Fervilho descarrilada dentro de mim... 
Gosto qdo me xingas além cortinas e saias...
Esperneio no varar assanhado das asas
Soltas borboletas pelas veias...

Verdes sabores. Olivas maduras em corpos inquietos. Deleites de estrelas ardentes.

Gozo qdo danças agitada e me levas pela pista, a sumir de vista... 
Gosto do cheiro de teus exageros...

Grávidos na escuridão rastejavam pelo chão. Sem medo do q pudesse acontecer, se perdiam no infinito de suas amplidões.

Na escuridão ouço a respiração de teu tesão...
Sou teu galope safado...
Abro valas em tuas asas de rapina...
Esperneio. Lambo teu chão! Mordo o colchão!
Gozas garça... Gritas lavas... Ave marias de minha desgraça!
Sou escrava respingando desejos nas carnes, com a alma aquecida no calor da tua mão...

Descobriam o imperfeito na harmonia em q se sentiam perto da perfeição. Assim faziam. Assim sorriam. Assim mergulhavam em suas lágrimas.

Cada dado rola cadinhos nimim...
Sândalos sandices tudim pudim...
Fatias de melancias na grama do jardim... 
Colos enfeitiçados florins... Auroras enfim...

Assim se deram a tantos, aos trancos, pelos barrancos e cachoeiras. Subiam em árvores e comiam suas cascas. Nas coxas abertas em fatias o frescor de um palpável e palatável amor.

Pergunta sem resposta...