sexta-feira, 23 de junho de 2017
Impressões digitais...
Nas breves horas vagas em q vaga por “la barca”
supõe esclarecer meus pensamentos. A todo o momento
à guisa de silencio leva a mão à boca. A outra gruda no guizo.
No mear da noite borralheira, ao sabor da brisa salva-vidas,
a carne vibra ao leve toque na cuíca...
La barca, música do cantor e compositor mexicano Roberto Cantoral
quinta-feira, 22 de junho de 2017
Terço contexto...
Pelo abstrato das vontades;
Pelo insensato das vaidades;
Pela maldição das certezas;
Pela incerteza do proposital;
Louváveis sejam as rimas q fogem à lógica emocional!
Pelo paradoxo do óbvio;
Pelo ócio do caráter;
Pela vergonha alheia q campeia;
Pela cerca q cerceia o acidental;
Louváveis sejam as rimas q fogem à lógica emocional!
Para sempre sejam louváveis...
terça-feira, 20 de junho de 2017
Curiosa intimidade...
Antes de adormecer releio a escrita com curiosa expectativa de precisar sob qual prisma se inicia o enigma da explosão; em qual fonte bebe o rompante; que transcorre no inconsciente do feto no instante de a bolha arrebentar.
Alto lá! Alerta a percepção. Se o estigma da escrevente é, por essência, reconstituir a emoção em sua desconhecida razão; pquê, então, o leitor julga se apoderar da escrita? Quando, por desgraça, a graça de toda metáfora é, justamente, ser indefinida.
A poética socializa, mas subverte faces encobertas.
Nem tudo exige explicação. Tudo tem sua razão. Culpa nunca foi desculpa. Automutilação é uma forma de negar a aceitação da interrogação pós-inserção no cordão. Do uno dá-se o duo. Do abrigo ao desconhecido revive-se o rito e o conflito.
A linha transversa q costura a vagina ensanguentada reata e realinha laços de amor e dor. O choro aflito recém-nascido é seu único grito de sobrevivência...
Montagem a partir da obra “Leda and the Swan”, do pintor francês François Boucher
sábado, 17 de junho de 2017
Le Rechilieu...
Havia a mesa feita em peroba-rosa. O vermelho dos botões de rosas oferecidos no centro de mesa bordado em rechilieu. Na boca um batom carmim a manchar de desejos o lenço de renda branca.
Por dentro sentimentos ao relento. Por fora arrebentos a desconstruir pretextos e lamentos. Batuques de África a arriscar novos acordes, a riscar meus dedos nas cordas refinadas de sua guitarra flamenca.
Seu rosto encoberto. Meu olhar a descoberto.
Velas amontoadas, acesas pelo chão da sala, a instigar enxames, a lançar chamas e nossas sombras dançarinas pelas paredes. Nossos corpos seminus boquiabertos, seduzidos pela enigmática evolução dada à festa.
Pareceu inevitável aceitar a vida passar pelos prováveis lapsos dos segundos. Nossas vontades lúcidas arrastadas pelas marginais das corredeiras. Nossas virtudes lúdicas regidas pelos prelúdios e eflúvios de uma terra do nunca atrevida.
Sob todas as óticas fomos oferecidos. De todos os modos demonizados. Ainda assim não pareceu estranho sentirmo-nos estranhos seres guiados, apenas, pelo vigor de nossa total liberdade dos juízos.
A nossa volta semblantes intrometidos remexiam-se pelas teias. Sacudiam areia com os pés ensandecidos. Trincavam os dentes perdidos em meio à poeira de desalentos.
De tão enfurecidos não perceberam seu corpo oferecido rastejar pelo chão batido; coberto, tão somente, por folhas de esteiras salgadas de nosso suor...
Bordado richelieu é uma técnica de bordar em q se usa linha branca sobre tecidos brancos e leves. Seu nome faz referência ao Cardeal Richelieu, responsável pelas oficinas onde se produzia esse tipo de bordado para o vestuário usado pela corte do Rei Luis XIII
quinta-feira, 15 de junho de 2017
Umbigo blues...
No refresco do vento ouço o repente do silêncio engolir o jardim.
O apito repetitivo do vigia aponta o outro lado da lua. Após o alarido, pós-latido uniformizado e agressivo dos cães de guarda, atravesso a rua mal iluminada. Sem dizer nada vou ao encontro da luz da fada disfarçada de pingente q me aguarda em silêncio e nua.
Na aparente calma das raízes vasculho matizes à procura de saídas. Silencio. A todo o momento vejo o movimento da terra despertar pensamentos adormecidos. Um tanto reteso belisco, em tese, o impreciso.
Dependurado na viga faço figa ao ver a quantidade de papa-figo.
Não sei se cego ou sigo...
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