sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Der schwan...



Ao ouvir Illényi Aniko acariciando as cordas de seu cello, meu espírito se deixou levar por uma brisa de refrescantes notas. Logo no primeiro instante sua música se fez íntima e, como suspiro suave soprou delícias na alma, acendendo luzes pelos labirintos do corpo.

E me levou distante. Nem sei por onde. Lembro q o pensamento atravessou com minha querida fotógrafa Maysa Alburquerque um parque recheado de dunas. Cheguei a comentar como seria bom se a vida fosse uma eterna via costeira beirando ondas nas águas de algum mar.

Pois foi assim q eu a encontrei e fui envolvido pelo movimento suave de seus braços. Um pulsar crescente feito de um único compasso. Um espaço de tempo, sem tempo, a me conduzir de olhos fechados.

Era visível o êxtase com q se derramava e saboreava cada expressão de lamento. Incomensurável prazer q a lucidez proporcionava àquele momento. Era possível sentir o perfume da flor q não se cheira, mas se apalpa e se lambe. Só então respirei o q me faltava enxergar e abracei a vida q me assaltava a alma desarmada e rendida.

Qdo me dei conta já não contava os passos e nem os descompassos. Um a um eles se desprendiam dos rastros marcados na areia. Não havia mais apego nas pegadas. Por mais profundas q fossem estavam largadas, a mercê de um mar q lavava e levava o q restava das ilusões.

Sem me preocupar em decifrar códigos ou enigmas dos porquês reconheci no abraço a exata dimensão do q se é e o q se pode vir a ser. Reconheci tbém, na liberdade, a verdade do não ser. Retirei das gavetas todas as cartas q não escrevi e dediquei cada uma das minhas tristezas. Aprendi a ver com clareza a maneira como o choro debulha o sorriso e, mto mais q isso, q todo paraíso tem seu sentido, mas q é preciso viver além dos juízes e falsos juízos.

Tdo era óbvio. Restava sentir meus pés no caminho. Bastava seguir o instinto dos carinhos q ainda iriam me receber.

Na mesma tarde em q as portas se abriram para Illényi Aniko ouvi minhas mãos falarem em alemão. Vai entender a razão! Só então percebi q horizontes são asas q se repartem qdo se abrem. E q o cisne, qdo as fecham, faz do universo o seu mais cristalino lago.

No instante q se seguiu foi natural vislumbrar o mar e o lago de Mario Lago. Não disfarcei o sorriso qdo pensei: Mas isso é para quem se atreve a deixar q Aniko lhe carregue... Mesmo q seja de forma breve.






PS: Quem dera, ao invés de joelma com seus chimbinhas, o brasileiro descobrisse o prazer de ouvir Illényi Aniko tocar “Der Schwan“.