terça-feira, 25 de outubro de 2011

Qdo par é ímpar...


“Eram flores diferentes, de perfumes díspares, mas harmoniosamente reunidas pelo mistério...”


Diziam se sentir no tempo. Diziam, mas nem sempre resistiam ao desejo prisioneiro q os perseguiam e os faziam bater asas desprovidas de amarras. Voavam por algo q não viam, mas sentiam ser o mais próximo de suas transparências.

Em dias de maré baixa recolhiam suas asas. Cada um em seu lado espiava calado o sopro quente do lamber dos ventos. Olhavam um ao outro e gotejavam salobros arroubos. Na terra movediça de seus pantanais se expiavam mutuamente, com as vértebras apaixonadas e curvadas ao q chamavam essência. Exorcizavam-se em tdo q sabiam. Algumas vezes sem saber pq o faziam.

Dessa forma iam, sem horas ou acertos, costurando ares malabares sem enredo.

Nessas horas sorriam e se lambiam o tanto qto podiam. Sentiam-se grão de cada um. Um no outro. Ponta de vida no olhar do broto. Bebiam um ao outro. Embriagavam-se e depois urinavam suas almas leves e lavadas. Um e um. Um em um.

Qto menos se sentiam par, mais compreendiam o prazer do ser ímpar.






Citação inicial: Augusto Frederico Schmidt, no livro “o galo branco”