sábado, 29 de outubro de 2011

Câncer...


A boca expele a gosma branca de nuances esverdeada. Seu reflexo ondula na privada junto com o q lhe restava da alma. Respirou profundo todo aquele vazio e suspirou ao reconhecer sua insignificância estampada no medo q experimentava.

Ouviu sua sentença sem um único grito de socorro. Nenhuma clemência. Nenhum lamento. No entanto o corpo tremia. Os nervos gemiam silenciosos tambores. Em êxtase trombetas e clarins conduzia sua agonia pelas veias. Em silêncio pediu ao tempo mais um tempo naquele apocalíptico gozo.

No derradeiro prazer beradeiro se entregou banquete e saboreou cada partícula de su'alma fatiada, consumida e devassada.

Sem alternativa estendeu uma mão e em seguida, com mto esforço, a outra.

Aos poucos o cérebro foi respirando o alívio. O corpo parecia flutuar em nuvens, qdo o dilúvio lhe arrastou os pensamentos em direção de abismos q se abriam repartidos nas linhas da vida, q fugia de suas mãos, agora espalmadas...

O dia se fez de uma naturalidade nunca vista antes. Crianças brincavam alegres no mesmo parque em q a pintora desenhava sua redenção. Antes de sair o fiscal de fronteira rezou três “ave maria” e tocou “litle wing” com sua guitarra. Na Confeitaria Brasil se fazia a festa lambendo a loucura grudada na cidade baixa.

Só as nuvens, de repente, ficaram caladas...