quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Saias cirandas... Árias de Iaras...



Nas barras de sua saia alegres Iaras exalavam perfumes da fêmea de quadris assanhados e encantadores rebolados a dançar ciranda.

Com olhos fixos nas coloridas fitas lascivas, guerreiros faziam zig-zag e tocavam tambores no balanço de seu mar. Entregue e escravos derramavam-se em desejos com seus pés presos nas areias, entoando cânticos de amores para sereias de um além sonhar.

Se prestassem mais atenção veriam q no fundo do mar brilhos centelhas acendiam fogueiras nos olhos de um Zeus devasso, náufrago e inteiramente mundano.

Ao ouvir sua voz vinda de algum luar, ela girou suas saias de uma forma ainda mais obscena, estendendo seus braços com desejos q a fizeram flutuar sobre o mar. Nos apelos de seus pelos se podia sentir o desespero de seu corpo a clamar:

- Venha meu rei! Mas venha da forma mais impura. Venha q eu me quero sua. Veja debaixo da minha saia o tanto q a alma arde desnuda. Venha sem demora q a sede me devora. Venha para entoarmos louvores com teu cajado a me singrar. Venha antes q desperte a aurora. Faça teu reinado nos terreiros de meu congá.

Qdo o dia amanheceu, sabe-se lá o q ocorreu. Para tristeza dos desolados guerreiros pedaços de sua saia foram vistos à deriva. Levados pelas correntezas boiavam sem rumo longe do quebra-mar. Com seus pés ainda presos na areia da praia, em silêncio eles tocavam surdos lamentos com seus tambores e faziam oferendas à espera de outra vez vê-la cirandar.

Em noites de lua, no entanto, era possível se avistar borbulhas emergindo do fundo do mar. Assim como era possível sentir o seu perfume a se espraiar pela costa, trazido pelas ondas e ventos q sopravam na preamar.




Ciranda é uma dança originária da ilha de Itamaracá, Pernambuco, no nordeste brasileiro.
As mulheres dos pescadores formam uma grande roda na beira da praia para dançar e cantar, enquanto esperam seus homens retornarem do mar.