terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Orações urbanas... Divinas possessões...



Havia uma majestosa mesa feita de madeira. Sobre ela flores vermelhas com perfumes de oferendas. Velas acesas e amontoadas nos quatro cantos da sala insinuavam suas chamas ao bater das palmas.

Por dentro sentimentos ao relento balbuciavam lamentos. Por dentro um batuque de África, q mais pareciam regidos pelo rangido de tango, riscavam meus dedos nas cordas de uma guitarra flamenca.

Dois corpos seminus. Seu rosto encoberto. Meu olhar a descoberto. Com desejos boquiabertos acompanhei a enigmática evolução daquela festa. Parecia inevitável aceitar q a vida não passaria de um lapso daquele segundo.

A nossa volta semblantes alucinados continuavam a bater palmas. Arrastando os pés sacudiam poeira. Trincavam os dentes sedentos. Engoliam as próprias asneiras ao perceber seu corpo oferecido, em orgasmos enfurecidos, rastejar pelo chão batido coberto de pedaços de esteira.

Dalí em diante os instantes se arrastaram, sem defesa, pelas corredeiras. Almas lúdicas lúcidas e acesas a experimentar o nunca atrevido.

De todos os modos demonizados fomos espíritos iluminados; imbuídos, apenas, por uma pródiga falta de juízo...