segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

cigarettes and coffee...



Meus pés formigam ao tocar a terra. O pensamento observa o eriçar da pele. Por um instante temo ser o meu derradeiro instante de lucidez. Dormente sensação me domina.

Então eu as vejo subindo pelas minhas pernas. Operárias, obedientes e ordinárias amontoam-se em volta do meu pau.

Simultaneamente ouço um toque refinado de uma lira anunciando a entrada triunfal da ira. A ira do mundo. Um mundo de tantas faces. Minha delinqüente poesia se posta contrária a todo esse desbunde inconseqüente transmitido ao vivo de algum lugar do planeta, ao tempo em q reverencia as ausências q me cantam no ouvido canções de aninhar.

Até hoje não sei para q serve tanta ousadia, se nunca sei qual a sua verdadeira face e nem o modo q se mostrará na próxima vez em q aparecer na janela.

Sem outra saída sigo as fases da lua, enquanto encho uma garrafa de café. Apago o cigarro e a vida lá fora. Sem ter noção da hora fecho os olhos qdo vejo meu corpo tomado pelas formigas. Em volta da fogueira feita do lixo de poemas o sol nasce moreno, deixando aceso o obsceno tesão lunar.

Crescem em meus ouvidos os envolventes sons da lira. Algumas formigas mais atrevidas formam trilhas ao lamber fantasias escondidas na virilha. Por entre os eclipses elas dançam maravilhas. Nem sei se tdo não passa de uma grande loucura, mas nessa hora sinto q já sou uma delas.





“Por mais distante e errante q esteja o navegante." Por mais q tdo não passe de uma grande ironia, é impossível não se deixar levar pelas várias faces da poesia...



No final uma lembrança proposital da musica "Terra", de Caetano Veloso...