quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O lado surdo da nudez...



No meio do entulho, tentando respirar no casulo, a larva corrói a casca. Do outro lado da lata a palavra de boa lavra, sem estranhar as retinas, se entranha nas pernas da menina, incendiando a fala libertina.

O ego refestelado se agarra em suas crinas. Empinando o rebolado pisa a ponta dos pés num samba afinado. À vontade se desgarra no balanço da saia e vai flutuando em indóceis corredeiras. O sorriso em q se esbalda sequer resvala na pontiaguda hipocrisia das pedras cravejadas nos dedos das damas olheiras.

Nos dias de domingo, mal tocava o sino, a vida despertava transparências no jardim da praça. Com floridos brincos exibia sorrindo seus coloridos dotes descortinados com a devida eloquência, fomentando indecências e sutis saliências, até, no mais embrutecido espectador.

Como se dançasse valsas se enche de graça com a falta de decoro do assanhado besouro. No brilho de tantos pensamentos endiabrados seu corpo faz coro. Àquela hora o q mais queria era desbravar as trilhas q a levaria ao templo onde guardara seus, até agora, intocáveis tesouros.

Havia desejos há mto perdidos no tempo. Tempo em q receava o doce sopro dos ventos, qdo se guardava, por não saber como conter vivia a proteger suas asas.

Os organismos vivos se completam por simbiose e não por osmose. No mel da colmeia a rainha faz festa e lubrica com sinais q levam a sua rubrica. Sem dar bola para os zangões ela implora a carícia hábil e canina da boca faminta do lobo. No jugo da jugular delira tanto q pressente o perfume dos sonhos q trazia desde adolescente.

Agora não se julga mais insensata. Cansada, talvez. Sabe o qto a fêmea q conduzia su’alma se embriaga com o perfume de rosas. Do tanto q ascende formosa no talo q apalpa e q se instala num entoar aflitos gemidos, sentindo correr nas veias o risco de se perder nos carinhos de tântricos espinhos.

No outro lado da lua a lagarta sucumbe ao rasgar o q lhe resta de pele. Ninguém percebe, mas, antes de partir ela sorri ao ver su’alma leve e nua sair por aí a colorir as ruas com as mesmas tonalidades de seu imenso prazer em poder voar.