sábado, 7 de agosto de 2010

Divas meninas... Divinas heroinas...



Qdo Leila sorria debruçada na varanda todas as janelas se abriam, as calçadas floriam e iam encantadas ao encontro dela. Com seu jeito Diniz ela dizia o q queria. Sem noção do qto toda uma geração se espelhava nela.

Sabia q seu sorriso endiabrado acendia labaredas. Tanto nas exibidas gurias, a desfilar sem soutien nas garupas de lambretas; como nos enfurecidos loucos fardados. Escondidos nos porões de seus "senões", por um único instante, esquecidos de seus sermões, batiam incontinentes doentias punhetas.

Imperatriz de bambas. Rainha e navegante em tantos olhares. Mares q lhe percorriam da Espanha à Holanda. Com seus braços estendidos descortinava vida para todos os lados, parindo esperanças com seu sorriso criança. Rebolando a bunda arrastou a banda lá para as bandas de um cinema novo. Com homéricos goles on the rocks em botecos quebrou ovos, conceitos e tabus.

Do mesmo jardim floresceu Maysa, a botar fogo na cena. Com embriagantes saltos altos misturou lamentos e dores às alças de uma melodia decotada negra e sedutora.

Tantas Joanas D’arc tupiniquins. Solos 'macunaímicos' de uma Luz Del Fuego. Ilhada e nua. Manifestos em blues de um blues rasteiro envolto em um pavilhão azul. Luz divina a provocar estragos em sua Cachoeiro de Itapemirim.

Ângelas a rodo ronronaram desejos no gogó. Cobaia de deuses destilados em canções, cobras e lagartos, despertava o dia, em alto e bom som, nas calçadas do baixo Leblon. No outro lado da avenida uma garota desfilava seu corpo ao sol de Ipanema, acompanhada por demônios de afinados tons.

Quantas Liras. Tantas lábias. Tantas Laras loucas e lúcidas. Santas e Claras padroeiras de viços.

Nascentes e reluzentes Pagus. Indias tupis. Indiras grandes. Evoé luz Benazhir. Vozes protestantes de Marias incógnitas. Callas mergulhada em árias atravessa o tempo sem se calar. Olgas vermelhas. Verdes centelhas q empolgavam os trópicos e Anas a colher caianas canas.

Mares escuros de confusas marianas. Gritos sem hemisférios. Ecos ao relento nas ruas de Ruanda. Africas de valas fedidas. Tiros na testa de uma latino América descoberta no batuque surdo, à surdina. Sakinehs apedrejadas ainda lutam pelo direito de se sentirem amadas.

Tantas frutas tolhidas na raiz. Quem há compreender a essência da abrupta força bruta q as mantêm de pé. Todos os dias renascem banhadas nas águas de seus desejos e igarapés. Femininos estandartes. Suculentos cachos de sabor umbu.

Minhas heroínas são assim: traquinas e zombeteiras. Esquecem a dor qdo se vestem com a flor de suas peles. Soberanas em suas zonas. Marujas sem porto ou embarcação. Crianças amargas de corpos vendidos. Vidas ressecadas a procura de uma razão.

Fêmeas dotadas de tal ambivalência, q em nenhuma gramática se encontra explicação. A cátedra nunca será exata qdo a ciência é pura emoção.

Abençoadas shivas de destemperadas atitudes. Donas de casa de inconfessáveis virtudes. Mulheres comuns a circular pelas ruas disfarçando a íntima amargura. Trafegam com desenvoltura pela invisível extensão de seu universo. Sem a preocupação com o nexo despejam-se, nem sempre com passos firmes ou conexos.

Pela própria natureza dispensam latitudes. São versadas. Nem sempre letradas. Desabrocham em volúpias com suas escancaradas grutas. Qdo saciadas se desmancham em deliciosas gargalhadas.

Putas. Musas inconclusas. Intimamente inconseqüentes. Carregam seus fardos repletos de sementes. Chutam latas. Reviram chamas. Visitam camas. Viscejam lânguidas na lama. Em suas asas tântricas transportam os calabouços de seu reino animal.

Divas vitais. Mulheres carnais. Mães serviçais. Gueixas em queixas. Guerreiras. Faceiras. Enfrentam a vida sem escudos ou armaduras. Libertas e libertárias. Por vezes libertinas. São capazes de iludir, mas não costumam fugir, qdo o corpo treme e  boca geme a vontade de rugir.

Doces, dúbias e divinas heroínas. Como são lindas, etéreas e eternas estas meninas...