quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Rodas Rodin... Labirintos Dainad...




Enquanto o dia amanhecia, a lua me conduziu por entre as réstias e pelos restos de espermas q escorriam em suas pernas. A partir daquele ponto um mar de escuridão pareceu se iluminar no q existia oculto. Mto distante de cada um dos endereços onde normalmente ela poderia ser encontrada.

No mesmo instante olhei silencioso seu jeito vagaba de rastejar o tesão. Ao estender suas mãos em súplicas, ela expunha toda uma necessidade de alimentar seu prazer em sofrer por amor.

Céus e infernos múltiplos se tornavam uma única célula. Viva e alucinante. O núcleo invisível e inesgotável do prazer a transportava de uma forma intensa, inteira e cega. Nas corredeiras dos labirintos de uma emoção sem regras, a consciência se sentia cada vez mais inteira, conforme ia se revelando um nada.

Com uma beleza única e sedutora, ela seguia ipsis litteris ao comando firme do meu pensamento. Qto mais se prostrava emergia numa irresistível escrava. Tornara-se impossível não querer possuí-la.

Para ela sentir-se à mercê tornara-se imprescindível naquela hora. Então, curvando ainda mais o corpo sobre o joelho, e tomada pela loucura, ela tocou o nariz nos dedos daqueles pés q tinha a sua frente. O gosto de servir, definitivamente, tomara conta de sua alma. A espera ansiosa do castigo misturava tortura e agonia.

No desespero não se conteve e, finalmente, se entregou ao destino. Num gesto tão arriscado qto inesperado sentiu na ponta da língua o mesmo sabor q sentia em seus delírios. Sabia q era desatino, mas, arrastando a língua, ela passeou lentamente por todo o corpo daquele homem q deseja ter como seu dono.

O q se deu daquele dia em diante, nem aos deuses ela tinha coragem de revelar. O q se conta é q todos os dias ela estava lá, curvada, a embriagar-se na fonte do seu prazer.




Montagem feita com base na obra “The Danaid”, escultura em mármore branco esculpida por Rodin / 1886 - 1902. A estátua representa a figura de Danaid, uma das filhas de Danaus, q matou os seus 50 noivos na noite de núpcias. Todos foram condenados a retirar água do lago com uma peneira por toda a eternidade.