domingo, 22 de janeiro de 2012

Gargarejando Graciliano...



Quando me despeço dos versos sempre lhes peço: não se façam de rogados ou se deixem levar por regalos pré-moldados. Quando inseridos em rabos de saia de temperamento complexo sigam à risca. Quem arrisca corre o risco de entender a lógica do acaso. Quando possível façam sarcasmos do amargo grudado nas entranhas das linhas.

Quando me despeço dos versos peço q se dispam de mim.

"Um arrepio atravessa-me a espinha, inteiriça-me os dedos sobre o papel." 

Em parte sou atendido. Nem por isso regozijo. Sou atrevido. Quando gozo dou rugidos. Tal felicidade do feto ao tocar o útero. Consciência irracional da luz.

Viver sempre foi artigo pessoal incorrigível.
  
"Naturalmente são os desejos que fazem isto, mas atribuo a coisa à chuva que bate no telhado e à recordação daquela peneira ranzinza que descia do céu todos os dias."

Vivo o q me mastiga vivo. Enquanto vivo vejo a vida fazer da gata sapato a me levar no papo com calma insana. A "sacana" ainda me vira o tempo no avesso do verso. Mel confesso fico a lamber sua insensatez.

Só não sei q adianta ser osso bom de roer. A cadela sempre retorna às benesses do rei.

Sem alimentar contentas, o íntimo da tenda só a gente consegue ler. Podas antecipadas não moldam moinhos. Raiz torta quem sustenta e dá consistência à satisfação de florescer.

Sei qto meu cuspe resvala à vala dos loucos. Ainda assim insisto em lançar apostas no oco. Ainda a pouco ouvi no tempo rajadas do vento tentando varrer suas unhas de minhas costas. Que bosta desatar barbantes sem se fazer entender!

Dizer é pouco. Descrever provoca "papoco" e um turbilhão de papo oco. Inútil se estender; até pq, com certeza, certeza é a maior de todas as ilusões.

Quando escrevo me faço entender q nunca alcançarei o inteiro de mim. Quando for, serei, sem ver meu fim.

Até lá minhas palavras continuarão cabras cegas a gracejar no bico esquerdo dos teus peitos...









No percurso do texto, injeções providenciais de trechos do romance “Angústia”, de Graciliano Ramos; escrito no período em q foi mantido preso pelo governo Vargas.