sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Eu fui no Tororó...




Quem espera nunca alcança. Se por acaso estiver sentado, pode cruzar os braços e guardar a esperança em algum lugar debaixo do sofá, pois esse mundo não tem solução. Acha q estou pessimista? Então perca um instante e passe em revista o tanto q se sonhou. John Lennon cantou. Ghandi se doou. Luther King se imolou. Tanta gente esperou pela banda, mas, qdo ela passou levou com ela o pouco q restava de senso crítico e das coisas de amor.

Quem não cansou de esperar, hoje é obrigado a suportar a profusão do mesmo da mesma coisa. Tdo vem empacotado e hermeticamente igual. Mudam-se os nomes, mas a essência das coisas tem um ritmo só. Como diria Josefina, um transformista q fez aula de canto em Paris, mas nascido em Caicó: "Mon cher, é o "Ó" sem borogodó. N'est pa?".

Nessa vida já vi quase tdo. Adolescente vi a Rose de Primo lançar moda de tanga. No sertão caboclo dançar de banda, dizendo ser a nova onda. Presenciei o surgimento do sexo grupal em lual feito na paz do amor. Assisti ao delírio da praça eletrizada pela guitarra de Dodô. Lembro q enrolava o sleeping bag, enquanto todos cantavam q quem sabia não esperava acontecer. Acontece q qdo Harrison voltou da Índia todos começaram a repetir o namastê.

Até donzela q se dizia emancipada dava com os burros n’água em plena lua de mel. Mas, não adiantava mais nada, pois o q era doce escafedeu-se no beleléu. Depois da nova república, qdo tdo parecia enfim tomar o rumo do céu, vi cafajeste tirando onda, subindo a rampa com pinta de menestrel. Vi cada tipo escrotro fingir ser religioso, mas a reza q lhe servia só se fazia no bordel.

Para não perder o rumo dessa toada, vi gente de cara pintada fazendo cena e levantado bandeira. Vi bandido vestido de Armani ditando ritos e o bicho na gafieira. Vi as maldades e as beldades q desfilavam nos carros blindados das autoridades q se diziam democratas e cristãos. Juro q me emocionou ver as pessoas batendo na lata, acreditando nas cascatas mais gigantescas q as do Iguaçu. Sem falar nas q tomavam na rima, esperando a boa conduta de quem lhes representava no parlamento. Esse é o país do esquecimento. Sua cara não é de pau, é de cimento. E ainda dizem q burro é o jumento.

Em nome da boa fé perdi a conta dos escravos de Jô faziam procissão na porta da igreja. Recitavam salmos e, com sobressaltos, davam aleluias exibindo entusiasmados o carnê da salvação. Enquanto isso, no lado de lá dos muros de arrimo, o seu salvador contava o dinheiro sorrindo, com a passagem para Miami na mão.

Mas nada, nada mesmo se compara ao absurdo de ver tantos imbecis discutirem com ares eruditos a sexualidade e estupro consentido nas televisões. E o q é pior, ver um país inteiro perder seu tempo, preocupado com uma paraibana q estava no Canadá. Assim não dá.

E não é q deu? Aliás, full deu de boca cheia. Cansei de tanta besteira. O q ninguem se preocupa e q, enquanto reparamos se a saia da viúva está mais curta, as grandes coorporações nos estados unidos preparam a sopa q os salvará da falência. Mas, quem se toca? Hoje o mundo só se preocupa em rebolar o “pega-pega” de Michel Teló. É de causar dó...

O jeito é descer a ribanceira e voltar para o Tororó. Quem sabe ainda encontre a bela morena q lá deixei...