segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Apitos clarices...



Todos os dias a vida vem
Com o sabor e a cor q se tem
Todos os dias ela se entrega
Alumiar natureza de um bem
Olor em flor de amor além

Todos os dias a felicidade
Vai e vem dividindo trilhos
Paralelas verdades, diversidades
Devastando nefastas razões
Nas quatro estações da vida

Na verdade nunca se sabe
Os enlaces em q ela se reparte
Nem mesmo o dia em q parte
Ou como bate qdo o desejo vem
Quer saber? Ainda bem...

Cielos blues en mi bien...


Estoy en el camino
Yo y mi pequeña tatuaje
Paisaje en mi pensamiento

As veces peleo con ella
En otras mi hago suelto
En su misterioso hechizo

Muchas veces la beso
Es cuando me presenta
Con la sede de sus alas

En sus mortales miradas
Entro en su morada
Sin pensar en más nada

Cubiertos de luces
Hacemos sonidos
Con los invisibles tambores

As veces nos fijamos amor
En otras sonrientes partituras
De nuestras serenatas

domingo, 30 de outubro de 2011

Mato João Donato...



Não sei se dono ou, no mato,
Nada do bicho domador donato
Nem se, de fato, o desejo efêmero
É uma forma enviesada de aceitar
Que o tdo q se diz pleno de certeza
É certo ser fruto de sabor abstrato

Não respondo pelos enganos
Nem os danos, seu melhor retrato
Alguns, salvo engano, amarrotados
O tempo sem pudor os grudou
Nas rugas entalhos da sola dos pés
Como se fossem travas de sapato

Mormente se sente o qto é quente
Pisar o sol a pino no meio do asfalto
Não sei se arisco ou pelo risco
Arrisco pelo prazer ao desacato
No peito aberto revelo o desejo
Sujeito ao incerto na paz de Donato





É aconselhável ouvir “a paz”, de Gilberto Gil e João Donato




João Donato em foto de Maurício Santana

sábado, 29 de outubro de 2011

Telmary...




Batida afro-cubana e um poderoso estilo, pessoal e social. A música de Telmary viaja além mares e despe a alma, q embarca na sonoridade de seus ventos em popa. Talentosa e contemporânea medida entre o funk, hip-hop e jazz. A corrente sanguínea se lança nos ares. Leve. Levada por Telmary...



Telmary Diaz é uma cantora cubana, com residência em Toronto. Visitem sua página! www.myspace.com/telmary ou a encontre no youtube.

Vale à pena!

Câncer...


A boca expele a gosma branca de nuances esverdeada. Seu reflexo ondula na privada junto com o q lhe restava da alma. Respirou profundo todo aquele vazio e suspirou ao reconhecer sua insignificância estampada no medo q experimentava.

Ouviu sua sentença sem um único grito de socorro. Nenhuma clemência. Nenhum lamento. No entanto o corpo tremia. Os nervos gemiam silenciosos tambores. Em êxtase trombetas e clarins conduzia sua agonia pelas veias. Em silêncio pediu ao tempo mais um tempo naquele apocalíptico gozo.

No derradeiro prazer beradeiro se entregou banquete e saboreou cada partícula de su'alma fatiada, consumida e devassada.

Sem alternativa estendeu uma mão e em seguida, com mto esforço, a outra.

Aos poucos o cérebro foi respirando o alívio. O corpo parecia flutuar em nuvens, qdo o dilúvio lhe arrastou os pensamentos em direção de abismos q se abriam repartidos nas linhas da vida, q fugia de suas mãos, agora espalmadas...

O dia se fez de uma naturalidade nunca vista antes. Crianças brincavam alegres no mesmo parque em q a pintora desenhava sua redenção. Antes de sair o fiscal de fronteira rezou três “ave maria” e tocou “litle wing” com sua guitarra. Na Confeitaria Brasil se fazia a festa lambendo a loucura grudada na cidade baixa.

Só as nuvens, de repente, ficaram caladas...


quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Inesquecível Quintana...



Beleza de puro afeto
Espelha gestos carinho.
Coisa de ninho, de passarinho
q encontra o sentido de bater asas,
e voa em sua direção...

O gesto se espalha no ninho.
Coisa q se descobre em beijinhos.
Inesquecível afeto ardendo
lavando o corpo em fogo,
em kilowatts de tesão...

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Olhos... Zarolhos...

Não sabia dizer “uai”
No “uia” uivava no sax.
Um dia ouviu latidos
Solta do juízo, seus olhos
Só disseram “uau”...

Arre...



Sou ao teu estilo
Pedra berilo, capitão no mato
Sem cachorro todos os lados
espreitam o osso...
Ouço o mar com ar de gozo

Bobo ou louco
Lambo o oco e louvo
O bobo, o louco
O q pode ser lavado.
Decoro o prato q devoro
Faço abstratos tratos

As virtudes são esquilos
Enfeites e brilhos. Vícios à serviço
Delírios a salpicar Renoir, Miró
Lautrec... Avec... Herege...
Ribalta em árvores de natal





Impressões meramente óticas sobre obras de Toulouse-Lautrec, Pierre-Auguste Renoir e Joan Miró

Inesquecível...



Maracatu d’alma
Desperto Egberto
O pensamento
Bruto e incerto
Toca o coração
Não por ser belo
Ou cerebelo, mas
Por compreender
O tanto qto pode
Ser inesquecível
A natureza do elo

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Qdo par é ímpar...


“Eram flores diferentes, de perfumes díspares, mas harmoniosamente reunidas pelo mistério...”


Diziam se sentir no tempo. Diziam, mas nem sempre resistiam ao desejo prisioneiro q os perseguiam e os faziam bater asas desprovidas de amarras. Voavam por algo q não viam, mas sentiam ser o mais próximo de suas transparências.

Em dias de maré baixa recolhiam suas asas. Cada um em seu lado espiava calado o sopro quente do lamber dos ventos. Olhavam um ao outro e gotejavam salobros arroubos. Na terra movediça de seus pantanais se expiavam mutuamente, com as vértebras apaixonadas e curvadas ao q chamavam essência. Exorcizavam-se em tdo q sabiam. Algumas vezes sem saber pq o faziam.

Dessa forma iam, sem horas ou acertos, costurando ares malabares sem enredo.

Nessas horas sorriam e se lambiam o tanto qto podiam. Sentiam-se grão de cada um. Um no outro. Ponta de vida no olhar do broto. Bebiam um ao outro. Embriagavam-se e depois urinavam suas almas leves e lavadas. Um e um. Um em um.

Qto menos se sentiam par, mais compreendiam o prazer do ser ímpar.






Citação inicial: Augusto Frederico Schmidt, no livro “o galo branco”

domingo, 23 de outubro de 2011

Bendito Benito...



Bendito fruto
ciranda in vitro natura.
Na cara raspas de rapadura
Na boca da saia gira
De olho na tinta
Frida cala, matuta:
- Tdo está no seu lugar.
Na corda bamba
Diego tenta um fox.
Taking on orloff
Trotski batuca:
- Graças a zeus!

sábado, 22 de outubro de 2011

Ponta de mel...




A três por quarto a meia 3/4 prepara o salto do “hummm” ao quarto.

Com passo de sapateiro salto debaixo da lua. À sombra da soleira acho a graça mastigando o mangustão. Depois repasso a rima e, na função, a lição.

Só para sentir o mel derramar, da ponta da língua à palma da mão...



O belo da fera...




O belo da fera está no hemisfério q irrompe a fome e quebra a barreira do som, na fonte envolta ao cerebelo. Está no tesouro do olhar besouro q vislumbra os reflexos e pergaminhos soltos pelo espelho diante do olhar. Esfera tamanha de sabor de época. Frutas e estações.

Nem sempre se posta à mesa. Nem sempre sutileza ao empinar o nariz. Meretriz ao lamber o caqui com seu instinto Kundera. O q tem de belo é incerteza na fera. Uma incontrolável leveza represa à beira de seu olhar.





Montagem feita com cenas de Mia Wasikowska, em Alice no País das Maravilhas, de Tim Burton e Lena Olin n’A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Vida... Sra Apare Cida...



Felicidade, bem q a ninguém pertence. Nem sempre se sabe de onde vem, mas qdo vem nos preenche, de graça. Feito saudade q assalta absoluta. Verdade na bucha q acusa o tanto q se oculta no corredor do tempo.

Em tempo: Vida, grandeza de beleza intuitiva. Vida ondular. Respirar gestos. Afetos evolutivos. Dito e cujo qdo não se presta à uma simples compreensão. A intensidade é onda q não se calcula e nem se mede a extensão.

A emoção da suave idade despida de meias verdades. O viço virtude q não ilude e ainda ensina a ouvir o silencioso cântico das retina.

Felicidade, palavra maiúscula e feminina. Vontade q não se oculta, mas somente se desfruta em abraços abertos cobertos de verdade.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Íntimos delírios híbridos...



Sem ter controle do tempo abria seu corpo e sentia o sabor dos ventos adentrarem em suas partes mais íntimas. Então sonhava com templos e, entre os becos do seu abstrato reino, dançava tangos e cometia delitos q escorriam híbridos de suas mãos.

Atravessava toda a tormenta passageira de embarcações e suas velas içadas. Depois atracava sã e salva na ilha onde percorria a beira mar de sua insípida solidão.

No dia seguinte, qdo anoitecia, com seus olhos faróis ensaiava fados, iluminando cometas q surgiam no breu de suas múltiplas órbitas em desordem. Mergulhada em uma prazerosa confusão se fazia em desejos e, sem ilusão, despetalava seu corpo como um buquê de estrelas.

Assim saboreava, pétala por pétala, os estragos em su'alma, já sem nenhum desejo de salvação.


terça-feira, 18 de outubro de 2011

Avencas...



Vem para meus braços
Venha cá desfolhar afagos
Para, em abraços, brotarmos
Desatinadas poesias
Vem! Descubra-me!
Cubra-me e me banhe
A alma, com calma,
Na fonte de tua energia



Avencas têm folhas grandes chamadas frondes subdivididas em muitos folíolos. Geralmente têm formatos de trapézio e cunha, com as margens onduladas e rendilhadas. São delicadas e proliferam na umidade. Qdo bem drenadas valorizam sua textura.


sábado, 15 de outubro de 2011

Escócias...


Juro q até cheguei a pensar em apelar para a Interpol ou Scotland Yard. Por pura sorte a encontrei coçando as costas da Escócia. Então a chamei pelo nome sem asas de sonhador.

Ainda assim falei de amor e rosas em vagarosas prosas.

Pela primeira vez me vi vagar o lume do outro lado do mundo. E quem diria: não senti nada q soasse a fantasia ou embalada em capas disfarçadas de magia.

A realidade escorria pela noite em chamas.

Sem dar trela para o monge a alertar q o Tibet ainda estava longe, abri minhas asas e voei de olhos abertos pelos encantos da prenda. Atravessando o planeta pude descobrir aonde a lua adormecia abraçada ao sol.

No meio da fábula a fada me tocou com sua varinha de condão. De repente me senti outra vez menino.

Em seus olhos a Escócia tinha a beleza e o brilho das surpresas. O mais estranho foi alguém me ver sorrindo, sem querer ser dona de meus olhos e da minha razão.

Até hoje lembro com saudades da Escócia. Talvez ela nem saiba o tanto q me fez bem... 

Cabelos brancos...




Enquanto a tarde caia retornava para uma casa q não lhe pertencia. Solto em um mundo mal iluminado cortava ervas danosas nas calçadas. Com isso provocava indignados rompantes em q se reconhecia.

E assim, mastigando sonhos q já não tinha, seguia pela rua vazia de vida e luar. Um bater no peito. O pulsar de um corpo q ardia. Era assim todo dia.

Paixão cega vestida branco. Um homem cego de paixão imerso no colorido de sua escuridão. Na rotina do dia quase nunca sabia onde encontrar a parte do imprevisível q lhe cabia. O q dizer qdo se sabe q não se cabe em lugar algum. Saber ser qq um ou mais um. Impossível amar desprovido de ilusão.

Um dia, sem estampar a dor q sentia, foi se desfazendo do peso das reticentes companhias. Ao terceiro dia viu subir aos céus a inutilidade de sua paixão. No quarto dia abriu as portas da casa q não era sua e saiu pelas ruas semeando palavras.

Continuou sem pensar em mais nada, até q não encontrou mais palavras, e ficou sem ter o q dizer. No mesmo instante, passando as mãos nos cabelos brancos, cantou para quem quisesse ouvir:

"...agora, em homenagem ao meu fim, não falem dessa mulher perto de mim...”







Incidência quase física da música “Cabelos brancos”, de Marino Pinto e Herivelto Martins. Ilustração feita a partir do quadro “The sower”, de Millet Jean François

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Suave açoite...

Hoje te faria escrava
Desdenharia do teu amor
E te faria saborear a dor
Na palma de minhas mãos
Depois lamberia beijos
Deixando marcas estampadas
No teu corpo entoaria cânticos
Recital em harmonia
Com teus adocicados prantos
Senhor de si, em ti, maestro
De teu alucinado gozo

Contraluz...



Na contraluz da fotografia
Em sóbrias sombras sublinhas
Linhas com teu olhar alumiar...

Desgarrado da multidão
Um coração, apesar de ateu
Não cansava de lhe desenhar

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Adendo...

É no silêncio do nosso máximo divisor incomum, em comum acordes, q tanto nos multiplicamos...

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Lá e Cá...



A noite calava para olhar a lua cheia
Mto antes, à tardinha, qdo ainda linha
O horizonte desalinhava os olhos
Nos antepenúltimos raios do sol

E se deixava perder no tempo
Ouvindo o vento espalhar
Grãos de passarinhos murmurando
Frases soltas pra lá e pra cá

A colar o ar, lá e cá, com retalhos de ecos
Em sua volta, o ar respira a voz nua e rouca
Com sua suada boca no pescoço nu
E um mundo dando voltas sem parar

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Quatorze bis...



Vivia de boca cheia
Ainda assim, não perdia
A mania de pedir Bis...
Não à-toa se dizia feliz

Ao planador...



Sendo...
E com o
Tempo tecendo...
Até ser,
No vento,
Pleno...

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Florentina...


Ao vê-la se abrir daquela forma, na hora pensou em chamá-la de amor. Bem q queria. Bem q poderia. No entanto coçou a cabeça e, sorrindo, arregalou os olhos.

Pensou em tdo o q um dia acreditou q tivera e se conteve.

É bem verdade q sentia sede, mas su’alma estava acostumada aos desertos q intercalavam os oasis e jardins q havia plantado dentro de si. Não se achou um tolo por isso. Apenas achava a dor um desperdício.

Com razoável esforço encontrou alguns instantes de juízo no fundo da mala e deixou a natureza revelar a q vinha.

Justamente por conta dessa natureza continuou a regá-la de forma suave e, aos poucos, sentindo seu aflorar. No mesmo instante arrastou a língua para lhe sentir o gosto e, mais uma vez sorriu. Dessa vez com olhos apertados, querendo ouvir Eric Clapton tocar "Florentina"...

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Espírito Santo...

O sexo pulsa
Qdo a alma suga
Desejos no beijo