sábado, 9 de abril de 2011

Vento anzol... Tempo girassol...



O vento soprara forte o tempo inteiro. Tanto tempo havia se passado. Qtas vezes haviam observado a febre cobrir de amarelo as pétalas do girassol. Seguiam juntos o movimento contínuo de um destino menino, com seus corpos banhados e entregues aos desejos do sol.

Giravam e reviravam largados em beijos feitos lagartos grudados. Suaves. Suados. Encaixados. Como o peixe entregue ao seu destino, diante da morte, com a boca aberta enfiada no anzol. Eles descobriram borbulhar em suas veias a química mistura da dor e do prazer.

Qto mais giravam mais e mais se entregavam ao q emanava de seu bailado. Até mesmo qdo surpreendidos pela abrupta chuva, se despejavam encharcados e enlouquecidos, sem pensar em nada q não significasse vida.

Soltos no vento. Perdidos no tempo. Desprovidos de pudor. Ela provava damascos na mão de seu carrasco, sentindo na boca um gosto agridoce de uva. Ele brotava em delícias, com seus dedos enroscados na umedecida da vulva.

Sem q ninguém percebesse, o tempo se vestiu de uma silenciosa devoção e o vento fez o mundo girar fora de órbita lá fora. Exatamente como eles.