terça-feira, 12 de abril de 2011

Achados e perdidos...



Todo dia o sol nascia querendo despertar a bailarina adormecida nas nuvens. Para mtos parecia natural e rotineiro. No entanto, por mais absurdo q fosse, tdo o q o sol queria era se fazer especial para ela.

Ninguém entendia os motivos q levaram mulher tão bela viver daquela maneira. Ocupados em seus afazeres, sequer imaginavam os segredos q ela carregava e guardava entre as nuvens. Mto menos o q acontecia depois q o sol sumia no horizonte, deixando as nuvens na escuridão.

Alguns pensavam em desilusão. Outros em decepção. Mas, nada disso parecia ser a real motivação. Quem havia visto a forma sedutora q ela se exibia na janela, percebia q ela, aparentemente, não demonstrava o menor sinal de preocupação. Nem questionar ou entender suas razões.

Como de costume, em casos envoltos pelo véu do mistério, havia mta especulação.

Uma falava de abandono e certo soldadinho de chumbo. Com ele descobrira o amor e sonhava desbravar os íngremes desfiladeiros q compunham o seu mundo. No entanto a frágil magia de sua inocência se desfez. Sem suportar a visão do seu possível amor ir embora mergulhou numa tristeza profunda. Ainda menina guardou seu coração numa caixinha de música e a jogo em um poço sem fundo.

Naquele navio partia o q repartiria sua vida e mudaria definitivamente o seu destino.

Embora mantivesse os dons musicais, era uma bailarina diferente das demais. Havia nela uma íntima sonoridade q destoava da forma como costumava se mostrar. Mtas vezes travava uma luta desumana para não parecer inconseqüente. Um luta em vão, pois a força q fazia seu coração bater era latente. Nessas horas seu corpo fervia e a alma descontrola revelava o q havia de mais indecente.

Apesar das finas carruagens e dos ricos adereços q lhe cobriam de ouro e prata, gostava mesmo era das emoções baratas achadas nas noites vazias e tardes vadias. Emoções q lambia com fartas gargalhadas. Pouco importando se ecoasse pelas valas da madrugada, sua essência puta, perdida e feliz.

Ser ou não era uma linha q a dividia e ao mesmo tempo demarcava os limites de seus medos. No íntimo continuava a menina q crescera sem saber onde encontrar seu brinquedo preferido. Uma mulher querendo saber em q ponto da vida esquecera a ternura de seus encantos. E eram tantos.

Talvez por orgulho não se deixava banhar em prantos. Preferia as luzes da ribalta, pois se escondia em coreografias decoradas e adornadas com o q restara das flores colhidas no corredor do tempo.

Por isso a bailarina não conseguia se imaginar em outro lugar. Ali residia a única possibilidade de se encontrar. Nas nuvens não tinha a preocupação com rastros e nem com dores dos amores inconclusos e passageiros. O tempo tratava de deixar para trás. Embora, por mais q tentasse, não conseguisse apagar.

Assim ela seguia. Tranqüila, bela e adormecida. Sonhando com o dia em q o sol não mais lhe despertasse para a realidade presa às inevitáveis correntes e correntezas. Vulnerável e volúvel. Exposta aos imprevisíveis temporais.

A despeito do tempo e do verbo. Fosse ele um passado presente ou sem futuro, o tempo seguia indiferente a tdo. Entre achados e perdidos a vida continuava passageira e bela, como a nuvem e sua bailarina adormecida.