sexta-feira, 22 de abril de 2011

Bobeira de Pedro... Pendão da esperança...



Pedro não era pedreiro, nunca tocou pandeiro, sequer tinha o dom da navegação.

Em compensação sabia lamber no mel qdo entrava em um bordel, além de ser amigo do rei Manuel. O suficiente para ser nomeado chefe da esquadra lançada ao mar atrás de algum advento q justificasse os proventos e tanta bajulação.

E lá foi Pedro, o q não tocava pandeiro, todo faceiro a contar dinheiro e lorotas nas fedidas xoxotas embarcadas na santa maria, pinta e nina. Eram treze, mas apenas estas couberam na rima.

Entretido e cantando hinos e vantagens sobre o vasco, o da gama, demorou a se dar conta do qto estava perdido do caminho q o levaria para os encantos das índias.

Então, aquele q não era marinheiro, sem querer inventou o primeiro jeitinho. Tornando-se precursor do q mais tarde seria patenteado brasileiro.

Após quarenta e três dias de enjoos e vômitos dizia-se arrependido. Maldizia com o q lhe restava de pulmão seu cargo. Estava decidido a se jogar do alto da caravela, qdo ouviu o grito salvador:
-Terra à vista!

De imediato Pedro, o precursor, deu um salto e exclamou:
- Puta q pariu! Onde enfiei meu pé de pato?

Enfiado na peruca cheia de piolhos a lhe coçar a nuca, aliviado soltou uma solene bufa. Havia encontrado o Brasil.

Encontrou, mas não curtiu. Bebeu, se abasteceu de pau, depois partiu. Foi embora sem descobrir o feitiço das mucamas ou o canto de jurema fazendo juras de amor. Não dormiu ouvindo o rock q a mulata fazia no meio da mata, nem provou da mágica do seu rabo encantador de serpente.

Sem experimentar seu jogo de cintura no samba. Nem as pernas bambas de tanto ela ensinar mil e três maneiras de fazer neston.

Coube a corte representar o império neste lado do hemisfério. Para não se cometer adultério foi decretado não haver pecado abaixo da cintura ou da linha do equador. Em meio a orgias, para desespero do ouvidor, o interventor broxou.

Pensou... Cafungou... Pensou... Temeroso do vulto, dominado pelo impulso, dividiu sua fantasia em capitanias. A partir de então, consagrado o percentual, além das hereditárias o erário estava liberado.

Condes e viscondes serviam-se abertamente de seus capitães no mato. Damas assanhadas engatinhavam com os olhos arregalados no majestoso pelourinho de seus escravos. Desnudas e despudoradas perambulavam nas senzalas, enquanto seus senhores admiravam as bundas alegres na rua da praia.

Ainda bem q Pero Vaz já não estava por esses lados. O q não se viu nunca existiu. Negar é a primeira regra até hoje seguida. Até qdo se é pego com a mão na botija.

Maldita mídia q não deixa ninguém surrupiar em paz. Se o galo canta a culpa é da vigília...

Passados mais de quinhentos anos ainda não se descobriu a razão. Na praia de Ipanema, assim como tantas, viver era mais simples e a alma não era tão pequena. Depois do cinema mudo veio o novo. Só não teve Colombo para ensinar como deixá-lo em pé.

Sacomé, santo de casa só faz seus milagres nas cercanias de Bagé. No toró é de dar dó...

De curso em curso o brasil se afogou no próprio discurso. Nada muda. Nem mesmo se o grito da muda romper a casca do ovo. Começa tudo de novo como rebento de gonzaga.

Eu não mudo. Ela não muda. O povo não muda. Nem as instituições. Há quinhentos e tantos anos somos todos mundanos. E continuamos, salvo engano, em nosso ofício de negar os próprios enganos.

Salve-se, ao menos, o lindo pendão da esperança. Pq a moral...