quarta-feira, 27 de abril de 2011

Fé Jeca... Farsa afiada...

Passeio pela cidade. O cinza concreto esculpido com gárgulas conta histórias em estático silêncio. Cada passo é dado e esmiuçado, proporcional a razão de uma abstração q me retalhada em divididos momentos. Cada um em seu devido vento.

Pouco a pouco percebo algumas luzes começarem a acender nos olhos, deixando clara a aproximação da noite. Ainda assim percebo ser pouco para iluminar o q se esconde no esfumaçado brilho das vitrines. Muito menos conseguem atravessar as vidraças rabiscadas das casas e seus habitantes desconfiados, emoldurados e envelhecidos.

No verbo sem princípios escoro, por alguns instantes, os pensamentos escuros. Observo o jeito incerto dos ventos sem rumo e nem direção definida. A vida espalha ressecadas folhas mal escritas para longe dos tapetes.

Depois da chuva o frio provoca arrepios na alma viúva. O corpo em calafrios procura se proteger com o q resta de emoção.

Atravesso a rua com passos mais rápidos, decidido a não entrar no beco escuro e sem saída das ilusões. Subo a ladeira com passos lentos e a respiração acelerada, procurando observar os fragmentos da vida tatuados na calçada onde piso. Logo mais dobrarei a esquina sem saber o q me aguarda. A essa hora da vida corre riscos quem se arrisca a ouvir o uivo da alma.

Do alto da escadaria vejo a tampa do céu aberta sobre a torre de babel com seus quilométricos degraus. Poetas, seresteiros e enamorados, não digam mais nada sem amolar a faca. O silêncio pode não reluzir na boca de um tolo, mas a palavra, mesmo dourada, tbém é farsa de dois gumes... E um tanto afiada.