quinta-feira, 10 de março de 2011

Trem das doze...



Este é um país q ri de sua própria sujeira, q exalta a máxima besteira de sermos a histórica bola da vez, além de penta campeões dos dribles e trambiques constitucionais. Nos bastidores do cassino a grande dama é quem dá as cartas. Longe da sala, reis e valetes mostram-se obedientes na copa, mas tramam escondidos debaixo do pano. E nem fazem drama qdo veem à tona os sucessivos equívocos. Impávidos até o osso mantêm seus sorrisos ôcos estampados no muro de eternas lamentações.

Entra ano sai ano continuamos a fazer planos com os nossos enganos, numa eterna fronteira feita de sangue, incertezas e dadivosas ilusões; dessas q fazem uma vivíssima viviane araújo se considerar uma atriz e a população não acreditar q há justiça na sentença proferida pelo respeitabilíssimo senhor juiz. Seja no mérito ou nas coxas da intocável meretriz.

Triste verdade de uma divertida e democrática diversidade, q já não se importa se um tiririca assume não ter nenhuma proposta ou se a canalhice continua surda, impávida e impaciente em dar as costas, ao atravessar as largas portas q dão acesso ao congresso nacional. Nada mudou. Tdo continua irritantemente igual. A notícia só é notícia se foi dada pelo jornal nacional. Alias, há mto q não se fazem mais stanislaws. Agora, ursinhos blabláus tem a dar de pau.

Minha vida nunca foi um palco iluminado. Pensava nisso enquanto olhava uma foto de Poço de Caldas na parede de uma cantina na Borges, qdo ouvi o silvo do apito de um guarda, palhaço e perdido na ilusão de controlar um trânsito cada vez mais assassino e louco. O índio continua sem apito. Lembra do Silvio Brito? Pois é. Esse mundo está cada vez mais rouco. Mas, ninguém é louco de se meter no sentido contrário da inconseqüente corrente q conduz as multidões.

Em silencio continuo a tomar meu caldo de cana. Tem horas q me sinto um sacana, mas, qdo me lembro do q a velha guarda debaixo da cama, vejo q não sou mesmo de nada. Até dá vontade de fechar a matraca, ao ver um beija-flor passar na televisão cheio de emoções. Cartola, até parece q é zica. As rosas já não falam, mas, acredite, elas ainda exalam no resto do perfume q guardo em um frasco quase seco, com o qual volta e meia dou voltas por aí. É certo dizer q sempre me traz lembranças de ti, como uma folha seca contornando meu ar, feito um chute do magistral Didi.

Por outro lado, qdo Lamartine canta, eu babo, olhando as folhas soltas espalhadas pela saudade. Subo no trem das doze e atravesso a cidade sem saber onde vc se esconde. Quem me dera fosse eu um conde, visconde de sabugosa ou um encantado lobisomem. Tentaria chegar lá no alto do não sei onde, bem além do horizonte, só para ver onde esse trem vai dar.

Mas, meus pés, de tanto tempo q ficaram descalços, já não cabem em nenhum sapato. Seja de bico fino ou de salto alto. Aliás, existem coisas q nem vale à pena grifar nessa lousa. Em um enredo sem segredo lambo as marcas dos estragos do último tango q me pariu. E o brasil continua sem mostrar a sua cara lavada. Mas, deixa isso pra lá. A carne até pode ser fraca, mas o tempo apaga o q não vale um vintém.

Anselmo me desculpe, mas não sou nenhum pagador de promessas. Nem gosto de fazer prestações. Olho por olho, dizia o besouro já coalhou, de tanto olhar a donzela tirar a roupa pela fresta da janela. Vai, com jeito vai. Aonde a vaca vai, pode apostar q tem sem um boi indo atrás. Dizem q é por causa do rebolado, q apesar dos maus olhados, continua bom demais...

"A tua vida é um segredo. É um romance e tem enredo. A tua vida é um livro amarelado... A tua vida, romance igual ao meu. Igual a muitos outros q o destino me escreveu. A tua vida foi sonho e foi ventura. Foi lágrima caída no caminho da amargura. São nossas vidas, comédias sempre iguais. Três atos de mentira. Cai o pano e nada mais..."

Sem ter mais nada a dizer, vesti uma camisa amarrotada e sai por aí. Em vez de tomar chá com torrada preferi me esbaldar em uma tigela de açaí. Levando uma lembrança no peito e um notebook na mão, sorri qdo Mercedes me disse: Sossega leão! Sossega Leão...


Interferência musical de “A tua vida é um segredo”, de Lamartine Babo