sexta-feira, 21 de março de 2014

Outonos na chuva...



Lambia os dedos ensaboados na compoteira de doces. Deitava na rede para sonhar com chuva. Só não queria se molhar.

Entre uma janela e outra provocava. Devorava o q podia, como se o seu universo fosse feito de um único dia.

Carregava na bolsa palavras adequadas. Com elas apimentava fantasias em pombas impacientes à sua espera na praça da consolação.

O coração indecente palpitava a cada experiência. Se real ou fantasia nunca sabia. Evitava o confronto. Só não conseguia evitar os outonos.

Parecia correr contra o tempo, como se recupera-lo fosse necessário para justificar artimanhas usadas qdo ainda criança.

Dizia-se obrigada a ser o q era. Vinha de vinhedos Prisioneira de outras eras pintava vinhedos e primaveras.

Só não sabia ser o q era.

Por isso recorria ao tempo. O mesmo q lhe fugia à lembrança. Tempo q não vivera, pois esquecera de acordar...