sábado, 22 de março de 2014

Justine seja feita...



Debruçada na estante se faz de culta.
Verbo transgressor encosta com eloquência
na fina louça de suas coxas, nos bordados
desalinhadas da saia curta. Alma suada.
Desassossego no mar de sua calcinha.

Transe transcrito de olhos fechados.
Febre a descoberta em vento minuano
Afagos, flancos abertos em solavancos.

No baixo ventre brinca no trem
dando risadas com seus fantasmas.
A mão ousa. A emoção não repousa.
Dedicada esposa oculta na mariposa
Arguta abusa de seu protetor.

Um louva-a-deus salta no ar...

Meia a tarde adentra inocente
a casa à procura de sua dona.
Para seu espanto a encontra
no infortúnio de suas virtudes
nudez consagrada no sofá...




“Justine ou Os Infortúnios da Virtude” é um clássico do erotismo, escrito pelo Marquês de Sade.