sábado, 22 de março de 2014

Gata de bota... Baba de fada...



Modelava vestidos no corpo como se trajasse leques floridos.

A rigor, leve como moleque, repetia gestos. Abanava sorrisos de leve com o leque. Ao torto e ao direito remexia o quadril como ecos de afirmação.

Pura afinação.

Quando o calor teimava em falar mais alto fazia um instante de silencio. No mesmo minuto esquecia o ranço no tranco e se atirava no pau do gato.

No remoer dos ventos perfumava-se de aromas multicolores. Com eles perfurava o amor até remover cata-ventos do bolo do casamento.

A cada um seu devido tempo. E intento.

No movimento enlouquecido das maracas despia o pudor de seus contos de fada.

Querer... Queria. Só não sabia se deveria.
Atrevia. Só, não dizia nada...

Na volta para casa nem sempre retocava a maquiagem. Mas repetia os afetos de sempre.

Algumas vezes adormecia com o leque entreaberto, sorriso aberto e boca fechada.

Era o amor falando mais alto...


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