domingo, 27 de fevereiro de 2011

Tannhäuser...



Como num ópera transversa, em andamentos e contratempos, ela é musa confusa e ambígua a compor meus sentidos Com ela descubro todos os dias o qto meu corpo é possível ao respirar a poesia. A música... Ah! A música percorre pelas veias com indisfarçada alegria. Os clarins, clarinetes, oboés e violinos me fazem, com suas notas, um solitário deus no seu Olimpo.

Passava da 1h56 qdo a vi passar. Naquela hora senti meu coração dançar na melodia q transbordava de seu coração, respingando migalhas de su’alma pela estrada q me levava a ser o seu Tannhäuser. Acompanhei durante um tempo o silêncio respeitoso das cordas q me mantinha preso, como se esperassem o momento oportuno q me conduziria até ela. Não sei por qto tempo fiquei ali. Nem mesmo saberia dizer qtas pausas contei em minha vida, em meu desespero de não saber se poderia de alguma forma encontrá-la.

Talvez nunca venha a abraçá-la como eu tanto queria. Talvez nunca veja o nascer do sol em seu beijo, a me iluminar meu corpo, acendendo nossas almas. Não sei. Sei q agora tdo se faz na resoluta calma. Com a mesma ansiosa e determinante calma com q vejo suas mãos apertarem o acero e o abeto de um jeito único, só seu, e inquietantemente belo.

Lá no alto podia-se ouvir uma orquestra tocar sinfonias de um improvável amor. Ainda em silêncio segui meu caminho, determinado a continuar juntando as migalhas de su’alma, q dançavam feito plumas, com iluminada calma, no ritmo e no som de uma brisa q soprava em mi bemol. Dentro de mim uma sinfonia heróica me fazia saborear um sentimento doce e romântico. Sentimento único de sentido ilógico, mas, q fazia meu corpo estremecer como o seu.

“Tannhäuser” é a quinta ópera do compositor Richard Wagner. Nenhuma outra ópera de Wagner sofreu tantas mudanças como "Tannhäuser". O mito do Trovador dividido entre os amores da deusa Vénus e de Santa Isabel da Turíngia tornou-se uma verdadeira obsessão para ele, que diria, pouco tempo antes de morrer, "dever ainda ao mundo um Tannhäuser".

Ela me conduz e me faz parecer ser, mesmo por alguns instantes, parte inteira e integrante dos poéticos fragmentos rompantes de seus metais. Ela, imperfeita e bela videira de tons florais. Furor de correntezas q me levam a uma cachoeira de frondoso viscejar. Divina estética humana. Fonte de vida em campos de margaridas. Minha senhora aparecida. Marchinha composta para trompetes, a sacudir confetes e serpentinas no meu carnaval.

Alá, meu bom Alá! Se a canoa não virar... Olê, olê, olá... Eu chego lá...



Agradecimento especial a maestrina e poeta Nádia Mara. Pelas fontes, referências e inspiração