segunda-feira, 16 de junho de 2014

Sininhos...




Cinco e quinze da matina. No céu ainda nublavam resquícios da noite. Teimosa ela pensava na matilha dispersa no largo de seus sonhos.

No primeiro instante de distração dos deuses saltou sobre o muro e caminhou pelas ruas com seu jeito androide e o salvador olhar Dali.

Determinada derrubou estátuas com a fúria de outros tempos. Arremessou mágoas de encontro às vidraças. Ainda teve garra de arriscar sua cara. Com unhas e dentes pichou paredes na sala dos grandes atos.

No q ouviu desagravos e desacatos subiu no telhado e recitou Bocage...

Um asteroide de corpo em brasa quebra os vidros da janela e me arrasta cosmonauta em seu rastro de dálias.

Na gravidade de seu colorido vestido alcanço o vácuo e apalpo o rabo oferecido. A evolução segue seu batuque.

A revolução é feita em silencio, com toques sutis de harpa...

Quando o eclipse nos revela no emaranhado de valsas, ela ergue os braços com meu corpo grudado em seus passos.

Ela dança no ventre. Toco marimbas em sua vagina...

Os sinos tocam o vazio da poesia. Um repique quase surdo marca a batida no tambor.

A cuíca chora de felicidade. A menina dos olhos dá cambalhotas pelas retinas.

Viver era um livro inacabado deixado no capacho da porta entreaberta...


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