quinta-feira, 15 de maio de 2014

Mãos no asfalto... Paçoca na carne...



No alto do morro o pavão canta na missa do galo. Abaixo da linha da misericórdia exibe ramificações presas a exuberante calda multicor. Entre às pernas o fuzil exibe a grife de combate.

Na mão direita um frenético ioiô. Na esquerda um oráculo em braile. Canções de vitória grifadas no exílio, entoadas no grito.

Luta inglória. Revolta q não se desnuda. O país recita Buarque, é bem verdade, mas baixa a crista e tampa os ouvidos ao q diz o Senador.

Derramado no asfalto o cheiro de esgoto invade os carros blindados parados no farol. O garoto esfrega detergente nos vidros.

Assusta tanta liberdade...

A cidade congestionada engole sobressaltos. Com extrema facilidade elege o cristo. Depois posta sua versão no tablet. Em resposta Roger Rabbit logo curte. Felisberto exibe o topete. Renan o look.

Por respeito à babilônia o congresso lembra Hollywood. O vermelho nos tapetes da fama não combina com o q se pinta nas ruas.

Da janela do apartamento o homem se joga louco de amor. Em outro se ouve o piano de Thelonious.

Alguma coisa Coltrane me conduz por “Ruby, my dear”.

Nas escadarias a madre curiosa exibe ex-votos e engole a seco a hóstia e sua história. Em sua razão mais generosa veste as cabeças com a pele da ingenuidade. Passeia nas manhãs de domingo no parque e, investida do hábito, semeia selfies com sobriedade.

O tempo passa rápido. O tempo muda os móveis de lugar. Cantarola. Remexe na caçarola o dente de alho. Depois da janta declama na cama seu desejo de áreas.

Do outro lado da lagoa escancara o outro lado da moeda. Lambe taças na adega. Navega com seus lábios tintos. Na boca do túnel emerge Afrodite. Diante da adaga indaga por qto tempo a carne suporta o corte sedutor da navalha...

Ao passar defronte a igreja faz o sinal da cruz, sem notar o olhar transeunte a lhe mendigar a carne.

Certo estava quem falou q vive-se por dom ou por arte...





Ruby, My Dear. Música de Thelonious Monk. Ruby é Rubie Richardson, seu primeiro amor.
Thelonious Monk. Pianista e compositor norte-americano, famoso por seus improvisos e estilo de tocar. John Coltrane. Saxofonista norte-americano, considerado o melhor sax tenor do jazz.