quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Retrato falado... Dito preto e branco...



Defronte do recato, repleto de estereótipos, repete a exaustão o mandamento q recomenda não desejar a mulher do próximo. Só não tem como prever o q se dará qdo ela se faz íntima, ou se posta bem mais próxima.

Desde priscas sabe-se qual amor q fica. Segue-se o estratagema: se piscar o bicho come. Se acaso corre, logo ocorre se entregar ao primeiro santo de plantão. De mais a mais, mãe é mãe. Até no azerbaijão.

Vestindo o passado em trapos, carpideiras saem de suas neblinas. Comovidas lamentam tanta degradante devassidão. Antes de haver o sol. Antes mesmo do piar do pinto percorriam recintos carregando desculpas de ocasião.

"... e era bom. "Não entender" era tão vasto que ultrapassava qualquer entender - entender era sempre limitado. Mas não entender não tinha fronteiras e levava ao infinito. (...) Era um desinteresse manso em relação às coisas ditas do intelecto, uma doçura de estupidez.”

A bicicleta de cristal deslizava no asfalto. Debaixo do sol toda a filosofia poética se revelara vã. Na pele da rã a noite se arrisca nos amores riscados nas esquinas. Amor de calor desinibido. Amor assustado, de tanto se espelhar em outras retinas.

Sabe, Chico, é impossível ficar calado, se na calada da noite ela me serve risonha o vinho tinto de seu sangue.

Na manhã seguinte, dito e feito, amarga a boca. Enfurecidas e loucas, as serpentes borboleteiam rasteiras, presas ao vício, nas folhas secas de outros outonos...

- Clarice, pelo sim, pelo não, pede para Simone por mais água no feijão...






Trecho de Clarice Lispector, de “O Livro dos Prazeres”, pincela e costura as interfaces do texto.

Parágrafo reflexivo sobre “cálice”, composição de Chico Buarque.

Uma suposta e bem disposta Simone de Beauvoir tempera e impede o entornar do caldo.