quinta-feira, 10 de maio de 2012

Árias Ismálias...


Ismália. Loucura cega
Fornalha da entrega sem pudor.
Serva sem compromisso.
Teu feitiço corre nas veias
em assumidos riscos.

Carne estufada  brilhante
beduíno em chamas. Em tua cama
a tragédia anunciada.
A alma na beira do poço
reflete o esboço de teus anais

Dança banhada de chuva
Dorso a provocar luar.
Emerges das águas em q submerges
Ondas borbulham no seio de teu mar
duendes e fadas a te aninhar

No porão os fantasmas se agitam
e esboçam uma rebelião.
Lambes tuas tantas mortes e percorres
altiva cada uma de tuas missões.
Sem ensaio sobes no tablado

Refeita do improviso reverencias,
com inesperado sorriso, a vida
Em seu monólogo desesperado
desejas as falas das mãos
silenciosas do teu Senhor. 





'Ismália' é um poema do mineiro Alphonsus de Guimaraens (1870-1921). Representa a dualidade entre o plano físico e a alma. A loucura e o sonho, um dentro do outro. Levada pela loucura Ismália entra num mundo de sonhos, atravessando a fronteira q separa a vida da morte.