sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Cada um... Zum zum...



Cada um tem seu jeito, a despeito do relutante jeito afeito aos tantos atrativos coletivos, nem sempre de substanciais relevos. Assim passamos o tempo balbuciando pronomes e exaltando provérbios de infinitivos verbos, oferecidos em trôpegos versos, no atacado e no varejo.

Gritamos nomes diluídos em codinomes. Saltamos sílabas q nos revelem por inteiro. Alardeamos adjetivos diante do aturdido sujeito. Conjugamos orações e construímos pontes de exclamações objetivas, apesar de rarefeitas. Com efeito, cada um vive condicionado ao bater do próprio peito.

Era uma menina singular em seu jeito de adorar coletivos. Misturava-se entre eles com uma rara suavidade, incomum a quem circula por esses meios. Sabia q seu jeito despertava curiosos e indisfarçáveis olhares naquele ambiente diferente ao seu. Encostada em algum ponto de parada, era seu feitio mostrar-se fragilizada, cruzando estrategicamente os delicados braços sobre os seios.

Desse modo, pensava ela, impedia as inquietas pontas de exporem toda a generosidade de seu corpo e sua trama. O máximo a q se permitia, até por não poder conter, era salivar com seus lábios o prazer de sua deliciosa maldade, disfarçada em olhos exageradamente submissos e um perverso jeito angelical.


Cada um aguarda pelos desejos de um modo q até um deus duvida. Cada qual encontra um jeito de esconder e proteger os próprios defeitos. Assim seguimos leves, intrépidos e vulneráveis aos deuses e demônios da vida

Com o movimento dos coletivos abriam-se as janelas dos pensamentos. Ela fechava os olhos, deixando-se leva pelo odor dos agitados corpos, alguns deles suados, encostando-se ao seu. E o tempo seguia. E ela sentia o volume dos falos e seu desfilar em procissão. Alguns faziam considerável pressão. Outros, mais atirados, vinham acompanhados de inseguras mãos. Cada um em seu diapasão, conforme cabia a cada um se deixar levar pelos impulsos daquela inusitada situação.

Cada um tem sua forma de sonhar, de fazer despertar a aurora e o aroma da amora. Pouco importa se obtuso, claro ou escuro. Cada qual segue o absurdo de sua rota. Qdo não desbota diz: bota! E o mundo segue indiferente a tdo o q possa nos compor. Cada um tem sua maneira de abrir ou de fechar a colorida caixa de pandora.

Enfim o soberano rei tomou posse de seu território. Como sempre se deixou explorar. Pressionada entre o musculoso ombro sem rosto e o corpo abençoado daquele q se fazia seu dono, ela se permitiu escrava de um prazer intenso e coletivo.

Afinal conseguira seu objetivo. Sentia o membro rijo esmiuçar suas nádegas, fazendo sua alma vibrar de um jeito escarlate. Sorriu timidamente. Talvez tentando disfarçar um prazer cada vez mais vizível. Por dentro sentia o assanhado instinto percorrer cada milímetro de suas entranhas explodindo naquele ponto de fusão.


Cada quadro deixa um rastro de tinta pelos caminhos q cada um faz e passa. Passa e fica. O q nos faz usar óculos escuros, para não enxergar ou suportar a claridade. Nem sempre o q se quer ocorre de modo adequado. Mtas vezes fode com igual intensidade ao desejo correlato. A luz e a penumbra são siamesas q norteiam o equilíbrio e a medida do espaço de cada fato. Em meio a tantos vícios, harecristus, arghbispos e fetiches a sonhar com rumbas. Batemos tambores e entoamos louvores relembrando mutantes macumbas.

Após o prolongado espasmo de seu último suspiro, sem olhar para os lados ela pediu parada. Enquanto se recuperava, ainda sentindo ligeiros tremores, arrastou seu corpo pelos transeuntes com ares moribundos, q se aglomeravam inquietos a sua volta. Alguns, tomados pelo desespero de um último alento, a todo custo tentavam encontrar algum resquício de brilho em seus olhos. Em vão. Pois, como convinham agora eles se mantinham cabisbaixos, respirando a própria vergonha em um semblante cabisbaixo.

Nada mal, diria Dorival em seu berço de vime. Cada qual sabe o modus de satisfazer o q pensa ser sua absoluta bondade divina, até q a vida vem e desnuda o brilho nos olhos da menina. E o insano faz planos, despertando luas de ocultas faces. Contudo, anterior a tdo existe o mundo e o vasto submundo. Resiste o quebra-cabeça e uma verdade q todo mundo sabe, é única e cabe no interior de cada um.

Qdo o ônibus enfim parou, ela saltou deixando para trás um coletivo boquiaberto sem adjetivos. Ninguém percebeu seu sorriso ao dobrar a esquina. Ajeitou seu vestido um tanto amassado, ainda sentindo o mormaço na calcinha completamente encharcada. Respirou fundo e seguiu em frente sem olhar para trás.

Mas uma vez voltava para casa e a sina de se vestir de Alice em um país sem tantas maravilhas, mas q ajudava disfarçar a monotonia de uma realidade seca e sem alma.

Quem segue em seu jeito e faz o q lhe é direito, sabe mto bem q não há outro jeito e nem jeito q dê jeito...