terça-feira, 31 de julho de 2012

Made in china...



Em moderato, um tanto parco, o pensamento ensaia uma canção e, passo a passo, sobre o passeio sai em seu encalço. Na esquina passa a vista nos jornais e revistas. Lê nas meias verdades vestígios de um poema grudado no corpo made in china.

Sem querer dançar na chuva entra no cinema sem lanterna. Lá dentro duas pernas desconversam desconexas. Vagarosamente replica e se enfia entre o dito e o não dito.

Na tela a atriz, solta em gemidos, enlouquece o diretor e a plateia. No ato, o ator adentra o quadro, de cara lavada, peito aberto e pau erguido.

Por um momento o silencio. No seguinte, por conseguinte, um ruidoso agito explode cada um em seu grito. Na coxia, entre fileiras, a atriz já nem lembra seu texto. Com efeito, como pretexto, esquece até quem era. Pudera, entre tantos cacos, ela, enfim, se encontrava diva.

Naquela noite e durante todos os outros dias, ela mudava o roteiro e mantinha o espetáculo, os aplausos e afagos. Com gestos suaves dividia su'alma entre as cortinas.