quinta-feira, 16 de abril de 2015

O ponto cego de Lupicínio...



Se acaso ele enxergasse além dos bordados, além do jeito ensaiado de beijar na boca, perceberia as horas em q ela, vestida de louca, sai farejando meus rastros.

Se acaso ele sonhasse q depois de molhar os lençóis com o perfume de sua vagina, deixando seu amor  adormecido em um céu de estrelas, ela vai ao inferno a procura do q lhe seduz.

Amor mantido na cruz. Amor circense assentado à margem direita do lago plácido, a contemplar com inquieto apreço o tentador desassossego do pântano.

Na intimidade o amor se revela impublicável...
Quando seu amor enciumado ameaçou lhe bater, ela reagiu. Sentiu raiva. Sentiu dor. Sua mão não tinha formato das mãos de seu capitão do mato; não fazia su’alma ascender em labaredas na fogueira, nem lhe fazer submissa às suas vontades beiradeiras. Nem ao menos sabia fazer fluir sua natureza transgressora. 

Apesar de simplória a prosa do Osório não é notória aos olhos distintos do público...

Longe dos olhos o amor rasteja no chão impregnado pelo cheiro de sargaço. 

Mas como em nome do amor se faz juras, em nome dele ninguém esquece o caminho da volta. Assim q a noite ia embora na fumaça no trem q sumia nas colinas, ela adormecia outra vez com seu doce sorriso de menina.

E, mesmo q as cortinas abertas e cheiro de sua vagina denunciassem a noite passada em claro, seu amor, ainda mais cego de amor, a acordava com versos e um ramalhete, escolhidos e colhido nas primeiras horas da manhã.

Se acaso ela falasse, quem sabe ele cuidasse com a mesma alegria e ingenuidade dos caminhos de seu bosque em flor.

Quem sabe fosse tdo o q sempre sonhou...










Lupicínio Rodrigues, cantor e compositor gaúcho, autor da página músicas “se acaso você chegasse”.