quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

A dama e o vagabundo...




Sou cão vadio, cria das ruas. Talhado em aventuras
viro a noite na escuridão do dia, desenhando fadas
na mesa onde lambo larvas na tua vulva compulsiva.

Sem temer a fúria anônima escondida em cortinas
Engulo o vômito de palavras sujas, de juras e injúrias,
lavradas em atas, nas penumbras de baixo calão.

Sou câncer sem cura. Preamar sem descanso
a atormentar e perfurar tuas certezas. Em armaduras
sais à minha procura, pelas ruas, sem saída.

Na hora dos anjos demônios não usam disfarces...

Anonimamente alimento tua carne mais impura
exibida na barra da saia erguida, pronta para voar
no mel deste amor feito de fel. Infielmente teu.





Preamar é um substantivo feminino. O rompante e a altura da preamar variam de dia para dia, de lugar para lugar, consoante indeterminados fatores.