segunda-feira, 14 de março de 2016

o capô do capo...



Decidida desceu do salto, despiu-se dos finos trajes e subiu no capô do carro com curiosa permissão do capo.

No capô reviu a vida sem a sutileza dos finos tratos.

Sem admitir apartes deitou e rolou e se atirou.
Capotou com a chuva a lhe molhar as partes com frases íntimas.

Transbordou... Transmutou...
Floriu... Refloriu... Desfrutou bem mais q supunha,
Quando deu cabo do capo na punha, sorriu.

- Puta q pariu! Mesmo q esse mundo pare, tão cedo quero descer! Sussurrou...

Ao cabo de tudo o capo nada falou. Enfim seu amor se deu como quis e bem estendeu.
Coube ao capo se ater à natureza silenciosa do hiato entre o se doar e o doer.

...

Depois do longo suspiro, outra vez no aconchego do carro, agradecida, beijou as mãos do capo.

Com bons modos repousou a cabeça em seu colo. Do mesmo modo retomaram-se nos moldes de seus acordes iniciais. Ela sensivelmente mais bela, quase adormecida, quase esquecida do q ficaria para trás. Ele, ao dar partida no carro, viu a vida seguir seu curso habitual. Até o próximo farol nada anormal.

Ela adormeceu tranquila. Desta vez sem se valer da tequila. Sabia q aquilo q a noite apagasse seus sonhos embalariam, e o dia seguinte reescreveria com a saliente anuência de seu adorável capo.

...