Quando o tempo adentrou a intimidade do quarto lhe encontrou adormecida sobre lastros mantidos à custa de lágrimas q no próprio tempo tratou de enxugar.
Vontade era desejo intocável. Verdade guardada em sigilo no invisível cárcere dos amores falidos.
Quando o tempo adentrou no silêncio do quarto percebeu o cansaço de tanta solidão. Percebeu mas permaneceu em silêncio.
Sem se dar conta o tempo passou...
Sem se dar conta o tempo passou...
Com o tempo veio o vento soprando indecências debaixo das cobertas. Sonâmbula olhou o tempo. Ainda q o respeitasse soltou sua mão ao sentir frescor no vento.
O q o tempo tinha de traiçoeiro tinha o vento de aventureiro...
Quebrando o silêncio tocou seu corpo. Um tanto malemolente deixou as coxas à descoberta, à espera da próxima rajada do vento.
Não tinha noção do q era, nem do q havia à sua espera.Ainda assim, ainda q do amor vivesse o emaranhado, experimentou seu amor mais profano e desbocado.
Ciente de q nada escapa às mãos do tempo, teve o discernimento de deixar em aberto o basculante da janela no quarto.
Assim, com o passear do tempo, ao soprar pelas frestas, o vento poderia tocar seu corpo, possuir outra vez su’alma...
Montagem sobre foto de Elena Pezzetta, do ensaio “belos desastres".