Recital em cordas. Corpo q se toca em outro diapasão. Alma q se entrega não nega. Fecha os olhos à vara de um violoncelo q se esfrega cego de paixão. Submissa voz aveludada, contorcida em árias compostas a quatro mãos.
Na revolução dos sentidos visões de um paraíso em livre decomposição. Desfiada na carne rija, a pele em vibrato dita à medida inexata da imprevisível percepção.
Viés virtuoso de um barroco amor barato. Prazer desregrado, livre de pecados, debulhado em versos e tantas outras provocações. Virtudes q se exaltam. Atributo q se encaixa na boca macia de gueixa. Olhos arregalados, sem queixas, degustam sua extrema unção.
Amor incolor. Mistura de prazer e dor. Amor coberto de defeitos. Algoz de si mesmo. Amor refeito em um mar de cordas, para espanto de maragatos e chimangos.
Acorrentada às tragédias, só dava trégua qdo su’alma refestelada dançava um tango..
Maragato: nome dado aos sulistas que iniciaram a Revolução Federalista
no Rio Grande do Sul em 1893, em protesto a política exercida pelo governo
federal, representada na província por Julio de Castilhos. Os maragatos eram
identificados pelo uso de um lenço vermelho no pescoço.
Chimango: termo depreciativo dado aos governistas do PRR. Os chimangos eram identificados
pelo lenço branco.