sexta-feira, 30 de novembro de 2012
Narciso...
Pensava em suicídio qdo viu sua imagem invertida no lago.
No mesmo instante, um tanto impreciso,
Fez o q parecia impossível: abriu um largo sorriso.
Sem pressa tirou as roupas e se atirou...
Fez o q era preciso.
terça-feira, 27 de novembro de 2012
Aeternam dona eis...
Um dia partiu gêmea do filho q pariu para fugir de casa. No dia seguinte, por conseguinte, mal teve tempo de enxugar as lágrimas nas fraldas estendidas na cortina do banheiro.
Sem saída chegou a aventar nova fuga. Ideia abortada na porta de saída de um conjugado alugado, por onde entrara com seu novo patrão.
Assim o tempo passou igual aos passarinhos q antes cantavam em sua janela. Somente ela não conseguia sair do lugar. Assim os dias insurgiam em uma rotina de vida passada e repassada na tábua de passar.
Sem saber como conter tanta fúria com a palma das mãos, viu sua angústia emudecida diluir-se no tanque onde umedecia as partes mais íntimas de sua solidão.
No terceiro dia conheceu o inferno. Mesmo dia em q seu filho subiu aos céus com as ‘roupas sujas’ empurradas com a barriga.
Do quarto olhou o dia amanhecer sem oferecer mais resistência. Não mais reclamou do tempo, nem da falta de sonhos dos antigos juramentos. Em silêncio prosseguiu o réquiem de uma vida deixada para traz, bem lá atrás.
Nos retiros espirituais sentia o lampejo de tiros dados no escuro. Há quem diga q chegava a ouvir os pontos iniciais de uma desafinada canção de ninar...
Aeternam dona eis - ‘Dai-lhes o repouso eterno’. Frase em latim q inicia 'o ofício dos mortos' na liturgia católica.
Montagem feita a partir do quadro ‘retrato de Suzanne Valadon’, de Toulouse-Lautrec.
Suzanne Valadon (1867-1938), nome artístico de Marie-Clémentine Valade, pintora francesa pós-impressionista de personalidade marcante no cenário artístico parisiense no período pré-cubismo. Qdo jovem foi garçonete nos cafés e acrobata, abandonando o circo para trabalhar como modelo de Renoir e Toulouse-Lautrec.
Iniciou-se na pintura e desenho sob proteção de Edgar Degas, tornando-se a primeira mulher admitida na Société Nationale des Beaux-Arts.
No final do texto um leve sobrevoo no vagão sonoro dos ‘retiros espirituais, de Gilberto Gil.
domingo, 18 de novembro de 2012
Mambo, jambos e escambo...
Cedo ou tarde cedo a sede e balanço a rede. Quem sabe ela cai nos meus braços...
Não importa se a paisagem é um mosaico de colagens ou pintada em aquarela. Longe da tela a atriz sempre se mostra mais bela. Sem maquiagem a emoção salta aos olhos e eu embarco na sua melhor personagem.
Caramba, como rebola!
Sem demora abro as cortinas e faço jazz nas suculentas carambolas. Tomado de feitiço liquidifico a dor no apalpar das castanholas. Se o mundo não pára saio no encalço e a enlaço. De bate pronto danço um mambo, saboreando jambos, preso ao seu corpo.
Puro escambo...
Não importa se a paisagem é um mosaico de colagens ou pintada em aquarela. Longe da tela a atriz sempre se mostra mais bela. Sem maquiagem a emoção salta aos olhos e eu embarco na sua melhor personagem.
Caramba, como rebola!
Sem demora abro as cortinas e faço jazz nas suculentas carambolas. Tomado de feitiço liquidifico a dor no apalpar das castanholas. Se o mundo não pára saio no encalço e a enlaço. De bate pronto danço um mambo, saboreando jambos, preso ao seu corpo.
Puro escambo...
Beco Buñuel... Bedel Babilônia...
A noite vigiava seus passos. Durante o dia dormia em sonhos assanhados. Seu deus era fêmea e a mãe natureza androide. Por osmose o asteroide sacodia a tribo, deixando aflitos os periquitos e de molho os bigodes. Quem não os tinha se vestia de grife e sacudia do jeito q podia no passo da república.
No soneto da madrugada a menina nada pudica destilava o veneno nas bandeiras desfraldadas.
Com a alma endurecida na pedra e a boca anestesiada o marginal contorna o recheio das calças e encosta o berro no ouvido.
A idade medra no deslizamento de terra na região serrana. O ministro quebra o protocolo e reclama, mas não abre os próprios olhos. Tdo continua soterrado como ‘dante’. Assim como o 'brazil', o 'rio de janeiro' continua lindo. É só não deixar o rabo preso na inauguração.
Não é de estranhar ligar a TV e ver maluf sorrindo. Tantos outros, vermelhos de vergonha, continuam mentindo. Colo de cargo e o apoio de abraços são afrodisíacos. Petraeus q o diga...
Com a alma endurecida na pedra e a boca anestesiada o marginal contorna o recheio das calças e encosta o berro no ouvido.
A idade medra no deslizamento de terra na região serrana. O ministro quebra o protocolo e reclama, mas não abre os próprios olhos. Tdo continua soterrado como ‘dante’. Assim como o 'brazil', o 'rio de janeiro' continua lindo. É só não deixar o rabo preso na inauguração.
Não é de estranhar ligar a TV e ver maluf sorrindo. Tantos outros, vermelhos de vergonha, continuam mentindo. Colo de cargo e o apoio de abraços são afrodisíacos. Petraeus q o diga...
As paredes dos presídios apertam tanto q desabam na população de teto baixo. Na agonia a demagogia soa como impropério. Na dúvida o passageiro salta do ônibus antes do ponto final. Não faz mal. Na próxima eleição começa tdo outra vez. Culpa de vocês.
Milton pergunta a Chico pq a enceradeira não sai do lugar? O q será q será, q dá qdo não deveria...
Depois de uns dias de chuva abro a janela do quarto de hotel para ver Quintana passar. Mas o q ouço é João, o Gilberto, cantar quão triste é viver na solidão de nossos ideais.
Luis Buñuel (1900 - 1983) foi um cineasta espanhol, nacionalizado mexicano. Trabalhou com Salvador Dalí, de quem sofreu forte influência. A obra cinematográfica de Buñuel, aclamada pela crítica, sempre foi controversa e esteve cercada por uma aura de escândalo.
domingo, 11 de novembro de 2012
Ratos de prontidão...
Viver é função de múltipla escolha. Matemática sem fórmula precisa.
Coisa q nenhuma ciência explica e a natureza humana faz questão de complicar.
Na dúvida é bom saber onde se largou o guarda-chuva. Por vias de dúvidas tenha à mão o saca-rolha.
Coisa q nenhuma ciência explica e a natureza humana faz questão de complicar.
Na dúvida é bom saber onde se largou o guarda-chuva. Por vias de dúvidas tenha à mão o saca-rolha.
Por princípio o verbo nunca é o q parece.
Se a carola estica a prece, o vigário coça a ponta do nariz.
Ainda q as estatísticas demonstrem eficiência,
o inconsciente desmente.
E o q é mais surpreendente, foge da consciência.
De cabeça erguida o povo aplaude a própria desgraça sem saber o pq.
Se a carola estica a prece, o vigário coça a ponta do nariz.
Ainda q as estatísticas demonstrem eficiência,
o inconsciente desmente.
E o q é mais surpreendente, foge da consciência.
De cabeça erguida o povo aplaude a própria desgraça sem saber o pq.
- É versão inexata descrita no imaginário. Todo compêndio tem seus glossários e um rosário de lamentações. Frisou o companheiro ao desconfiado trovador.
Na alvorada cotas da base aliada fazem frente ao bom juiz. Infeliz... Ou anda com escolta armada. Ou faz como o corrupião, q apesar dos planos, durante o voo é q escolhe a melhor direção a seguir.
Enquanto Ben Jor preocupava-se com os alquimistas, os anarquistas entravam na lista, os socialistas subiam e desciam escadas com o charuto no bolso e um voucher na mão.
Está cada vez mais difícil se saber a verdadeira identidade do nosso ladrão.
Está cada vez mais difícil se saber a verdadeira identidade do nosso ladrão.
C’est la vie, meu irmão...
“Em todos os tempos se quis “melhorar” os homens: é isso que, antes de tudo, foi chamada moral. Mas sob esta mesma palavra “moral” se ocultam as tendências mais diversas. A domesticação do animal humano, bem como a criação de uma espécie determinada de homens... Chamar “melhoramento” a domesticação de um animal soa a nossos ouvidos quase como uma brincadeira. Quem sabe o que acontece nos estábulos, duvida muito que o animal seja neles “melhorado”. É debilitado, é tornado menos perigoso, pelo sentimento depressivo do medo, pela dor e pelas feridas se faz dele um animal doente. E torna-lo doente é o único meio de enfraquecê-lo.” Trecho de ‘Crepúsculo dos Ídolos’, de Friedrich Nietzsche.
O Corrupião é uma ave encontrada na caatinga e zonas áridas do Brasil. Tbém conhecido como concriz, joão-pinto e sofrê.
Friedrich Nietzsche foi um influente filósofo alemão do século XIX. Para ele não existia vida média, entre aceitação da vida e renúncia. Para salvá-la era necessário arrancar-lhe as máscaras e reconhecê-la tal como é: não para sofrê-la ou aceitá-la com resignação, mas para restituir-lhe o seu ritmo e júbilo.
Montagem feita sobre fotografia de Gilson Camargo
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Conto sucinto... Tatu sem tato...
Fazia um belo dia de sol na selva.
Um tanto taciturno o tatu-bola encontrou o tatu-canastra carregando nas costas um monte de despachos.
Um tanto taciturno o tatu-bola encontrou o tatu-canastra carregando nas costas um monte de despachos.
- Bom dia, tatu! Tá tudo bem?
- Tá nada tatu. Tá tudo errado...
Antes q houvesse quórum coçaram as cabeças e correram, cada um para seu respectivo buraco.
No ato.
Quer dizer, no mato..
No ato.
Quer dizer, no mato..
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
Quarto minguante... Espelho da lua...
No quarto em silêncio esmurrou o escuro. No quarto murro derrubou o muro. No mesmo instante o grito solto na garganta fez eco no céu da boca. Entrementes o quarto da lua minguante a boca salivou de um jeito irreverente. Com seu habitual ‘modus operandi’ seguiu mastigando a vida sem saber o q viria pela frente.
Ninguém sabe de nada nesta prosaica Era de extrábicos e sabidos. O engraçado é q até hoje fora todo ouvidos. Só se sentiu menos patético qdo parou de duvidar das insanas avalanches não identificadas e das baboseiras virais.
Como diria Clóvis Bornai, retirando a fantasia após um desfile no carnaval: “ai, meus sais”. Na ignorância sintética de hoje em dia ninguém diria nada. Digitar-se-ia simplesmente...“ui”.
Por precaução apertou ainda mais o laço na cintura e, na cara dura, amarrou a noite escura com um nó cego de amor. Fechou a porta sem se dar conta q apenas as algemas presas no espelho da cama refletiam a luz do luar...
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
Ela...
O q tinha de bela era a paisagem do olhar em tons de aquarela. O q tinha de leve flutuava no bailado flutuante da saia. Nos adornos dos contornos, na saliência dos entornos, q sempre iam além do q se poderia imaginar.
Assim como era lindo seu rosto sorrindo. Sentir su'alma projetada nas malas recheadas de figurinos. Personagens tecidos com ternura plissados nos vestidos. Lembranças da infância guardadas com o esmero de um passar de mãos no travesseiro, apenas para sentir seu cheiro antes de dormir.
O q existia de belo não eram gestos, cortejo dos afetos ou inesperados beijos vestais. O q tinha realmente de belo era poesia q não cabia em nenhum ponto final. Era ela, afinal...
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