Custei a entender. As notas passavam aceleradas. Cada uma com a intensidade de um vendaval. Lembro de só ter experimentado sensação igual na fronteira do centro-oeste, qdo, pela primeira vez, na estrada q me levava à chapada dos Guimarães fui surpreendido pela aproximação de um tufão. Naturalmente a íris de meus olhos arregalados paralisaram. Naquele momento senti na pele a tradução do pleno êxtase. Sem condições de esboçar qq reação me entreguei, por inteiro, a grandiosidade de um espetáculo q a natureza me proporcionava viver.
Agora estava a senti-la mais uma vez. Calambre. Espasmo súbito involuntário. Estado inesperado e letal do universo em estado de graça. O aspecto físico mais amplo da emoção, a constatar a ignorância da razão sem razão.
Logo nos primeiros acordes um soluço entrecortado me encobriu o olhar, abrindo, ao mesmo tempo as comportas da ilusão. O compasso de um estranho movimento ondular de um arco cortava o espaço e a respiração, extraindo notas disformes e incompreensíveis do nada. E o q antes parecia nada se encheu de prazer e, como da outra, sem nada poder fazer, como um carlito em meu próprio cinema mudo vi minh’alma ser arrasta pelo corpo; e eu, por inteiro ser levado pelas correntezas, até despencar do alto de uma cachoeira estranhamente silenciosa.
Cor sem cor de uma emoção sem forma. Dor anestesiada em cada pedaço de meu coração entregue. Qto mais me afogava, mais via meu mundo emergir.
Não me perguntem como e nem tentem compreender os motivos do q me fez perder a noção de todos os meus sentidos. Nem sempre encontro a razão q me faz guardar um feto q a tempos jaz sem paz. Qdo penso q me esqueço vejo o objeto disperso na linha de um horizonte inconstante e encoberto pela neblina.
Assim sigo "adelante" por essa estrada cada vez mais e mais inebriante. Caminhos q me levam cada vez mais distante e, ao mesmo tempo, me aproxima de mim. Por alguns instantes respiro sob o efeito da calambre. Nada há q se assemelhe ou possa parecer igual. Mesmo sem saber para onde a onda me leva, não lamento o q não compreendo e nem o tempo em q me sinto perdido. A espera de encontrá-la está sempre em qq lugar dentro de mim. Não sei qdo vou parar. Apenas vou! Aonde? Por onde?
Cuando yo puse mis pies en la tierra vengo a decirte...
A maestrina adverte: Faça a vida valer a pena! Pelo menos uma vez por semana ouça "calambre", de Astor Piazzolla...
Agora estava a senti-la mais uma vez. Calambre. Espasmo súbito involuntário. Estado inesperado e letal do universo em estado de graça. O aspecto físico mais amplo da emoção, a constatar a ignorância da razão sem razão.
Logo nos primeiros acordes um soluço entrecortado me encobriu o olhar, abrindo, ao mesmo tempo as comportas da ilusão. O compasso de um estranho movimento ondular de um arco cortava o espaço e a respiração, extraindo notas disformes e incompreensíveis do nada. E o q antes parecia nada se encheu de prazer e, como da outra, sem nada poder fazer, como um carlito em meu próprio cinema mudo vi minh’alma ser arrasta pelo corpo; e eu, por inteiro ser levado pelas correntezas, até despencar do alto de uma cachoeira estranhamente silenciosa.
Cor sem cor de uma emoção sem forma. Dor anestesiada em cada pedaço de meu coração entregue. Qto mais me afogava, mais via meu mundo emergir.
Não me perguntem como e nem tentem compreender os motivos do q me fez perder a noção de todos os meus sentidos. Nem sempre encontro a razão q me faz guardar um feto q a tempos jaz sem paz. Qdo penso q me esqueço vejo o objeto disperso na linha de um horizonte inconstante e encoberto pela neblina.
Assim sigo "adelante" por essa estrada cada vez mais e mais inebriante. Caminhos q me levam cada vez mais distante e, ao mesmo tempo, me aproxima de mim. Por alguns instantes respiro sob o efeito da calambre. Nada há q se assemelhe ou possa parecer igual. Mesmo sem saber para onde a onda me leva, não lamento o q não compreendo e nem o tempo em q me sinto perdido. A espera de encontrá-la está sempre em qq lugar dentro de mim. Não sei qdo vou parar. Apenas vou! Aonde? Por onde?
Cuando yo puse mis pies en la tierra vengo a decirte...
A maestrina adverte: Faça a vida valer a pena! Pelo menos uma vez por semana ouça "calambre", de Astor Piazzolla...