Antes de adormecer releio a escrita com curiosa expectativa de precisar sob qual prisma se inicia o enigma da explosão; em qual fonte bebe o rompante; que transcorre no inconsciente do feto no instante de a bolha arrebentar.
Alto lá! Alerta a percepção. Se o estigma da escrevente é, por essência, reconstituir a emoção em sua desconhecida razão; pquê, então, o leitor julga se apoderar da escrita? Quando, por desgraça, a graça de toda metáfora é, justamente, ser indefinida.
A poética socializa, mas subverte faces encobertas.
Nem tudo exige explicação. Tudo tem sua razão. Culpa nunca foi desculpa. Automutilação é uma forma de negar a aceitação da interrogação pós-inserção no cordão. Do uno dá-se o duo. Do abrigo ao desconhecido revive-se o rito e o conflito.
A linha transversa q costura a vagina ensanguentada reata e realinha laços de amor e dor. O choro aflito recém-nascido é seu único grito de sobrevivência...
Montagem a partir da obra “Leda and the Swan”, do pintor francês François Boucher