Andar pouco elevado, como manda o recato. Olhar substantivo, um tanto subjetivo.
Se viver fosse preciso, entre dois andares haveria o imprevisível pronto a lhe estender a mão.
No alto, espalhado entre janelas, retratos imprecisos da vida. Sem dar na vista folheava revistas deixadas no porão. Um tanto julieta ruía no balcão.
Vestida de uma melancolia engomada pelas mãos de fada da invisível mucama - sempre a lhe fazer companhia nas sessões de terapia - demonstrava plácida leveza ao se expressar.
Apoiado na prima consanguínea da etiqueta, irmã gêmea da filosofia, o olhar, a revelia da poesia, não imprimia a cadência nem a sinfonia adequada capaz de relaxar.
Por isso nunca se revelara. Nem antes nem no depois, qdo fez pose para a fotografia. Nem mesmo qdo sozinha degustava o ar como gostaria.
Sonhava com cheiros no lago. Folhagens meladas de barro grudadas no corpo. Alma e pernas estendidas redescobria-se presa às correntes mantidas em segredo.
Longe do olhar rendia-se de tal maneira aos desejos, q, mesmo o mais colorido dos filtros não saberia realçar.
Aos poucos o olhar maroto deixava de pedir socorro. Como sempre, como em tantas vezes loucas, resolvia-se ao voar.
No dia seguinte, um punhado de lembranças misturado às remelas encobria outra vez o olhar.
Sobre a mesa o vinho derramado.
No colchão o pensamento avoado, ainda a passear pelo mezanino...
No colchão o pensamento avoado, ainda a passear pelo mezanino...